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Ariel Palacios @arielpalacios
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E, para esta noite de sábado, uma sessão de nosso clássico ¨O Atacadão do Thread¨:
No dia 30 de outubro os argentinos celebram os 35 anos da realização da 1a eleição livre após 7 anos de ditadura militar...
Desaparecidos:
- Durante a Ditadura, militares e policiais argentinos assassinaram ao redor de 30 mil civis (segundo organismos de defesa dos Direitos Humanos argentinos e organizações internacionais), a maioria dos quais sem militância na guerrilha....
...uma guerrilha que o próprio exército havia anunciado que havia totalmente debelado um ano antes do golpe militar de 1976...
-A Comissão Nacional de Pessoas Desaparecidas (Conadep) reuniu o registro de quase 10 mil denúncias de pessoas desaparecidas.
- Os militares afirmam que assassinaram “somente” 8 mil civis (segundo declarações dos ex-ditadores Reynaldo Bignone e Jorge Rafael Videla)
Bebês sequestrados:
- Durante a Ditadura 500 bebês foram sequestrados, filhos das desaparecidas (segundo dados das Avós da Praça de Mayo)
Fracassos econômicos e militares:
– Além de ter sido a mais sanguinária Ditadura foi um fracasso tanto na área militar como na esfera econômica.
- Em 1978, o general e ditador Videla levou o país a uma escalada armamentista contra o Chile. Em dezembro daquele ano, a invasão argentina do território chileno foi detida graças à intermediação papal.O custo da corrida armamentista colocou o país em graves problemas financeiros
- Em 1982, perante uma crise social, perda de sustentabilidade política e problemas econômicos, o então ditador Galtieri decidiu invadir as Malvinas p/distrair a atenção da população. Resultado:após breve período de combate,os oficiais do ditador renderam-se às tropas britânicas
Desastres econômicos:
- Em sete anos de Ditadura, a dívida externa subiu de US$ 8 bilhões para US$ 45 bilhões.
-A inflação do gov.civil derrubado pela Ditadura, q era considerada um índice “absurdo alto”pelos militares havia sido de 182% anual.Mas este índice foi superado pela política econômica caótica da Ditadura,q encerrou sua administração com 343% anual
- A pobreza disparou de 5% da população argentina para 28%
- Além disso, a Ditadura criou uma ciranda financeira, conhecida como “la plata dulce”, ou, “o doce dinheiro”.
Ao mesmo tempo em que tomavam medidas neoliberais, como a abertura irrestrita das importações, os militares continuavam mantendo imensas estruturas nas empresas estatais, que transformaram-se em cabides de emprego de generais, coronéis e seus parentes.
- No meio desse caos econômico, os militares provocaram um déficit fiscal de 15% do PIB.
A seguir uma seqüência sobre o modus operandi de torturas deslanchadas pela ditadura iniciada por Videla (e seguida depois pelos generais Viola, Galtieri e Bignone)
A ditadura argentina aplicou uma série de formas de eliminar pessoas. As formas hit parade eram estas:
- Jogar pessoas vivas, desde aviões, sobre o rio da Prata ou o Oceano Atlântico.
- Juntar prisioneiros, amarrados, e dinamitá-los.
- Fuzilamento.
- Morte por terríveis torturas
O destino dos corpos:
- Enterrados em cemitérios clandestinos. Ou, em cemitérios oficiais, embora em fossas coletivas como indigentes.
- Jogados no Rio da Prata ou no mar
Um breve panorama sobre as torturas
As torturas aplicadas pela ditadura argentina acumulavam diversas modalidades que – ao longo de dois séculos de História – as forças armadas locais (e as forças policiais) haviam desenvolvido e aplicado.
- Picana elétrica: Criada nos anos 30 na Argentina por Leopoldo Lugones Hijo, filho do escritor nacionalista Leopoldo Lugones. A picana era o instrumento para assustar o gado com choques elétricos nos currais, e assim, direcioná-lo para o abate ou embarque.
...Aplicado a seres humanos, tornou-se no instrumento preferido de tortura na Argentina.
- Submarino molhado: consistia em afundar a cabeça de uma pessoa em uma tina d’água. Ocasionalmente a tina também estava cheia de excrementos humanos.
- Submarino seco: consistia em colocar a cabeça de uma pessoa dentro de um saco de plástico e esperar que ela ficasse quase asfixiada.
- O rato no cólon: a colocação de um rato, faminto, no cólon de um homem. Nas mulheres, o rato era colocado na vagina.
- Estupros: Mulheres e homens foram estuprados sistematicamente pelos militares e policiais argentinos. As mulheres, ocasionalmente recebiam a opção de serem estupradas ou de serem eletrocutadas na parte interna da vagina e ânus.
- Esfolamento: Os torturadores amarravam um prisioneiro em uma mesa e começavam a esfolar a pele da sola dos pés com uma gilette ou bisturi
- Empalamento: Alguns homens foram empalados pelas forças de segurança da ditadura militar argentina com cabos de vassoura.
Diversas testemunhas indicam que os torturadores argentinos ouviam marchas militares do Terceiro Reich e discursos de Adolf Hitler enquanto torturavam.Esse era o caso Julio Simón, chefe dos interrogadores do centro de detenção“El Olimpo”, cujo nome de guerra era “O Turco Julián”.
Ele divertia-se jogando água fervendo em cima de seus prisioneiros políticos. Deleitava-se em torturar os deficientes físicos, jogando-os do alto de uma escada. Além disso, saboreava cada minuto no qual estuprava a esposa de um prisioneiro na sua frente.
Juan Agustín Guillén, outro dos sobreviventes, contou como Simón – que ostentava uma suástica no uniforme, tinha especial sanha com José Poblete, um jovem militante peronista que havia perdido ambas pernas em um acidente.
Simón lhe havia retirado a cadeira de rodas e as pernas ortopédicas, e divertia-se – às gargalhadas - jogando-o para cima ou obrigando-o a desfilar na frente dos outros policiais arrastando-se sobre os tocos de seus membros.
O ex-policial foi condenado pelo seqüestro e torturas infligidas ao casal Gertrudis Hlaczik e José Poblete Roa em 1978. Ele também foi considerado culpado do seqüestro de Claudia, o bebê de apenas oito meses do casal, e do ocultamento de sua identidade
Ele fazia Gertrudis andar nua pelos corredores, enquanto que José, sem as pernas, devia se arrastar com as mãos pelo chão. Simón e os outros guardas o chamavam de “cortito” (curtinho), por causa da ausência dos membros inferiores.
O torturador também costumava jogar Poblete desde o alto de uma escada.
No centro de detenção de Pozo de Arana, um dos vários campos controlados pelo ex-Diretor de Investigações da Polícia Bonaerense Miguel Etchecolatz, as forças de segurança tinham como prisioneiro um garoto de 15 anos, que foi violentamente torturado
O garoto, que era constantemente ameaçado de castração, com freqüência era fechado durante horas dentro de um baú.
Um dos casos mais sinistros de torturas foi o do adolescente Floreal Avellaneda, sequestrado no dia 15 de abril de 1976.
Filho de um casal de sindicalistas militantes do Partido Comunista, Floreal, que tinha 14 anos quando foi sequestrado, sofreu torturas nas mãos e genitais. Depois, foi empalado vivo com um cabo de vassoura (a imagem é de uma gravura do barroco, para ilustrar)
No dia 22 de abril de 1976 a polícia uruguaia encontrou em uma praia perto de Montevidéu o cadáver de um jovem violentamente torturado com a marca de uma tatuagem com as letras “FA”.
Posteriormente, com a volta da democracia, a mãe de Floreal pode confirmar que tratava-se de seu filho. Ele havia sido arremessado de um dos aviões que realizavam os “vôos da morte” sobre o rio da Prata.
Sobre os voos da morte:
Tal como os funcionários do Terceiro Reich que recorreram aos fornos crematórios para eliminar os prisioneiros dos campos de concentração – como forma rápida de eliminar os vestígios dos corpos dos judeus massacrados – a ditadura argentina optou pelos “voos da morte” ...
..como uma de suas modalidades preferidas para “desaparecer” as pessoas sequestradas.
Adolfo Scilingo, ex-capitão da Marinha que em 1995, arrependido de sua participação nos “voos da morte”, revelou que 4.400 pessoas foram assassinadas ao serem arremessadas no rio da Prata e no mar desde os aviões da Marinha.
Scilingo, condenado a 640 anos de prisão pelos tribunais da Espanha por crimes contra a Humanidade, sustentou que os voos da morte não eram um procedimento circunstancial, mas sim, parte de um plano de grande escala de eliminação dos corpos dos desaparecidos.
Além da Armada argentina, a Aeronáutica e o Exército também realizaram “voos da morte”, embora em menor escala, já que estas duas forças preferiam o enterro dos cadáveres em fossas comuns clandestinas.
Um dos criadores dos “voos da morte” foi o capitão de corveta Jorge “Tigre” Acosta, uma das “estrelas” da Escola de Mecânica da Armada (ESMA).
O oficial, que falava sozinho à noite, em delírio místico explicava aos colegas e prisioneiros que mantinha longas conversas noturnas com “Jesucito” (O pequeno Jesus), ao qual perguntava qual dos prisioneiros deveria torturar no dia seguinte e jogar dos aviões.
Acosta - famoso pelos requintes de crueldade que aplicava aos detidos – também foi um dos principais sequestradores dos bebês de prisioneiras da ESMA, em cuja maternidade clandestina nasceram mais de cem bebês.
Em outubro de 2011, Acosta, acusado de violar diversas prisioneiras, foi condenado à prisão perpétua por seus crimes durante a ditadura.
Uma pequena galeria dos serial-killers da ditadura militar argentina:
O “Anjo Loiro” Astiz – “É o mais sinistro paradigma do terrorismo de Estado”. Com esta frase, o escritor e jornalista Jorge Camarasa, define a personalidade do ex-capitão Alfredo Astiz apelidado de “O anjo loiro da morte”
Garoto mimado da ditadura, entre seus assassinatos mais famosos estão os das freiras francesas Alice Domon e Leonie Duquet, além de três fundadoras das Mães da Praça de Mayo, entre elas, Azucena Villaflor.
Astiz foi recompensado por seus serviços com o cargo de comando nas ilhas Geórgias durante a Guerra das Malvinas, em 1982. No entanto, essas ilhas foram o primeiro ponto recuperado pelos britânicos durante o conflito.
Após um único tiro de bazuca disparado pelos britânicos, Astiz desistiu de resistir “até a morte”, como havia prometido. Com com um copo cheio de whisky em uma das mãos, assinou a rendição incondicional.
Donda Tigel – Alfredo Donda Tigel tornou-se famoso por sequestrar seu próprio irmão e a cunhada – militantes da esquerda. Depois de assassiná-los, ficou com suas filhas, que eram bebês.
Ernesto Weber – Oficial da Polícia Federal, era apelidado de “220” pelos colegas militares pelo prazer que sentia em aplicar essa voltagem nas torturas. Foi professor de torturas dos oficiais de Marinha.
Febres – O ex-Chefe da Guarda Costeira Héctor Febres ficou notório por seu extremo sadismo, que o levou a torturar bebês e crianças para arrancar confissões dos pais, presos políticos
A primeira surpresa ocorreu poucos dias após sua morte, no dia 10 de dezembro – o Dia internacional dos Direitos Humanos – quando a Justiça anunciou que o ex-torturador havia falecido por uma dose cavalar de cianureto.
A segunda surpresa surgiu dias depois, quando as autoridades indicaram que a autópsia também registrou a presença de sêmen no reto do ex-torturador.
Ele era famoso por seu desenfrado sadismo. Sobreviventes relatam que, quando aplicava choques elétricos nos prisioneiros, ficava “alucinado” e gargalhava enquanto ouvia os gritos dos torturados.
Um dos sobreviventes relatou como Febres lhe pediu gentilmente que consertasse o aparelho de choques elétricos, que logo depois utilizaria no próprio prisioneiro.
Na ESMA os torturadores costumavam ter apelidos referentes a animais. Esse era o caso do capitão Jorge “Tigre” Acosta e do tenente Alfredo “Corvo” Astiz. Mas, Febres era chamado de “Selva”, já que “era o conjunto de todos os anima
Enfardador – Luis Porcio, chefe de segurança da Side, conhecido pelo apelido de “Enfardador”, já que apreciava amarrar os prisioneiros com arames, como se fossem fardos, para posteriormente queimá-los.
Ele operava no Automotores Orletti, um centro clandestino de detenção e tortura localizado no bairro portenho de Floresta
Raúl Rebaneyra – Outro notório torturador era o carcereiro Raúl Rebaynera, uma dos principais figuras da prisão de La Plata, onde estiveram vários prisioneiros políticos, entre eles, o Adolfo Pérez Esquivel, que em 1980 tornou-se Prêmio Nobel da Paz.
Cada vez q chovia Rebaynera colocava música e saía “de caça”,isto é,passava pelas celas espancando os prisioneiros.“Se te dou 15 socos e você não gritar,te levo de novo pra cela.Se gritar,fica aqui na sala de torturas 15 dias”, ameaçava.
Os integrantes da ditadura militar argentina, além de serem sádicos e pervertidos eram um bando de jacus iletrados....
Serial killer com cargo presidencial, Videla também foi um piromaníaco, já que ordenou incinerações de livros.
Na lista de autores suspeitos dos jecas militares estavam escritores como Gabriel García Márquez, Julio Cortázar, Sigmund Freud
.... e até Marcel Proust, autor do burguês “Em busca do tempo perdido” (obra que para o regime de Videla era um panfleto “marxista” e “pervertido”).
O regime proibiu o ensino da teoria matemática dos conjuntos, por considerá-la “subversiva”. A palavra “vetor” também foi proibida nas escolas, já que os militares consideravam que era utilizada na terminologia marxista.
Em 1980 proibiu o livro “O pequeno príncipe”, do francês Antoine de Saint-Éxupery, por considerá-lo “subversivo” para as crianças argentinas
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