Junho de 2018: Prescrever azitromicina para gripe está errado. Vírus não se trata com antibiótico
Junho de 2020: Prescrever azitromicina para COVID está errado. Vírus não se trata com antibiótico
Muda a doença, mas o (mal) hábito é o mesmo...
Antibiótico tem espaço na COVID?
Tem!
Mas não é rotina: apenas na coinfecção, nunca padrão.
A coinfecção vem no curso do quadro (não no começo), geralmente com persistência da febre, tosse produtiva (e não seca) e com padrão laboratorial e imaginologico característico.
Usar antibiótico precocemente não auxilia na evolução, e pode atrapalhar...
É a resistência bacteriana crescendo a todo vapor!
Hoje, muitos vencem a COVID mas perdem para bactérias resistentes que são selecionadas pelo uso inadequado destes antibióticos.
Some a isto o cenário de uso de corticoide e drogas imunomoduladoras...
E aí fica fácil ver a razão do cuidado.
O pensamento “mas um antibióticozinho não vai fazer mal” cobra seu preço - que pode custar vidas.
“Mas disseram que ele ajuda na imunidade também...”
Aí tem um GRAVE equívoco. A azitromicina, em dose diferente do que se utiliza como antibiótico (não vou colocar aqui para não estimular os artistas da automedicação), tem efeito imunomodulador...
...mas em uso crônico, e específico para pneumopatas crônicos que tem exacerbações infecciosas frequentes.
Na dose que usam, é antibiótico mesmo. E não mata vírus.
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“Vou fazer sorologia para saber se a vacina funcionou”
Parece tentador, mas não caia nesta! Os motivos? Alguns...
1️⃣ A vacina não imuniza apenas por anticorpos.Temos 2 imunidades: uma humoral - anticorpos - e a celular - onde atuam células como soldados. Estes soldados também são treinados com vacina. Você pode ter imunidade com baixos títulos de anticorpos, por ter soldados bem treinados;
2️⃣ As vacinas também desenvolvem anticorpos que não são detectados pelos testes. Mesmo estes testes agora anunciados como de “Anticorpos Neutralizantes”...
Um dos momentos mais surreais...a tal da inalação de cloroquina...
Segue o fio!
Mas quais os problemas de inalar cloroquina?
▪️A medicação já tem ineficácia comprovada por via oral;
▪️A inalação de substâncias não preparadas para tal, com o simples macerar de comprimidos, pode causar graves danos... (vê uma pneumonite por inalação de substância)
E vê o que o Pneumotox - referência de toxicologia pneumológica - diz dos antimaláricos);
Surge agora, depois da divulgação pela UNICAMP e pelo HCFMUSP para a imprensa de casos de insuficiência hepática com necessidade de transplante, a “defesa” da ivermectina comparando-a com o paracetamol
🧵 Aos fatos:
“Paracetamol é hepatotóxico...
Sim. Paracetamol é hepatotóxico. Não é NENHUMA novidade.
Mas NÃO nas doses terapêuticas. As doses usuais são SEGURAS. Ele é hepatotóxico em situações de abuso, em doses superiores ao que deveria se usar.
... e não dizem”
Isto é de conhecimento público. Não há nenhum segredo.
Qualquer acadêmico de medicina no 3º período sabe disto. Qualquer acadêmico da área de saúde que estude farmacologia sabe disto.
Se estão “descobrindo” agora, fala mais do descobridor do que da descoberta
#Thread sobre o artigo hoje tão falado artigo do American Journal of Medicine (mas que é de 7 de agosto de 2020)...
E como ele não muda o tratamento do COVID...
É mais um artigo de opinião e proposta de fluxo. Tendencioso.
Não configura evidência científica relevante já que não é revisão sistemática ou integrativa (por exemplo), desconsidera diversos RCT ja publicados e discutidos. E tem vies.
Começo pelos autores:
• Zervos é do Henry Ford, grupo americano pro-cloroquina, responsável por um estudo retrospectivo, com falhas importantes de análise de dados e respectivamente em suas conclusões
Uma análise do protocolo do Ministério da Saúde sobre o uso precoce da HCQ/Cloroquina no #Covid_19 . Ele é uma afronta ao pensamento científica e a medicina séria, que se importa com as vidas em jogo
O próprio já começa dizendo que tem respaldo científico
Em seguida, informações contraditórias: afinal, se a HCQ impede funcionamento adequado da heparina, e sendo a covid uma situação trombogenica, vou deixar de privilegiar a anticoagulação, que é repetidamente citada no texto?