Thread by @goescarlos

Poucas vezes tivemos uma proposta de reforma da previdência que coloca tanto o peso do ajuste sobre os mais ricos. Se você se preocupa com justiça social, veja esse fio para entender pq a proposta é boa e o que deveria mudar. 👇🏽👇🏽

Quem ganha perto de um salário mínimo, vai contribuir *menos* pra previdência, ganhando a mesma coisa.

Quem ganha o teto do regime geral, vai contribuir um pouco mais.

Quem ganha perto do teto do funcionalismo público, vai contribuir muito mais. Faz sentido, porque essas são pessoas que tipicamente estão nos 2% mais ricos do país.

Políticos vão parar no RGPS.

Os que ganham mais não vão poder acumular a pensão de cônjuge morto com sua aposentadoria. Os mais pobres sim.

Os que ganham mais do que o mínimo vão ter que trabalhar mais tempo para conseguir ganhar 100% da média das contribuições. Os mais pobres ganharam mais que 100% da média, pq estão protegidos pelo SM que aumenta de valor em termos reais.

As regras também valem para o funcionalismo estadual, que é ainda mais problemático que o federal e não se resolve por inação de assembleias e governadores.

Se você se preocupa com justiça social, qual defendia ser o foco do seu pedido por mudança?

Deixar claro que o modelo do BPC não pode reduzir os benefícios aos pobres (incluindo por exemplo uma escalada linear de benefícios ano a ano até chegar em 1SM.

A aposentadoria rural precisa ser melhor analisada. Por um lado é cheia de fraudes e o modelo atual leva a défices crônicos. Por outro, pular já pra 20 anos de contribuição pode ser muito exigente.

E os militares? São algo importante, já que os militares representam o maior défice per capita por categoria.

Mas a reforma dos militares não precisa ser feita por PEC - e sua inclusão na PEC pode ajudar a matar uma PEC que já sofre muita resistência. O que fazer? A oposição deveria apresentar PL da reforma da previdência dos militares, com parâmetros que julguem necessários.

É importante entender que poucas vezes tivemos uma proposta de reforma que coloca tanto o peso do ajuste sobre os mais ricos. Se você se preocupa com progressividade e justiça social, deveria estar feliz. Há correções a serem feitas, mas o cerne está bom.

A maior resistência às reformas vai vir das corporações (altos funcionários públicos), que tem muito a perder com ela. No afã de querer defender os pobres, não acabe defendendo as corporações dos ricos.