Bora voltar a discussão da história do integralismo. Se você não viu a primeira parte, vai lá primeiro. Hoje vamos falar do período da Ditadura Civil-Militar até 2016, o golpe parlamentar.
Mesmo tendo apoiado o golpe e com integralistas participando, o 2º ano da ditadura não foi um ano feliz para o movimento fascista.
O AI2, que instaurou eleição indireta para presidente e vice, também fez a dissolução de partidos, acabando com o partido dos integralistas
Eles foram empurrados para o ARENA. Eles também não conseguiram ministerial que almejavam, mas tiveram acesso ao Ministério da Educação e a elaboração do material didático.
Em 1975 morreu Plínio Salgado, inaugurando o neointegralismo, caracterizado pela falta de seu líder e pela intensa fragmentação do movimento. Muitas organizações surgiram e acabaram entre 1975 e 2001, com integralistas com extrema dificuldade de se recolocar na política nacional
O neointegralismo do início dos anos 2000 foi caracterizado por uma relação intensa entre a recriada Ação Integralista Brasileira e grupos skinheads como Carecas do ABC, retomando leituras antissemitas de Gustavo Barroso, além de um certo desprezo pela democracia.
Mas esse é um papo que já demos, durante o #MuteNoOdio, confere lá
Lara, além de ser uma importante ponte com skinheads, também tinha laços com grupos monarquistas, ele mesmo sendo um defensor da monarquia
(a título de curiosidade: Lara era meio irmão de Eduardo Suplicy, ex-cunhado da Marta Suplicy e tio do Supla. Imagina esse natal em família)
Lara era frequentador de círculos monarquistas como a Tradição, Família e Propriedade, no Brasil conhecido como Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, uma organização tradicionalista católica.
Contudo, a aproximação com skinheads e neonazistas não foi bem vista entre todos os integralistas. Muitos foram críticos dessa aproximação, a figura de Plínio Salgado era unânime, mas a de Gustavo Barroso não.
Baseando-se na figura da Plínio Salgado, inclusive, muitos militantes atuais recusam o termo “neointegralismo”, justamente pela continuidade do culto a Plínio Salgado.
Então já nos adiantamos ai aos comentários do @/PLINIO_SALGADO_LINDO que não reconhecem o termo
Em 2004 tentaram se unir na sigla da UDN (União Democrática Nacional), partido de Getúlio Vargas, formado em muito por ex agentes do DOPS, conhecido centro de tortura do regime Militar, e militantes anti-comunistas. Nessa época já eram comuns críticas a feministas e a Gramsci.
Além da figura de Vargas, neointegralistas contemporâneos também abraçaram Enéias e sua candidatura, bem como o PRONA (Partido da Renovação Nacional), seu partido.
Sim, aquele que gritava o nome dele durante o horário eleitoral gratuito.
Em 2016, neointegralistas participaram de um ato em São Paulo em conjunto com grupos skinheads como os Carecas. Esse ato era a favor do então deputado federal Jair Bolsonaro.
Além da relação com Bolsonaro, neointegralistas tem uma relação importante com o PRTB, partido do Vice Presidente Mourão.
Em 2016, neointegralistas participaram de seu terceiro golpe de Estado (pede música?), colaborando com golpistas, atacando a presidenta Dilma Rousseff e participando de manifestações a favor do impeachment.
Caldeira e Gonçalves também apontaram uma interessante relação entre ideias neointegralistas e o pensamento de Julius Evola, o autor italiano que se descrevia como “ultra fascista”.
A absorção das ideias de Evola e suas críticas à modernidade podem ser entendidas como uma nova roupagem do integralismo, como mostram os autores.
Na quinta vamos falar dos movimentos atuais neointegralistas aqui da região metropolitana do Rio, fiquem ligados
Referências:
Gonçalves, L; Caldeira, O - O fascismo em camisas verdes: do integralismo ao neointegralismo encurtador.com.br/ijksT
correção importante que passou batido na revisão:
partido de OPOSIÇÃO a Getúlio Vargas.
Perdão, gente, é a falta de café
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Bora falar então dos seguidores de Evola contemporâneos e acabar com essa bad trip que é o Tradicionalismo
Os evolitas brasileiros contemporâneos pesquisados geralmente se aproximaram do pensamento do autor a partir de interesses no que chamam de “ocultismo”, com interesses que variam entre budismo, hinduísmo, maçonaria e outros “conhecimento milenares”, como chamam.
Eles compartilham da ideia do autor de que a “nossa era é uma era de decadência” e os pontos positivos de Evola, para eles, seria a retomada positiva de uma ortodoxia do budismo.
Então hoje vamos falar de um dos principais autores que a galera próxima do tradicionalismo gosta de ler: Julius Evola
Evola já apareceu aqui outras vezes, ele é bastante lido por diversos grupos de extrema direita, de integralistas a neonazistas revisionistas.
Julius Evola foi um autor e filósofo esotérico italiano do século XX, grande admirador de Mussolini e, ao mesmo tempo, crítico do regime fascista por este “não ser de direita o suficiente”
Então vamos pular já para as vestimentas.
Os coletes de couro são muito importantes para a subcultura dos Motoclubes 1%, é como uma segunda pele para quem veste, e não são transferíveis, eles devem ser "merecido", não comprado ou ganhado.
Vamos continuar o papo sobre Motoclubes 1% e sua ligação com a extrema direita
Hoje vamos falar de algo muito importante para manter a identidade coletiva esses grupos: seus ritos
Os rituais são de grande importância para motoclubes, sejam eles outlaw (1%) ou não. Os rituais de aceitação de um novo membro, chamado “batismo”, existem em quase todos os motoclubes, o que os diferencia são os atos praticados nesses rituais
Antes do batismo, porém, o ingressante passa por diversas etapas: checagem de histórico, apadrinhamento de algum membro antigo, período probatório e por fim é aceito.
Tinha me apegado ao icon com a bandeira LGBTQIA+, fiquei triste de trocar.
Para me animar, vamos falar do outro grupo neointegralista atuante no Rio que tem causado confusões recentes
Em 2018, bandeiras antifascistas colocadas pelo Movimento Estudantil em um dos campus da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) foram roubadas por um grupo neointegralista chamando "Comando de Insurgência Popular Nacionalista" (CIPN)
O grupo assumiu o ato através de um vídeo postado em redes sociais, onde colocavam fogo nas bandeiras e se apresentavam como parte da "Grande família integralista brasileira"