Como a votação do Haddad se compara com a recebida por Dilma no primeiro turno de 2014? Fiz esse exercício, e o resultado mostra que as duas votações estão muito associadas. Onde o PT foi bem em 2014 – ou em 2010 e 2006 – também foi agora, em média. 
Como o gráfico acima mostra, a votação de Haddad está associada positivamente com a de Dilma na última eleição. O que isso quer dizer? Que é possível predizer razoavelmente bem a votação do primeiro sabendo apenas a votação da segunda. Mas há uma questão importante aqui.
De forma geral, o desempenho do Haddad foi 10 pontos percentuais pior em todos os municípios em relação a Dilma. Nesse outro gráfico, quebrei essa relação por região para mostrar isso: pontos abaixo da linha indicam municípios onde ele teve menos votos que Dilma em 2014.
Como fica mais ou menos nítido, à exceção do Nordeste, Haddad foi conseguiu menos votos válidos na maioria dos municípios das demais regiões – e principalmente em municípios grandes, com mais eleitores. Nesses, Bolsonaro nadou de braçada.
Para além desses fatores, há muita variação entre estados. No gráfico abaixo, destaquei dois exemplos: Bahia, onde Haddad teve votação parecida com a da Dilma; e Ceará, onde Ciro ocupou seu espaço (todos os pontos ficam muito abaixo da reta). SP e MG foram casos típicos.
No agregado, o desempenho de Haddad foi o inverso do de Bolsonaro nos municípios de cada região: melhor no Nordeste, como já dito, mas pior nos demais. Em todas elas, contudo, Dilma se saiu melhor que Haddad, com destaque para Centro-Oeste e Sul.
Como já vem sendo apontado por jornais e articulistas, municípios grandes, com mais de 500 mil habitantes, também foram chave para explicar a baixa votação de Haddad comparada a de Dilma em 2014: ele foi muito pior neles; já Bolsonaro, muito bem.
Antes de encerrar, uma questão que me parece importante é a da mudança das bases eleitorais do PT ao longo do tempo. Para dar alguma pista sobre isso, fiz os seguintes mapas com as votações do PT em primeiros turnos de eleições presidenciais desde 2006.
Municípios do Sul (principalmente no oeste catarinense e norte gaúcho) deixaram de dar votos majoritariamente pro PT. O apoio no Norte diminuiu de 2010 para 2014 e de lá pra cá, assim como no Centro-Oeste. O Sudeste virou um espaço vazio no mapa.
Talvez o que seja mais curioso é a perda considerável de votos nas grandes metrópoles, que no início era onde o partido conquistou muitos de seus votos. A ver como ficarão as coisas no segundo turno.
