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Vocês sabiam que a ditadura militar foi o período em que o sexo mais serviu como instrumento (sim, instrumento) oficial do governo pra promover a alienação das pessoas?
A indústria da pornochanchada e do "cinema sexual" nunca foi tão forte como no período entre 1974 e 1981, quando começou o sexo explícito no cinema brasileiro.
Era uma tática meio sorrateira dos censores. Faziam "vistas grossas" de mentirinha e deixavam passar o grosso da produção da Boca do Lixo, por exemplo. Porque era rentável e porque era um cinema que não pretendia a politização, com exceção de alguns títulos.
Golden shower era fichinha perto do que acontecia no Carnaval nos anos 80, por exemplo (sim, a MANCHETE transmitia, velhos lembrarão). E, definitivamente, não era pauta governamental.
Qualquer filme brasileiro, até os sérios, tinha nudez. Foi a consagração desta instituição chamada Cinema Nacional pré-retomada (anos 90): mulher pelada e palavrão.
Os grupos que alertavam para este "atentado ao pudor" eram minoria. Era uma coisa normal: se você fosse ao cinema pra ver filme brasileiro, era pra ver putaria.
Hoje, o cu alheio parece ser o inimigo número um do "cidadão de bem". Só que, amiguinhos, nem sempre foi assim. Há 30, 40 anos, o "cidadão de bem" era louco pra ver putaria na TV. E o governo louco pra divulgar. Alienava de forma eficaz.
As cortinas de fumaça mudam de tempos em tempos, como a gente vê. Antes, se produzia circo porque faltava pão. Hoje, produzem-se ondas de moralidade para defender a Pátria de inimigos como... o GOLDEN SHOWER.
Um dia ainda retomo meus estudos sobre a Boca do Lixo.
