Se fala muito da censura, da tortura, dos assassinatos.
Não se fala o suficiente sobre a inépcia administrativa.
No governo, o que os números mostram é muito claro: os generais que cuidaram da gestão do país entre 1964 e 1985 eram incompetentes.
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Na década de 1960, quando o dólar estava baixo e os juros internacionais idem, escolheram pegar quanto dinheiro dava emprestado.
Com isso, na década seguinte, criaram alguma infraestrutura que se mostrou importante — Itaipu, Ponte Rio-Niterói.
Também jogaram muito dinheiro fora. A Transamazônica — obra caríssima da qual não sobrou nada. Usina Nuclear de Angra, que está lá de pé, mas nunca valeu nem perto do que se pagou.
Quando veio a crise do petróleo, os juros no mundo explodiram.
Disse que aparentemente não se ensina mais democracia nas escolas. Que jovens militantes de esquerda demais não reconhecem legitimidade na existência de uma direita.
Acho que vale clarear um pouco mais o que quis dizer.
Primeiro: não acho que o problema seja de professores.
Não foi uma alusão ao Escola sem Partido.
O problema é de currículo.
Minha impressão é de que o trauma da Ditadura fez com que nós abríssemos mão de certos ensinos importantes.
Um deles é o de sociedade, de cidadania.
Eu fui estudante no tempo da Ditadura, tive aula de Moral e Cívica e OSPB, disciplinas inventadas por Plínio Salgado, o fundador do fascismo brasileiro.
Aquelas coisas tinham de ter sido extirpadas do currículo, como foram.
Tem uma conversa que nós não estamos preparados para ter no Brasil.
É sobre como pensamos impeachment.
Por isso, sei em que vai dar este fio aqui. Vai implodir.
Ainda assim, a maneira como os americanos pensam impeachment, em tempos de Bolsonaro, tem muito a nos ensinar.
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Fernando Collor de Mello sofreu impeachment acusado por agir de forma incompatível com o cargo. Por quebra de decoro. O crime tinha provas tão frágeis que ele foi inocentado no Supremo.
Mas estávamos confortáveis com isso.
A diferença real entre Collor e Dilma, queiramos admitir ou não, é que o PRN não era um partido. O PT era
O PT tem base popular real, tem militância real, representa de fato um conjunto de valores na sociedade.
O PRN não era nada, Collor não era uma liderança política relevante