Quando faço análises e posto que há a chance de uma piora no Brasil, mesmo com desacelerações, é por levar em conta os fatos que cercam a epidemia. Vejam o exemplo do Distrito Federal. Sigam o fio: //1 🧶
O Distrito Federal começou a ter um aumento de casos bem considerável a partir do início de fevereiro. Foi deixado esse aumento crescer até que dia 28/02 foram decretadas restrições. //2
Como deixaram crescer, o que aconteceu? Vários ciclos de contágio que ocorrem mesmo durante o período de isolamento. Repetindo: se deixa o foguete subir muito, terá de ficar fechado por mais tempo para que caia lá de cima. Além disso, a mobilidade cai devagar pós decreto: //3
Percebam que a mobilidade começa a cair no dia do decreto (28/02/21) mas chega a níveis mais baixos apenas a partir de 14/03 na categoria comércio/lazer e 18/03 na categoria transporte público. Além de deixar a doença crescer, ainda demorou semanas para reduzir a mobilidade. //4
Aí, quando chegou ao início da desaceleração, o governador flexibilizou as restrições! Aumentou a mobilidade! Com o foguete ainda subindo, mas apenas subindo mais lento. No gráfico mostro como a mobilidade tinha de continuar baixa até a taxa cruzar a linha do "zero": //5
Aqui a notícia das flexibilizações, que aumentam a mobilidade da população (e, logicamente, o contágio da doença): g1.globo.com/df/distrito-fe… //6
Agora vejam como a capacidade de tomada de decisões está seriamente afetada...essa é a ocupação das UTIs do DF. Aumentar mobilidade em uma doença que transmite de forma exponencial praticamente não tendo vaga e tendo fila de espera?? //7
Aí, vejam só, a justiça suspendeu o decreto de reabertura feito pelo governador (o que é bom pois reduz a mobilidade), mas botou as seguintes condições para que reabra:
- A ocupação dos leitos COVID-19 tem de ser de 80 a 85%
- A fila de espera tenha MENOS DE 100 pacientes. //8
Aumentar a mobilidade em uma doença que cresce de forma exponencial quando a FILA TIVER MENOS DE 100 PESSOAS.
Se tiver 90 pessoas AGUARDANDO UTI, pode aumentar a mobilidade e aumentar o contágio? //9
Isso me parece uma clara demonstração de dificuldade de tomada de decisão. O que precisaria acontecer é uma redução consistente de mobilidade até que a taxa de crescimento vire taxa de queda e a fila de espera ZERE. Isso é o mínimo, para tentar evitar algumas mortes. //10
Repito: taxa de ocupação que cresce de forma linear não pode ser usada como indicador para controle de uma doença que cresce de forma exponencial. Se a ocupação tiver em 40% e der um surto, em 10 dias esgota tudo e já tem fila e excesso de óbitos. É rápido assim. //11
E, para encerrar, aqui o gráfico de sintomas reportados via pesquisa do Facebook. Está indicando AUMENTO na tendência de casos. Ou seja, uma bomba relógio. Que eles entendam logo o que está havendo, restrinjam e deem auxílio pra quem sofre com a redução de mobilidade. //fim
Oi, pessoal! Que tal um fio mostrando como a redução na mobilidade ajuda na redução dos casos de COVID-19, agora usando os dados de SP? Segue aí então! 🧶//1
Primeiro é sempre bom relembrar: 1. pessoas contaminam pessoas; 2. quanto mais pessoas contaminadas nós vemos,mais pessoas contaminadas nós vemos; 3. Pessoas contaminadas longe de outras pessoas por 14 dias? Menos novas pessoas contaminadas.
Simples,né? As vezes não parece. //2
Vamos dar uma olhada em como está a mobilidade no estado de SP a partir de 01/03/2021? Podemos perceber que ela começa a cair em locais de trabalho a partir do dia 05/03 (logo após a fase vermelha), a queda acentua um pouquinho a partir de 15/03 (fase emergencial) e... //3
Oi, pessoal. Ao analisarmos os dados do Brasil novamente (semana de 22 a 26/03/21) vemos tendência de crescimento em todos os estados e regiões, com alguns tentando escapar da exponencial. Vamos dar uma olhada? Segue o fio: 🧶//1
Primeiramente peço desculpas a vocês por ter pulado uma semana, tirei o final de semana passado para descansar e a semana foi puxada, não me deixando compensar, e acabamos chegando já no sábado seguinte! //2
Ao analisar o Brasil, vemos uma tentativa de estabilização da média móvel da taxa de crescimento de novos casos, mas em um patamar altíssimo. Isso se deve aos esforços de alguns estados que estão tentando baixar a mobilidade, mas de forma descoordenada. //3
Qual dessas duas alternativas seria considerada "otimismo"? 1. continuar tentando, mesmo depois de um ano, ensinar as pessoas a evitar a doença para reduzir o número de mortos; 2. Ir pra praia e viver normalmente em um país com pouquíssima vacina e hospitais lotados? //1
Eu peço de forma genuína, sem ironia. A cada dia que passa me lembro mais do Mohammed Saeed Al-Sahhaf, vocês lembram dele? Ele era "Ministro da Informação" do Iraque durante a invasão promovida pelos EUA em 2003. //2
Os americanos estavam literalmente DENTRO de Bagdá, destruindo tudo, e ele dizia na TV, confiante, que não havia invasão alguma, que estavam liquidando com os americanos. Lembro que fizeram chacota com ele, chamando-o de "Baghdad Bob". //3
Oi, pessoal. Este fio vai usar dados do estado do RS, mas tem outros estados, como o PE do meu amigo @b_ishigami que também estão nessa. O que pode acontecer quando um estado flexibiliza as restrições antes de uma queda sustentada? Segue o fio: 🧶//1
Para que todos entendam a situação: O estado do RS teve um aumento exponencial de casos de COVID-19, e este aumento apareceu primeiramente nos hospitais, na metade de fevereiro de 2021. Como que o aumento pode ter aparecido primeiro nos hospitais e não nos casos? //2
Infelizmente, é simples: testagem "reativa", como costumo chamar. Testamos apenas quem tem sintomas e também quem se importa com esses sintomas a ponto de ir buscar ajuda. Se uma pessoa acha que está com gripe e não busca ajuda, ela passa "por baixo do radar". //3
Pessoal, agora estão dizendo que Araraquara, mesmo com o Lockdown, está tendo internações. Gente...sério? Vejam a mobilidade de Araraquara. Esperavam o que ao flexibilizar antes de reduzir bem a incidência? //1
Vejam aqui os casos...o lockdown, que aconteceu por um período muito curto, de apenas 10 dias (21/02/2021 a 02/03/2021) baixou a taxa de crescimento. Mas ficou negativa? não. Ficou ainda acima da linha do zero e a mobilidade já voltou.
Resultado? Nova tendência de aumento. //2
Não há milagre. Quando a incidência está alta, o lockdown leva mais tempo para reduzir os casos. Se fizer assim, fica mal feito e volta. Tem de reduzir até a taxa de crescimento virar taxa de queda, passar da linha do zero. Era só ter acompanhado isso antes de abrir. //3
Olá, pessoal! Vi que algumas pessoas ficaram, quase que ao mesmo tempo, dizendo que havia mais uma "cidade mágica" onde a COVID-19 não atacava. Dessa vez era São Lourenço, em MG. Fui dar uma olhada pra ver. Sigam o fio: 🧶//1
A primeira coisa que fui olhar, antes de tudo, foi a mobilidade, para ver como a cidade estava em relação ao pré pandemia. Percebi que a mobilidade de transporte público e comércio se manteve baixa desde janeiro. //2
Também percebi que teve um grande aumento em mercado e farmácias e, desde o final de fevereiro, uma pequena queda em residências e um aumento de locais de trabalho, como se a cidade tivesse "saído do período de férias". //3