Aliás, a história do canal de Suez é maravilhosa, é puro suco de imperialismo do século XIX. Franceses resolvem montar o canal, conseguem apoio de um governo fantoche do pashá egípcio, o seu sucessor vê que o troço é um elefante branco e vende para os ingleses...
...aí o canal passa a dar lucro imediato.
Como? Simples, os britânicos boicotaram o canal, mudando o sistema internacional de tonelagem de navios, diminuindo a arrecadação tributária da empresa.
Nem vou entrar depois no quesito independência egípcia, governo Nasser e o papel de ingleses e franceses, junto com Israel, para impedir a nacionalização do canal - num raro caso da Guerra Fria em que EUA e URSS se uniram para defender a soberania egípcia.
(ok, defender é um exagero, mas para se contrapor aos agressores mesmo)
O que virou Suez depois, conforme o regime egípcio se afundou na corrupção e no entreguismo com os EUA, é outra história, claro. Mas poucas obras simbolizam tanto a permanência do imperialismo quanto ele.
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O @IrlanSimoes falou pra eu tentar escrever um pouquinho sobre Suez e eu disse que não tinha muita leitura.
Mas um fiozinho dá para arriscar, né?
Então vamos lá, vou apresentar um dos maiores símbolos da história do imperialismo: o canal de Suez.
Vamos "começar pelo começo": o Egito, no século XIX, era a porta de entrada do Império britânico na Ásia. Sua importância foi tanta que, nas guerras napoleônicas, "Napo" entendeu que conquistar o Egito iria alijar a Inglaterra da Índia.
Por conta disso, a França invadiu o Egito, que na época era uma província do Império Otomano.
A retaliação conjunta de turcos e britânicos acabou expulsando os franceses, mas deixou a Inglaterra ciosa de que o Egito não poderia jamais cair nas mãos dos seus inimigos.
Obs: alimentação é campo do profano e do sagrado, então a ideia aqui é menos discutir gosto e sim ver como a nossa imprensa lidou com casos de aumento de preços com manchetes "positivas", apelando para mudanças em hábitos alimentares.
Isto posto, vamos lá:
1) "Quando é seguro comer pão, queijo e outros alimentos mofados" - Folha de São Paulo.
Crítica à Razão Negra é um dos livros mais difíceis que já li. O grau de erudição e os problemas que ele levanta tão muito além do que consigo alcançar numa leitura sem método.
Ainda assim, li o livro e usei ele para um concurso cujo um dos pontos era Iluminismo. O capítulo 1 é todo focado no "vazio" da intelectualidade ocidental ao lidar com os negros no século XVIII e XIX. Era um bom contraponto a uma história eurocêntrica do iluminismo.
Necropolítica, que achei um livro mais palatável na leitura, reatualiza Foucault e como eu conheço mais o careca, não achei tão difícil. Reatualizar a ideia de governamentalidade para fora do Estado-nação europeu é um argumento poderoso.
O fantástico caso do intelectual que pede rigor conceitual para "neoliberalismo", mas que acha que pode usar o conceito de "populismo" para Chavez, Putin, Bolsonaro, Jango e Trump. 🤷
Dada a desonestidade em alguns retweets, uma explicação: "populismo" e "neoliberalismo" são conceitos com valor heurístico em seus campos de estudo. Ou seja, eles possuem poder explicativo desde que situando e situados por ou um balanço bibliográfico, ou por um estudo empírico.
O problema aí é que para algumas pessoas, o uso de um desses conceitos pode extrapolar os limites do campo e virar moeda de troca simbólica no cotidiano e o outro não.
Interditar neoliberalismo porque queremos rigor conceitual, mas usar populismo como moeda de troca é seletivo.
A simplificação neoliberalismo = menos Estado é grosseira e não resolve nada.
O neoliberalismo de Pinochet não enxugou gastos militares. E precisa ser muito tacanho para achar que o custo de manter a repressão nos cascos não é pensado como investimento econômico.
Se pensar Pinochet, Reagan e Thatcher, ninguém ali enxugou a capacidade repressiva dos seus países. Aliás, me pergunto sobre a correlação entre desregulamentação financeira e o crescimento dos gastos militares.
Para Reagan, com certeza isso aconteceu. Pinochet nem preciso dizer. Thatcher é minha dúvida. Mas não duvido...
Ideólogos neoliberais sequer questionam que enquanto pedem menos Estado, se calam diante dos abusos de militares e policiais.