A história que aprendemos valoriza os reis do continente europeu e ignora as narrativas heróicas dos grandes suseranos da África, mas nessa thread vou contar a saga de um dos maiores imperadores deste planeta. Um homem que é quase um deus para seu povo, Osei Tutu 
O povo Axânti ou Asante surgiu do grupo étnico Akan, um dos mais antigos da nossa história. Indícios históricos apontam para mais de 7 mil anos A.C. Eles sempre tiveram uma organização militar e política complexa, com várias lideranças convivendo em um estado tributário
Toda sua tradição era passada de forma oral e através de aforismos impressos em tecidos conhecidos como Kente, suas cores e seus padrões construíram frases. O desta imagem significa NA GYA DA MU - Crise na nação OYOKO.
Apesar das riquezas culturais, as alianças entre os chefes de estados da região se mostraram frágeis, até que Kofi Osei Tutu começou uma campanha de unificação de todos os povos Akan.
Ele chegou ao poder de um clã através da tradição matriarcal africana, onde o poder reside na mulher e é entregue ao filho para que ele lidere também as guerras enquanto sua mãe se torna uma conselheira e rainha mãe.
Com apoio do seu principal sacerdote Okomfo Anyoke, respeitado por ter poderes místicos, Osei passou a unificar também os rituais e os costumes do povo, a fim de que as tradições locais não dissolvessem seus planos.
Em um capítulo mítico dessa história, Okomfo teria invocado dos céus um banco dourado que repousou sobre os joelhos do novo Rei. Esse trono, Sika Dwa Kofi , seria a materialização da alma de toda nação e símbolo sagrado da sua união.
Com o presságio milagroso, Osei unificou todos no Império Axanti no começo de 1701 e assumiu como o guia espiritual, político e militar do império. Então montou um conselho com os chefes de estados antigos e por fim acabou com as tradições concorrentes para consolidar o império
Durante seu reinado, a área do império triplicou de tamanho. Residindo onde, hoje é o país de Gana. Osei morreu em 1717, mas o seu reinado se estendeu até os anos 1896. Bancos se tornaram símbolos de poder e passaram a ser ornamentados e Sika Dwa Kofi foi passado por gerações
Após 1896 a Grá-Bretanha invadiu o território Axânti e tentou dissolver a unicidade do seu povo, impedindo que novos reis fossem proclamados. Um Ministro britânico foi enviado para a cidade de Kumasi, sede do governo escolhida por Osei Tutu.
Por anos, enquanto reis eram exilados o povo se mantinha esperançoso, porque o símbolo de sua alma, o trono de ouro nunca foi encontrado pelos britânicos. De alguma forma quando um rei Axânti era capturado o símbolo do seu povo desaparecia na multidão.
Tamanha resistência forçou os europeus a considerarem um protetorado para o povo Axânti em 1935. Até hoje em uma cerimônia chamada Adae Kese, o banco de ouro é exibido em uma procissão. O reino é protegido hoje na constituição do país, Gana e Osei nunca será esquecido.
