Bolsonaro e seus aliados seguem demonstrando intolerância em relação à imprensa, aos opositores e às minorias. Jornalistas, negros, mulheres, trans, gays, eleitores do PT - muitos estão com medo; é um fato, não “fake news”. E com razão.
Esse medo não resulta de paranoia. Resulta do que Bolsonaro e seus aliados dizem - e o candidato deixa de dizer. Ainda que se precise esclarecer muitos dos relatos de agressões nos últimos dias, não se trata de uma invenção coletiva, algo imaginário ou sabotagem do PT.
É incontroverso que temos episódios de violência e a ascensão de um clima de medo entre quem não apoia Bolsonaro. O discurso dele e de seus aliados - novamente, o que dizem e o que não dizem - no mínimo contribui para esse preocupante quadro.
Se vencer, Bolsonaro será presidente de todos os brasileiros. E não somente daqueles que o apoiaram. Terá obrigações constitucionais que exigem dele uma condenação contundente do discurso de violência e intimidação que perpassa a fala de muitos de seus aliados.
Nenhum brasileiro - seja negro, seja gay, seja mulher, seja petista, seja jornalista - pode ser obrigado a viver com medo por ser quem é ou por suas posições políticas. Isso não é opção numa democracia. E é obrigação do presidente respeitar isso. Estimular tolerância, não ódio.
Sim, o PT, apesar da higienização histórica que alguns tentam promover agora, nunca foi um exemplo de tolerância política, social e jornalística quando esteve no poder. Mas isso não atenua o que Bolsonaro e sua turma dizem ou deixam de dizer num momento tão capital da República.
