Oi, pessoal! Que tal um fio mostrando como a redução na mobilidade ajuda na redução dos casos de COVID-19, agora usando os dados de SP? Segue aí então! 🧶//1
Primeiro é sempre bom relembrar: 1. pessoas contaminam pessoas; 2. quanto mais pessoas contaminadas nós vemos,mais pessoas contaminadas nós vemos; 3. Pessoas contaminadas longe de outras pessoas por 14 dias? Menos novas pessoas contaminadas.
Simples,né? As vezes não parece. //2
Vamos dar uma olhada em como está a mobilidade no estado de SP a partir de 01/03/2021? Podemos perceber que ela começa a cair em locais de trabalho a partir do dia 05/03 (logo após a fase vermelha), a queda acentua um pouquinho a partir de 15/03 (fase emergencial) e... //3
estaciona em aproximadamente -13% a partir de 20/03 e se mantém assim até 27/03. Isso em locais de trabalho, mas foi similar em transporte público e também comércio/lazer. //4
Antes de irmos para o efeito disso em casos, eu acho muito importante reforçar um ponto: o Google mede a mobilidade comparando-a com o nível pré pandemia, ou seja, se temos um número de -13%, isso significa uma mobilidade 13% menor do que o mesmo período no pré pandemia. //5
Percebam que na categoria "residências" fomos de 5% em 05/03 para 10% em 27/03. Na categoria locais de trabalho, fomos de -2% para -13%. É uma queda significativa para fins epidemiológicos! Tirar toda essa galera de perto uns dos outros ajuda a desacelerar uma doença assim! //6
Só que...é difícil de ver isso "a olho nu". Se eu for em uma rua com 1.000 pessoas trafegando, e depois for na mesma rua com 850 pessoas trafegando, eu conseguirei sentir a redução de mobilidade apenas olhando? Provavelmente não! Mas reduzi 15% na mobilidade. //7
Se uma equipe de reportagem de TV for até um local filmar e não tiver o dado do Google, provavelmente farão a matéria dizendo "mobilidade não reduz em SP", pois esses 15% ficarão difíceis de enxergar de forma observacional apenas. //8
Por isso, mais uma vez: mesmo que a gente observe algo e PARECE que está ou não acontecendo, é importante analisar o dado que nos faz dar um passo atrás e ampliar nossa observação! Dito isso, vamos ver o que essa redução de mobilidade fez com os casos? //9
A média móvel de 7 dias da taxa de crescimento de novos casos começa a mostrar sinais de desaceleração! Isso é uma queda? NÃO. É a desaceleração do foguete...o primeiro passo! Dá pra flexibilizar? DE JEITO NENHUM. //10
Aquela curva que marquei com a seta tem de cair e ultrapassar a linha do zero, para termos uma queda sustentada de novos casos. E aquele relatório de sintomas do Facebook que eu sempre trago? Também desacelerando. Repetindo: isso é queda? NÃO! //11
Os sintomas começaram a desacelerar dia 17/03/2021 e as notificações de casos começaram a desacelerar dia 30/03/2021, ou seja, 13 dias de diferença, mais ou menos como vem sendo em outros estados também. //12
Explicando: os dados do Facebook vem de uma pesquisa feita diariamente com os usuários, e pedem várias coisas, inclusive se a pessoa tem sintomas, quais sintomas e desde quando. Aí esse dado entra instantaneamente na base, e não sofre tanto o atraso da notificação oficial. //13
O dado oficial ainda é a notificação, é super qualificado e é o dado que deve ser usado, ok? O report de sintomas do Facebook é apenas um apoio, não recomendo usar só ele para tomada de decisões. Dito isso, é interessante olhar junto pois até agora a aderência é de 100%. //14
O que vimos aqui então? Que o caminho está correto. O que está sendo feito para conquistar essa desaceleração TEM DE SER MANTIDO, até que ela se transforme em queda sustentada. Se flexibilizar antes, volta tudo, falei disso aqui mostrando o DF:
E, só hoje, foram notificados 90.638 novos casos. Como hoje nosso case fatality ratio (letalidade x casos confirmados) é 2,5%, podemos estimar 2.265 óbitos só relativos aos casos de hoje. Esses óbitos não ocorrerão em 24h, mas é provável que, infelizmente, ocorrerão. //17
Por que estou dizendo isso? Pois supondo (e torcendo🙏) que mantenham as restrições e os casos continuem desacelerando e caindo, o número de óbitos ainda virá alto por algum tempo (existe atraso entre casos e óbitos!). Lembrem-se disso! Não se baseiem apenas por óbitos. //18
Cuidem-se, NÃO VIAJEM, NÃO SE ENCONTREM COM OUTROS a não ser que seja imprescindível, ajudem o próximo que está necessitado, cobrem restrições + auxílio dos governantes, usem máscara, e fiquem bem. Abraço a todos! //fim
Quando faço análises e posto que há a chance de uma piora no Brasil, mesmo com desacelerações, é por levar em conta os fatos que cercam a epidemia. Vejam o exemplo do Distrito Federal. Sigam o fio: //1 🧶
O Distrito Federal começou a ter um aumento de casos bem considerável a partir do início de fevereiro. Foi deixado esse aumento crescer até que dia 28/02 foram decretadas restrições. //2
Como deixaram crescer, o que aconteceu? Vários ciclos de contágio que ocorrem mesmo durante o período de isolamento. Repetindo: se deixa o foguete subir muito, terá de ficar fechado por mais tempo para que caia lá de cima. Além disso, a mobilidade cai devagar pós decreto: //3
Oi, pessoal. Ao analisarmos os dados do Brasil novamente (semana de 22 a 26/03/21) vemos tendência de crescimento em todos os estados e regiões, com alguns tentando escapar da exponencial. Vamos dar uma olhada? Segue o fio: 🧶//1
Primeiramente peço desculpas a vocês por ter pulado uma semana, tirei o final de semana passado para descansar e a semana foi puxada, não me deixando compensar, e acabamos chegando já no sábado seguinte! //2
Ao analisar o Brasil, vemos uma tentativa de estabilização da média móvel da taxa de crescimento de novos casos, mas em um patamar altíssimo. Isso se deve aos esforços de alguns estados que estão tentando baixar a mobilidade, mas de forma descoordenada. //3
Qual dessas duas alternativas seria considerada "otimismo"? 1. continuar tentando, mesmo depois de um ano, ensinar as pessoas a evitar a doença para reduzir o número de mortos; 2. Ir pra praia e viver normalmente em um país com pouquíssima vacina e hospitais lotados? //1
Eu peço de forma genuína, sem ironia. A cada dia que passa me lembro mais do Mohammed Saeed Al-Sahhaf, vocês lembram dele? Ele era "Ministro da Informação" do Iraque durante a invasão promovida pelos EUA em 2003. //2
Os americanos estavam literalmente DENTRO de Bagdá, destruindo tudo, e ele dizia na TV, confiante, que não havia invasão alguma, que estavam liquidando com os americanos. Lembro que fizeram chacota com ele, chamando-o de "Baghdad Bob". //3
Oi, pessoal. Este fio vai usar dados do estado do RS, mas tem outros estados, como o PE do meu amigo @b_ishigami que também estão nessa. O que pode acontecer quando um estado flexibiliza as restrições antes de uma queda sustentada? Segue o fio: 🧶//1
Para que todos entendam a situação: O estado do RS teve um aumento exponencial de casos de COVID-19, e este aumento apareceu primeiramente nos hospitais, na metade de fevereiro de 2021. Como que o aumento pode ter aparecido primeiro nos hospitais e não nos casos? //2
Infelizmente, é simples: testagem "reativa", como costumo chamar. Testamos apenas quem tem sintomas e também quem se importa com esses sintomas a ponto de ir buscar ajuda. Se uma pessoa acha que está com gripe e não busca ajuda, ela passa "por baixo do radar". //3
Pessoal, agora estão dizendo que Araraquara, mesmo com o Lockdown, está tendo internações. Gente...sério? Vejam a mobilidade de Araraquara. Esperavam o que ao flexibilizar antes de reduzir bem a incidência? //1
Vejam aqui os casos...o lockdown, que aconteceu por um período muito curto, de apenas 10 dias (21/02/2021 a 02/03/2021) baixou a taxa de crescimento. Mas ficou negativa? não. Ficou ainda acima da linha do zero e a mobilidade já voltou.
Resultado? Nova tendência de aumento. //2
Não há milagre. Quando a incidência está alta, o lockdown leva mais tempo para reduzir os casos. Se fizer assim, fica mal feito e volta. Tem de reduzir até a taxa de crescimento virar taxa de queda, passar da linha do zero. Era só ter acompanhado isso antes de abrir. //3
Olá, pessoal! Vi que algumas pessoas ficaram, quase que ao mesmo tempo, dizendo que havia mais uma "cidade mágica" onde a COVID-19 não atacava. Dessa vez era São Lourenço, em MG. Fui dar uma olhada pra ver. Sigam o fio: 🧶//1
A primeira coisa que fui olhar, antes de tudo, foi a mobilidade, para ver como a cidade estava em relação ao pré pandemia. Percebi que a mobilidade de transporte público e comércio se manteve baixa desde janeiro. //2
Também percebi que teve um grande aumento em mercado e farmácias e, desde o final de fevereiro, uma pequena queda em residências e um aumento de locais de trabalho, como se a cidade tivesse "saído do período de férias". //3