Essa semana jornais publicaram um anúncio pago sobre o "tratamento precoce". A história você já conhece:
"Não podemos ficar de braços cruzados enquanto pacientes estão morrendo. Precisamos tratá-los já"
Vamos conversar sobre tratamento precoce, medicina heroica e Dom Quixote?
Em 1860, o médico Oliver Holmes afirmou: “Se toda a matéria médica, como hoje é empregada, fosse afogada no fundo do mar, seria muito melhor para a humanidade – e muito pior para os peixes”.
Uma clara insatisfação à medicina como era praticada naquela época.
A assistência médica era baseada em práticas agressivas e sem comprovação. Essa fase foi denominada de "medicina heroica". A princípio pela bravura do médico tentando salvar vidas, mas onde ironicamente o herói era o paciente que sobrevivia ao tratamento e à iatrogenia...
Pacientes precisavam suportar sangrias, purgações intestinais, vômitos. Doses de mercúrio e arsênico. E por que isso era feito?
Médicos e profissionais de saúde não encontravam permissão moral para não agir diante do sofrimento humano.
Mas, ao agir, causavam mais mal do que bem
Dizer que sem o "tratamento precoce" estamos "de braços cruzados" é um desrespeito aos profissionais que estão agindo, desde a produção das vacinas, até o suporte de vida dos pacientes. Não incluir nisso tratamentos sem eficácia, é apenas uma forma de não repetir erros do passado
Isso me faz lembrar de um dos primeiros manifestos sobre tratamento precoce do ano passado. No qual médicos se compararam a Dom Quixote para enfrentar o "Dragão Covidiano".
Aqui de fato me vejo obrigado a concordar com a excelente analogia...
Afinal de contas, Dom Quixote representa exatamente a crítica a um heroísmo antiquado, anacrônico ao seu próprio tempo. Não há espaço para cavaleiro medieval, na idade moderna.
Quando esse espaço é aberto, lutamos contra moinhos de vento, pensando que são dragões.
Não podemos, à semelhança de Dom Quixote, abrir mão da razão devido à leitura de "romances de cavalaria"
Ao contrário, precisamos continuar nos pautando nas evidências sólidas do mundo real. Caso contrário, ao usarmos armas quixotescas, seremos derrubados pelas pás desse moinho
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"Eu não acredito na evolução, porque a Teoria da Evolução é SÓ uma teoria..."
Já passou da hora de entendermos a diferença entre o uso coloquial e o uso científico da palavra "Teoria".
Segue o fio de hoje...
Em debates da internet é muito comum ouvir esse tipo de frase, em especial de pessoas que negam algum aspecto científico.
Isso acontece em (falsos) debates sobre a "Teoria da evolução por seleção natural", a "Teoria da Relatividade" e até mesmo na "Teoria Heliocêntrica"
Na linguagem popular, "teoria" acaba sendo entendida como um conhecimento especulativo, de caráter hipotético. Em alguns casos, representa um conjunto sistemático de opiniões e ideias sobre um dado tema.
"Minha teoria é a de que o time de futebol X vai subir de série esse ano."
"Você pode argumentar o quanto quiser. Mas se a natureza (mundo físico) não concordar com você, você está errado."
Essa frase do Neil DeGrasse Tyson mostra a importância do método científico para diferenciar "verdades objetivas" de "verdades pessoais" (subjetivas)
Segue o fio.
"Você pode continuar acreditando no que quiser enquanto verdade pessoal" - ele continua - "mas a sua crença não faz com que isso se torne uma verdade objetiva."
Para estabelecer verdades objetivas precisamos testar ideias, usando o método científico.
Veja o exemplo do Neil:
Situação corriqueira: 1. Observação: Meu carro não liga. 2. Pergunta: A bateria descarregou? 3. Hipótese: Se a bateria descarregou, se eu carregá-la o carro vai ligar. 4. Experimento: Carrega-se a bateria 5. Resultado: O carro ligou 6. Conclusão: A bateria estava descarregada.
Hoje quero convidar vocês a valorizarem um dos mais importantes instrumentos de justiça social já produzido no Brasil: o Sistema Único de Saúde.
Mesmo em meio a crises e a seu constante subfinanciamento, o maior sistema de saúde do mundo promove inclusão social e contribui com o aumento da longevidade e qualidade de vida da população, beneficiando a todos, mesmo aqueles que acreditam nunca terem usufruído de seus serviços
Em meio a pandemia, devemos lembrar que fazem parte do SUS os centros e "postos" de saúde, hospitais, laboratórios, hemocentros, bancos de sangue, além de institutos de pesquisa como a Fundação Oswaldo Cruz. E isso é só a ponta do Iceberg. Você vai ser vacinado graças ao SUS.
O Coronavírus está no ar - há muito foco nas superfícies. Infectar-se pelo coronavírus a partir das superfícies é raro. A Organização Mundial da Saúde e as agências nacionais de saúde pública precisam esclarecer seus conselhos.
Este é o início do editorial da Nature do dia 02/02
Antes que alguém venha dizer que eu estou sendo irresponsável e falando que não precisa mais usar álcool em gel ou desinfetar superfícies, deixa eu esclarecer o que diz o editorial:
- É plausível que pessoas se contaminem por superfícies, mas o risco real é a contaminação PELO AR
E por que é importante falarmos sobre isso?
Porque vejo muita gente altamente preocupada em ficar limpando tudo, passando álcool o dia todo e não usando corretamente a máscara, não mantendo distanciamento e não ventilando adequadamente os ambientes.
Hoje fui fazer alguns ajustes ergonômicos na minha bike, com o @CarlosPitrosky . Enquanto o Carlos fazia as diversas medidas antropométricas, as medidas na bike e observava as angulações da minha postura e movimentos, pensei em como isso se relacionava com as vacinas pra COVID-19
- Tá maluco, André?
Na verdade, me veio à cabeça que a ciência é de fato algo para ser usada no dia a dia. Na minha cabeça de ciclista iniciante, pra pedalar bastaria apenas subir em uma boa bicicleta com freios em dia e pneu calibrado.
Mas após observar um pouco da biodinâmica envolvida em tudo isso, foi possível entender por que meu joelho e meus pulsos doíam. Os ajustes deixaram a bike bem mais confortável e com melhor rendimento.