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Comecei a ler o "Como as Democracias Morrem" e nele os autores se questionam por que depois de décadas de avanço democrático (transição dos países comunistas do Leste Europeu, fim das ditaduras latino-americanas, passando pela primavera árabe), vivemos uma recessão democrática?
Eles estudaram crises democráticas em todo o mundo. Achavam, porém, q os EUA estavam imunes. Até que: "Estamos preopcupados. Os políticos norte-americanos agora tratam seus rivais como inimigos, intimidam a imprensa livre e ameaçam rejeitar o resultado das eleições" #Brasil2018?
Mussolini - diz o livro - fez sua parte para sacralizar-se como mito, mas a verdade é mais mundana: "usou os votos de seu partido, as DIVISÕES ENTRE OS PARTIDOS, o MEDO DO SOCIALISMO e a ameaça de violência dos 30 mil camisas-negras para capturar a atenção do tímido rei (...)"
No começo, o mercado e o establishment liberal aplaudiram Mussolini mas logo a Itália "se viu sob rédeas e esporas". Versões semelhantes dessa história: Hitler, Fujimori, Chávez. "Em cada caso, as elites acreditaram q o convite para exercer o poder conteria o outsider". Erraram.
Manter autoritários longe do poder tb é tarefa dos partidos. Como escreveu Juan Linz, cientista político alemão,"a morte de muitas democracias remonta ao fato de um partido dar preferência a um extremista do seu lado do espectro político do que por partidos do outro lado".
"Por fim, sempre q extremistas emergem como sérios competidores eleitorais, partidos predominantes devem forjar uma frente única para derrotá-los. P/ citar Linz, devem estar dispostos a 'juntar-se com oponentes ideologicamente distantes,mas comprometidos com a ordem democrática"
Como Trump conseguiu driblar as travas partidárias para ser indicado à presidência? Ele descobriu novas "maneiras de usar a velha mídia como um substituto dos endossos do partido" e das despesas tradicionais de campanha: atraía coberturas gratuitas criando #controvérsias.
"Muitos republicanos se apegaram ao dito segundo o qual os críticos de Trump o tomavam literalmente, mas não seriamente, enquanto seus apoiadores o tomavam seriamente mas não literalmente". De novo: #Eleições2018
O livro monta um teste de 4 pontos para medir se um candidato é um potencial ditador. O 1° é, att 🚨: "desdém pelas regras democráticas". No caso de Trump, "questionou a legitimidade da eleição e deixou no ar a sugestão sem precedentes de que poderia ñ aceitar o resultado"
Teste do candidato-ditador, segundo o livro Como as Democracias Morrem: ( ) desdenha as regras eleitorais? ( ) negação da legitimidade do adversário? ( ) tolerância ou encorajamento da violência? ( ) tendência a restringir liberdades civis? #Eleições2018
Ainda sobre o "Como as Democracias Morrem", os autores falam muito sobre as regras não escritas da democracia. A primeira é tolerância mútua entre adversários. A outra é "forbearance": exercer prerrogativas institucionais com moderação, no estilo "Poder, pode. Mas precisa?"
Citam o impeachment express de Lugo no Equador em 2012 e o de Abdalá Bucaram, acusado de "incapacidade mental", no Equador em 1997."Se usado de forma trivial, o impeachment pode se tornar um instrumento partidário p/ enfraquecer juntas apuradoras e derrubar resultados eleitorais"
Nos Estados Unidos tem o caso do senador Joseph McCarthy nos anos 1950 que apelou para o sentimento anticomunista para desacreditar adversários, um porrete contra a tolerância mútua entre Republicanos e Democratas. (Adj: macarthismo)
Hj, Trump - tal qual Fujimori, Chávez e Erdogan - começou seu mandato lançando ataques retóricos contundentes contra adversários. Chamou a imprensa, por ex, de inimiga do povo americano. Ainda na campanha, levantou falsas acusações de fraude, minando confiança pública em eleições
A atitude dos políticos ecoa no povo: quando regras não escritas são violadas reiteradamente, as sociedades tendem a "diluir a definição de desvio comportamental". O q antes era visto como anormal se torna normal. (Ver: vereadora executada, caravana alvejada, facada em comício)
Solução? Buscar caminhos institucionais e não se baixar ao nível dos autoritários. Problema da norma anterior? Eram acompanhadas por exclusão. "Hoje é preciso fazer essas normas funcionarem numa era de igualdade social e diversidade étnica". Diversidade = Democracia.
***Lugo: Paraguai. Bucaram: Equador
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