Esse trabalho do @leobastos, @marfcg, e pessoal do @obscovid19br e @fiocruz /MAVE é sensacional. Eles usam um método para tentar estimar o atraso de digitação. É como se tudo que está na fila pra entrar fosse digitado. Vou fazer um mini-fio (Leo, me corrige se eu errar!)🧶 //1
A base utilizada é a do SIVEP-GRIPE (SIstema de Vigilância EPidemiológica da GRIPE), que possui todas as notificações de pessoas com SRAG no Brasil, independente da causa. //2
Essa SRAG é notificada no SIVEP através de uma ficha, preenchida na unidade hospitalar e inserida no SIVEP. Há um atraso nessa digitação, diferente para cada unidade da federação, então os dados do SIVEP sempre estão defasados. //3
Aí entra a mágica do nowcasting, que é como se fosse uma "previsão do hoje". Ele tenta estimar esse atraso e simular como se todas as fichas fossem digitadas. Fazendo isso, hoje teríamos 347.357 óbitos cuja causa é CONFIRMADA COVID-19, uma defasagem de +- 25 mil óbitos. //4
Além disso, temos os óbitos por SRAG cuja causa não foi confirmada como COVID-19. Dentro desses, existem SRAGs por outras causas confirmadas (influenza, por exemplo) mas também existem os indefinidos. //5
Em 2020, como todos os outros vírus respiratórios foram praticamente eliminados com as medidas tomadas no início, era mais "fácil" estimar como COVID-19 as SRAGs indefinidas. //7
Este ano (2021) temos Influenza, Vírus Sincicial Respiratório (VSR) entre outros que voltaram "a mil por hora" justamente por termos relaxado nas medidas de proteção (higiene, distanciamento, máscara, etc.) //8
Para vocês terem ideia: em 2019 tivemos, no Brasil inteiro e no ano inteiro, um pouco mais de 5 mil óbitos por SRAG. No ano todo. Agora estamos com 443.028 estimados em 12 meses (março a março). //9
Algumas ressalvas: 1. não se mede assim como medi acima (de março a março), foi só para comparar 12 meses; 2. Alguns óbitos que, até 2019, seriam classificados como pneumonia e insuficiência respiratória entre outros, podem estar sendo associados a SRAG agora. //10
Viram como é importantíssimo esse trabalho de nowcasting e estimativa de subnotificação de óbitos? Parabéns e obrigado a todos os envolvidos! Abraços. //Fim
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Depois de passar por mais um aumento de casos e internações (que dessa vez levou a um colapso em 95% do país) e, com muito esforço, desacelerar o aumento em alguns estados, chegamos em uma trifurcação: //1
1. Mantemos as restrições e a mobilidade baixa, que está fazendo desacelerar, e transformamos em queda; 2. Subimos a mobilidade devagar com flexibilizações precipitadas e ficamos em um platô horrível de 3 mil óbitos; //2
3. Aumentamos a mobilidade de vez com mais uma rodada de festas, encontros em família e amigos, feriadão e entramos em novos recordes e empilhamos mais um colapso em cima do já existente, ainda mais a caminho de outono/inverno. //3
Oi, pessoal! Que tal um fio mostrando como a redução na mobilidade ajuda na redução dos casos de COVID-19, agora usando os dados de SP? Segue aí então! 🧶//1
Primeiro é sempre bom relembrar: 1. pessoas contaminam pessoas; 2. quanto mais pessoas contaminadas nós vemos,mais pessoas contaminadas nós vemos; 3. Pessoas contaminadas longe de outras pessoas por 14 dias? Menos novas pessoas contaminadas.
Simples,né? As vezes não parece. //2
Vamos dar uma olhada em como está a mobilidade no estado de SP a partir de 01/03/2021? Podemos perceber que ela começa a cair em locais de trabalho a partir do dia 05/03 (logo após a fase vermelha), a queda acentua um pouquinho a partir de 15/03 (fase emergencial) e... //3
Quando faço análises e posto que há a chance de uma piora no Brasil, mesmo com desacelerações, é por levar em conta os fatos que cercam a epidemia. Vejam o exemplo do Distrito Federal. Sigam o fio: //1 🧶
O Distrito Federal começou a ter um aumento de casos bem considerável a partir do início de fevereiro. Foi deixado esse aumento crescer até que dia 28/02 foram decretadas restrições. //2
Como deixaram crescer, o que aconteceu? Vários ciclos de contágio que ocorrem mesmo durante o período de isolamento. Repetindo: se deixa o foguete subir muito, terá de ficar fechado por mais tempo para que caia lá de cima. Além disso, a mobilidade cai devagar pós decreto: //3
Oi, pessoal. Ao analisarmos os dados do Brasil novamente (semana de 22 a 26/03/21) vemos tendência de crescimento em todos os estados e regiões, com alguns tentando escapar da exponencial. Vamos dar uma olhada? Segue o fio: 🧶//1
Primeiramente peço desculpas a vocês por ter pulado uma semana, tirei o final de semana passado para descansar e a semana foi puxada, não me deixando compensar, e acabamos chegando já no sábado seguinte! //2
Ao analisar o Brasil, vemos uma tentativa de estabilização da média móvel da taxa de crescimento de novos casos, mas em um patamar altíssimo. Isso se deve aos esforços de alguns estados que estão tentando baixar a mobilidade, mas de forma descoordenada. //3
Qual dessas duas alternativas seria considerada "otimismo"? 1. continuar tentando, mesmo depois de um ano, ensinar as pessoas a evitar a doença para reduzir o número de mortos; 2. Ir pra praia e viver normalmente em um país com pouquíssima vacina e hospitais lotados? //1
Eu peço de forma genuína, sem ironia. A cada dia que passa me lembro mais do Mohammed Saeed Al-Sahhaf, vocês lembram dele? Ele era "Ministro da Informação" do Iraque durante a invasão promovida pelos EUA em 2003. //2
Os americanos estavam literalmente DENTRO de Bagdá, destruindo tudo, e ele dizia na TV, confiante, que não havia invasão alguma, que estavam liquidando com os americanos. Lembro que fizeram chacota com ele, chamando-o de "Baghdad Bob". //3
Oi, pessoal. Este fio vai usar dados do estado do RS, mas tem outros estados, como o PE do meu amigo @b_ishigami que também estão nessa. O que pode acontecer quando um estado flexibiliza as restrições antes de uma queda sustentada? Segue o fio: 🧶//1
Para que todos entendam a situação: O estado do RS teve um aumento exponencial de casos de COVID-19, e este aumento apareceu primeiramente nos hospitais, na metade de fevereiro de 2021. Como que o aumento pode ter aparecido primeiro nos hospitais e não nos casos? //2
Infelizmente, é simples: testagem "reativa", como costumo chamar. Testamos apenas quem tem sintomas e também quem se importa com esses sintomas a ponto de ir buscar ajuda. Se uma pessoa acha que está com gripe e não busca ajuda, ela passa "por baixo do radar". //3