No Espírito Santo (ES), adotamos uma Matriz de Risco com medidas qualificadas ao grau de risco aplicado aos município. Na saúde valorizamos o SUS, mobilizamos a APS, ampliamos leitos, testamos amplamente e incorporamos tecnologias e estimulamos a transparência.
Não negamos a pandemia, nem a ciência, não praticamos charlatanismo com tratamentos irresponsáveis e que não funcionam. Em nenhum momento colapsamos. Nos prepararmos para situações críticas. A cada ciclo da pandemia desenhamos diversos cenários possíveis e nos preparamos.
O governador @Casagrande_ES viveu a pandemia no corpo e na família, liderou o Estado e coesionou as instituições, dialogou com a sociedade. Com autoridade e empatia, semanalmente, comunicou e determinou as medidas de fortalecimento do SUS.
Em dezembro de 2020, analisamos e previmos um cenário crítico. Naquele momento, decidimos uma nova fase da estratégia “Leitos para Todos”, com meta de 900 leitos de UTI-COVID19 até abril/21. Administramos a segunda expansão da doença sem colapso, com garantia de acesso ao SUS.
Neste momento, no ES, vivemos uma queda do nº de casos, uma estabilização das internações e dos óbitos pela COVID-19. Previmos que, pela sazonalidade das doenças respiratórias no ES, em mar/abr uma nova fase de aceleração poderia ocorrer. A terceira onda da doença foi anunciada.
O custo humano da gestão da pandemia no Brasil não terá precedentes em guerras, em crises econômicas anteriores ou em comparação a qualquer outra doença. Com a ajuda da negação, o SARS-COV-2 matou e matará mais do qualquer outra crise.
Desde o início da pandemia, afirmamos que a tese da imunidade de rebanho seria insana. A segunda expansão da doença no Brasil, ocorrida a partir de outubro, confirmou-se com a asfixia do povo amazonense - palco do pior cenário que o Brasil vive.
A circulação de novas cepas do coronavírus não responde plenamente ao comportamento das novas “ondas”. O SARS-COV-2 “originário” tem comportamento conhecido e grande consenso sobre formas de transmissão e prevenção.
O aumento das interações sociais, o relaxamento do uso das máscaras, a aposta no charlatanismo medicamentoso, a ampla difusão do negacionismo levaram à exposição de suscetíveis e a frequência maior de segunda infeção nos doentes da primeira expansão da doença no mundo.
A condução das medidas efetivas para combater uma pandemia não se restringe a portarias e decretos de gestores. É necessário alto grau de coesão social, institucional e científico e de medidas econômicas concretas por parte da União.
A coesão social está grandemente determinada pelas ideias hegemônicas de uma época. A tripla fragmentação (direita/moderados/esquerda) ideológica/política da sociedade reduz a capacidade de união nacional. A responsabilidade desse fenômeno é das instituições e líderes políticos.
Vivemos a iminência de um colapso nacional e o cenário manauara já começa a repetir-se em todas as regiões, simultaneamente: neste sábado 27/02/21, 22 estados do Brasil em situação de colapso ou pré-colapso.
Medidas isoladas estão sendo tomadas. A possibilidade de que respostas parciais e isoladas não respondam adequadamente à dimensão nacional do problema é grande.
No dia 05/05/20, em coletiva de imprensa, afirmei que "seria uma ingenuidade sanitária, intelectual e política acreditar que se o país colapsar nós não colapsaremos. O Espírito Santo não é uma ilha."
"Ainda que toda a nossa estratégia de enfrentamento esteja acertada, se o conjunto estratégico do país não tiver um novo rumo, apontar um novo caminho, e o país colapsar, o ES pode colapsar junto! Estamos entre o Sudeste e o Nordeste, regiões com maior número de casos."
Nunca estivemos tão próximos de viver esse momento tão crítico. Salvar o país representará salvar o Espírito Santo. "Um por um" ou "cada um por si" será difícil suportar o colapso nacional.
Thread by @dr_nesio: No Espírito Santo (ES), adotamos uma Matriz de Risco com medidas qualificadas ao grau de risco aplicado aos município. Na saúde valorizamos o SUS, mobilizamos a APS, ampliamos leitos, testamos ...… threadreaderapp.com/thread/1365704…
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
Aqui uma análise do comportamento da segunda expansão da pandemia no Espírito Santo (ES) e dos cenários possíveis para o próximo período.
Durante a primeira onda, a Grande Vitória (GV) teve comportamento antecipado de casos, internações e óbitos em relação ao interior.
Até o presente momento a segunda expansão da pandemia no ES foi caracterizada por aumento de casos, internações e óbitos em quase todo o seu território.
No entanto tivemos um comportamento assimétrico invertido em relação a primeira onda: o interior se antecipou a GV.
Ao longo de 2020 o vírus viveu "amplo espalhamento" no no Brasil (BR) e no ES. Em diversos municípios pequenos a primeira onda só ocorreu no último quadrimestre, em outros, o mesmo período, representou uma segunda expansão equivalente ou maior que a primeira onda.
Hoje pude rever essa entrevista dada ao @AGazetaES. Em síntese e novas considerações: 1) Enquanto diversos países do mundo já começaram a vacinar, o Brasil não. 2) O registro das vacinas nos países está relacionado ao avanço das negociações das mesmas.
3) A @anvisa_oficial estabelceu normas que atrasam o registro das mesmas. Essa questão esta sendo revisada pela Agência e temos a expectativa de aceleração da incorporação das vacinas no país.
4) A aprovação do uso emergencial da vacina da Pfizer pela @WHO só reforça a acertividade de termos uma legislação estadual que permita a compra das vacinas mesmo sem registro na @anvisa_oficial, desde que esteja em uso em outros países e com devida autorização e regulação.
O ano terminou, mas a pandemia infelizmente não. Apesar de todas as tolices, estupidezes e verdadeiros crimes de responsabilidade que vivemos em 2020, precisamos reconhecer que existem realidades que permitem a esperança.
O grande brasileiro, que tive a oportunidade de conhecer, Ariano Suassuna dizia que o "otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso."
Aqueles que acreditam que já vivemos tudo de pior em 2020, que não há o que piorar, que agora é só acionar a boa vontade das instituções e que o Brasil irá melhorar por obrigação da história, são otimistas.
Um fenômeno pouco analisado até o presente momento na segunda expansão da COVID-19 no ES, está relacionada a ocorrência de uma primeira onda tardia de casos observados em inúmeros municípios do interior. Analisemos a média móvel de 14 dias (MM14D), a letalidade e os óbitos.
Dores do Rio Preto possui 7 mil habitantes, apresentou sua primeira curva significativa de casos observados a partir da segunda quinzena de novembro. O município teve somente dois óbitos registrados pela COVID-19. Último pico registrado de 8,64 no dia 7/12.
Alto Rio Novo (8 mil hab.), teve na primeira oscilação o pico de 3,86 casos observados no dia 17/07, chegando a apresentar em dezembro 7,21 casos, quase o dobro de crescimento.
Desde o início da pandemia soubemos que os casos de COVID-19 evoluíam em formas não-críticas em 90-95% dos casos, em especial na população jovem. No entanto, mesmo entre eles, o número de perdas será sempre proporcional ao total de casos.
No dia 28 de fevereiro registramos 5 casos de COVID-19 no ES e de lá até hoje foram 285 dias. Neste período entre jovens de 20-29 tivemos 143.713 notificados, 125.304 testados e 37.546 confirmados.
Deste total de jovens infectados e confirmados por testes até o dia de hoje, 48% foram infectados nos últimos 100 dias. Nesta faixa etária os casos saltaram de 3.804 em setembro para 7.781 em novembro, um crescimento de 104,55%.
Com os dados disponíveis até dia 5/12, o Estado do Espírito Santo já ultrapassou o pico de casos observados na primeira expansão da COVID-19. Na semana epidemiológica (SE) 27 (28/06-04/07) tivemos 9.035 casos, exatas 20 SE após, na SE47 (15-21/11) já apresentamos 9.219 casos.
Avaliando os picos diários, no dia 22/06 alcançamos um pico diário 2.003 casos observados contra 2.026 no dia 23/11.
Na Média Móvel de 14 dias (MM14D), tivemos um pico de 1.285 casos dia 02/07, contra 1.284 no dia 23/11, nos próximos dias este dado tende a ser superado.