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UM MINUTO DA VOSSA ATENÇÃO: em 2019, a Copa Libertadores chega a 60 edições disputadas.

Para celebrar a EFEMÉRIDE, começa aqui a série #60Jogos60Copas. Em parceria com o @punterobr, recordaremos ao longo do ano algumas das partidas mais importantes que marcaram essa história.
Uma a duas vezes por semana, recuperaremos - em threads - sessenta jogos simbólicos da Copa. Além de serem representativos pelo que aconteceu em campo (ou fora dele), as partidas seguem uma regra: para fugir das memórias mais óbvias, só falaremos de jogos que não foram finais.
Com exceção da primeira, contada aí abaixo, as partidas não seguirão uma ordem cronológica. Vamos mesclando. A cada mês, um desses jogos sairá do twitter e será abordado em um texto mais longo, sob as asas do nosso coirmão Puntero Izquierdo (@punterobr).
Hoje, começamos pelo começo. O Jogo 1 do #60Jogos60Copas é o 1º da história da Libertadores. Em 19 de abril de 1960, os campeões de Uruguai e Bolívia abriram a então chamada Copa dos Campeões da América. Essa é a história que levou àquele Peñarol 7x1 Jorge Wilstermann.
Uma história, é claro, que começa muito antes do jogo em si. Desde o início do século houve tentativas de opor campeões de nações sul-americanas. A mais antiga e notável foi a Copa Aldao, disputada entre 1916 e 1957 pelos campeões de Argentina e Uruguai.
A Copa Aldao não é torneio oficial da Conmebol, mas das federações nacionais: era co-organizada por AUF e AFA e dava ao vencedor o título oficioso de "campeão do Rio de Prata". O próprio Peñarol a ergueu uma vez, em 1929 (valendo por 1928), ao derrotar o Huracán por 3x0.
O mais importante antepassado é de 1948: querendo dar uso para o gigantesco Estádio Nacional, construído dez anos antes, o Chile passou a inventar toda sorte de torneios - e, naquele ano, organizou o pomposo Campeonato Sul-Americano de Campeões.
Vencido pelo Vasco de forma invicta, o heptagonal é o único embrião da futura Libertadores que a Conmebol reconhece como título em pé de igualdade (embora não como o mesmo torneio) com as conquistas da competição criada em 1960.
Finalmente, um antecessor mais recente foi a Copa do Atlântico de 1956, um torneio amistoso disputado por equipes de Argentina, Brasil e Uruguai, cujo final é controverso - há debate se houve WO do Boca ou se não jogaram a decisão e pronto, mas o Corinthians afirma ser campeão.
Seja como for, a Libertadores teve suas bases firmadas em 1959 a partir de uma proposta formal dos chilenos (sempre eles) e a primeira edição foi marcada já para 1960. Nasceu como Copa dos Campeões da América - Libertadores era o nome da taça, que passou a ser o do torneio em 65.
Inspirada pela Copa dos Campeões da Europa que existia desde a temporada 1955/56, a Libertadores foi o segundo torneio continental oficial de clubes do planeta, e foi diretamente motivada pela vontade de determinar o campeão do mundo, como contamos aqui:
Dirigente do Peñarol, Washington Cataldi descreveu esse sentimento às vésperas da estreia: "Esportivamente será preenchida uma necessidade evidenciada pela realização, na Europa, de um certame similar. O enfrentamento posterior com o campeão europeu terá repercussão mundial".
O torneio inaugural deveria reunir 8 times, em mata-mata:

🇦🇷 San Lorenzo x Bahia 🇧🇷
🇺🇾 Peñarol x Wilstermann 🇧🇴
🇨🇴 Millonarios x La U 🇨🇱
🇵🇾 Olimpia x Universitario 🇵🇪

Só Equador e Venezuela não tinham representação. Como o Universitario desistiu, o Olimpia foi direto às semis.
O Brasil, que nos anos 60 anos teria relação bipolar com a Libertadores e chegaria até a se negar a disputá-la após a violência que se seguiu às glórias do Santos, começou ainda meio CABREIRO e dedicou notas curtas ao torneio de 1960. O Bahia cairia de primeira para o San Lorenzo
Enquanto o Bahia tornava-se o primeiro clube do país a jogar pela Libertadores, em 20 de abril de 1960, levando 3x0 em Buenos Aires, os brasileiros estavam mais preocupados com o que acontecia no Planalto Central: a nova capital, Brasília, era inaugurada por JK no dia 21.
Claro que nada disso importava muito no dia 19, em Montevidéu, quando um público modesto para a época (35 mil pessoas) foi testemunhar a histórica estreia do Peñarol contra os campeões bolivianos - cuja atuação ingênua chegou a ser classificada de BISONHA pela imprensa uruguaia.
O jogo que abriu a Libertadores para sempre não foi, em si, muito memorável: o Peñarol abriu 4x0 ainda no primeiro tempo e terminou com um 7x1 na conta. Mas ajudou a iniciar trajetórias lendárias - e não só do próprio clube, mas também de seus atletas.
O primeiro gol da história sairia aos 13 minutos de partida, obra de Carlos "Lucho" Borges, pegando o rebote de uma bola de Luis Cubilla que havia ido no poste. Outros seis se seguiriam, um deles do próprio Cubilla, outro também de Borges (seus 2 únicos gols na Copa de 60)...
Mas o destaque foi Alberto Spencer, que fez 4 gols. Nascia ali uma marca incrível: desde seu PRIMEIRO DIA, a Libertadores tem em Spencer seu “maior artilheiro da história”. Daquele jogo inaugural até hoje, nenhum outro homem acumulou mais gols na Copa que o equatoriano.
Spencer, que defendeu o Peñarol entre 1960 e 1970, e ainda disputou a Libertadores pelo Barcelona (onde jogou em 71 e 72), tem ao todo 54 gols. O vice-artilheiro histórico, o uruguaio Fernando Morena (também do Peñarol, 1973-86), tem 37. O craque faleceu em 2006, aos 68 anos.
Outro nome daquele dia foi Luis Cubilla, um dos maiores copeiros da história da Libertadores. Após fazer também gol no jogo inaugural, ele seria cinco vezes campeão da América: como jogador, pelo Peñarol em 60/61 e pelo rival Nacional em 71, e como técnico, pelo Olimpia, em 79/90
Após a surra na ida, o Peñarol foi surpreendido na recepção em solo boliviano: no aeroporto, os jogadores do Wilstermann estavam aguardando com as suas esposas. Todos queriam fotos com os craques de quem haviam levado 7x1 alguns dias antes.
Os verdadeiros testes viriam nas fases seguintes: o Peñarol teria que superar o San Lorenzo de Sanfilippo e o Olimpia para ser campeão - o que faria, e de forma invicta.

Uma glória eterna iniciada naquele 19 de abril de 1960, no Centenario, que abriu a primeira das 60 Copas.
E assim termina o primeiro #60Jogos60Copas. Durante a semana, aproveitem os jogos da 60ª Copa Libertadores da América, e fiquem no aguardo para a sexta-feira. Quando a bola parar de rolar no presente, vocês terão o Jogo 2 da série para recordar o passado. Fiquem ligados.
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