Thread by @impedimento

International Board aprovou mudanças na regra do futebol para 2019/2020 e algumas delas são bem relevantes:

- Gol com toque na mão tem que ser sempre invalidado, mesmo acidental

- Bola não precisa mais sair da área em tiro de meta (para times POSSEIROS que batem curto, ajudará)

- Não será mais possível que jogador do time que ataca interfira na barreira (o que talvez acabe com a "barreira de atacantes") em uma falta

- Goleiro só precisará ter um pé em cima da linha nos pênaltis (mini-adiantamento agora é legal; não que já fosse a regra mais seguida)

- Não haverá mais cera tolerada em substituição: o jogador deve sair pelo lado do campo mais próximo de si, nada de caminhar o gramado inteiro para cumprimentar o colega que entra

- Aparentemente, passará a haver CARTÃO AMARELO para membros da comissão técnica, não só expulsão

Essas e outras medidas, ainda listadas de forma resumida (e não em linguagem de regra), nesse link:

https://twitter.com/TheIFAB/status/1101850357095899136

Uma regra inequívoca para toques de mão em lance de gols é um avanço gigantesco.

Já a permissão oficial do "passo" do goleiro em penal pode gerar uma farra enorme na defesa de pênaltis. Antes a regra era bem clara e já se desrespeitava, agora ficará na margem do pode/não pode.

Sobre toque de mão: muita gente não conhece a regra (agora antiga) de verdade, mas gol de mão não era 100% irregular. Toques não deliberados não invalidavam a jogada. Era possível fazer gol de mão "acidental" e ele valer, por absurdo que isso pareça. Ficava pelo bom senso do juiz

Outro questionamento que surgiu é PRA QUE DIABOS dar mais margem para treinadores infernizarem, criando cartão amarelo para eles: talvez já se esteja prevendo punição cumulativa por encher o saco (em vez de só expulsar em casos extremos). Talvez comecemos a ver técnico PENDURADO.

Já pensou o treinador estrelão forçando o terceiro amarelo para não ter que viajar para o interior do Tocantins na próxima fase da Copa do Brasil?

Sobre a International Board (IFAB) e seu poder sobre as regras do jogo: é interessante que essa entidade seja um resquício do legado britânico no futebol moderno. Manteve-se mesmo após a criação da Fifa, para as NAÇÕES ORIGINÁRIAS não perderem controle sobre o esporte (segue)

Hoje, são 8 votos na IFAB:
4 da Fifa
1 voto cada para as federações de Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales

São necessários 6 votos para uma mudança ser aprovada. Ou seja: nada passa sem apoio da Fifa, mas ela, sozinha, não apita nada. Foi a forma de equilibrar.

Todas as regras do futebol são definidas pela IFAB, que no fundo é quem manda de verdade na evolução do esporte.

Pessoal quer saber o que os pernas de pau de Gales e da Irlanda do Norte fizeram para merecer voto: nos primórdios, esses eram os 4 países que jogavam bola antes de todo mundo, então eram eles que ditavam as regras. A IFAB surgiu em 1883 para unificar tudo. A Fifa só veio em 1904

Para ninguém perder a queda de braço, as quatro nações originais mantiveram sua força. No início, era bom negócio para a Fifa, pois sem apoio britânico ninguém a levaria a sério. Hoje é meio bizarro dar tanto poder para países futebolisticamente irrelevantes, mas a tradição segue

No início, o voto da Fifa valia igual ao dos países. O modelo atual (4 para a Fifa, 1 para os demais) só começou a valer em 1958. Ou seja, levou décadas para os britânicos caírem na real de que a disputa de forças havia virado e agora eram eles que precisavam mendigar relevância.

Finalmente, por que a Irlanda do Norte e não a outra: no início era uma só. Quando a atual República da Irlanda (Eire) se rebelou e mandou o Reino Unido às favas em 1921, formou uma federação local nova. A mais antiga ficou na Irlanda do Norte, que reteve o voto da ilha.

Quem vota, além da Fifa:

The Football Association (Inglaterra), fundada em 1863
Scottish Football Association, de 1873
Football Association of Wales, de 1876
Irish Football Association (Irlanda do Norte), de 1880

A Football Association of Ireland (Eire) é de 1921 e está fora.

Ou seja, esses 4 países ainda votam porque a IFAB era um negócio DELES antes de incluir (ou de existir) a Fifa. Com o tempo, o futebol do resto do mundo passou a ser mais importante que o deles, e abriram mão de boa parte do poder para não perderem totalmente as rédeas da coisa.

Na direção oposta, bem no início a Fifa aceitou em manter o poder com eles porque ela própria não sairia do chão sem ser reconhecida pelos "pais do jogo". Basta ver o desprezo inglês à Copa do Mundo, que só caiu em 1950. Se a Fifa comprasse briga ainda em 1904, nascia morta.

Uma mudança de regra que está dando o que falar é a novidade na cobrança de tiro de meta. Ainda não saiu o texto oficial da nova regra, então tudo o que se diz é pura especulação, mas há boas chances de não ser uma mudança, na prática, tão grande como parece (próx. tweet)

A tendência é que ninguém possa "esperar passe" dentro da área ou marcar a saída do goleiro. Só poderá haver "invasão" após a bola rolar, mais ou menos como em pênalti. Jogadores dos dois times poderão INTERCEPTAR a bola na área, o que não pode hoje, mas não podem ESPERAR lá.

Se for isso mesmo, a mudança prática vai ser bem pequena, porque não vai ser tão simples de fazer marcação no tiro de meta mais MORDAZMENTE em comparação com o que já acontece hoje. Os times já estão marcando nas beiradas da área para evitar a saída curta.

Claro que pode sair o texto da regra e não ser bem isso, mas considerando quão conservadora a International Board é, seria realmente uma surpresa permitir que houvesse gente dentro da área antes de o goleiro cobrar o tiro de meta.

Saiu o texto explicando a nova regra do tiro de meta e é aquilo que se imaginava: a bola só está "em jogo" depois que se mexer. Vale pegar a bola antes de ela sair da área, mas adversários têm que esperar ela entrar em jogo para poder invadir. Nenhuma razão para drama, no fim.

Aqui o detalhamento das mudanças definidas no início do mês e como elas devem ser aplicadas (em inglês): theifab.com/document/for-f…