Meu pai escreveu um texto no grupo da família do WhatsApp discutindo com parentes que votam nulo que gostei tanto que quero compartilhar. Sigam a thread.
Orgulhosamente, sigo meu filho: votei no Ciro no primeiro turno, concordando que o PT errou demais, e no Tarcísio para o governo do Estado. Perdi nas duas. Agora, quase sem esperança, voto contra o Bolsonaro e no Eduardo Paes.
No programa do Witzel, o Coiso do Coiso, está a privatização da UERJ, bem como a autorização para o abate (ipsis litteris) dos "meliantes". Como diz o Safatle, o maior crítico do lulismo dentro da esquerda, as pautas preconceituosas e absurdas do Bolsonaro são cortina de fumaça.
Como Berlusconi, ele é o bobo da corte que esconde a retomada do poder pelas múmias e pelos órfãos da ditadura. Se antes tínhamos medo do guarda da esquina, como lembrou Pedro Aleixo a Costa e Silva, agora nos apavoramos com o vizinho, com o aluno, com o colega de trabalho.
Já está morrendo gente. Vai morrer mais ainda. Os professores somos desde já alvos preferenciais. Marielle, irmã de uma aluna nossa, não foi um ponto fora da curva, mas a autorização para matar os "inimigo" - melhor ainda se for mulher, negra e gay, perfeito!
Esse juiz católico, ex-professor substituto na UERJ, o mais medíocre entre os medíocres, segundo os alunos e o Lattes, ao aplaudir os idiotas que rasgaram a placa em homenagem a Marielle, indiretamente aplaudiu os seus assassinos. Na ótica militar, são apenas danos colaterais.
Eu, professor de literatura, diretor do vestibular da UERJ, sou alvo claro: basta indicar o livro "errado" ou fazer a pergunta "errada" para os adeptos da escola sem partido-exceto-o-partido-deles chegarem com tudo, jogando cadeiras, mesas ou bombas.
Eu pelo menos já posso me aposentar e me esconder em Teresópolis, se possível sem escrever mais nenhum livro.
That's all, folks. Algum dia eu chego lá e aprendo a escrever assim.
