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1 - Os motivos assessórios não importam. O olavismo foi derrotado no MEC por causa de leis básicas da política: a ação é superior à inação, a organização vence a desorganização, a instituição é superior à intriga, a segurança é melhor que a incerteza.
2 - E esse será o destino inevitável desse grupo político desarticulado no governo inteiro se não souber reconhecer isso e mudar de atitude. Não só do grupo, mas do próprio Olavo de Carvalho, que já anda sendo vítima de um ataque sistemático que promete sepultá-lo em breve.
3 - Já que topou participar da política, ganhou com isso os inimigos que lhe são próprios. E estes não vão soltar a presa até que só sobre a carniça. Podem apostar. O olavismo se propôs a ser uma força que iria capitanear uma guerra cultural dentro do governo, mas não aconteceu.
4 - A ideia parecia ser de aproveitar o espaço da burocracia para criar algo capaz de superar e substituir a estrutura de um sistema de educação que absolutamente não deixou bons frutos para o país. A mudança deveria equivaler à que Guedes propôs na economia e Moro na Justiça.
5 - Em menos de 40 dias, os dois superministros apresentaram pacotes que atacavam o coração do privilégio estamental (Previdência) e do garantismo penal (Pacote Anti-Crime).Mas e o Vélez? O Ministro sequer se mostrou capaz de fazer uma crítica contundente ao sistema educacional.
6- As estruturas básicas ficaram higienicamente preservadas - - Lei de Diretrizes Básicas (LDB), Base Nacional Curricular (BNCC), Conselho Nacional de Educação etc. Foi só declaração desastrosa, ações em segredo sem qualquer impacto, trapalhadas burocráticas e falta de brio.
7 - Não só isso. O olavismo tampouco demonstrou capacidade de disputar a opinião pública nesse campo. Não se escreveram artigos e nem mesmo se gravaram vídeos sobre qualquer um desses temas. O Olavo sozinho tem mais alcance que a Folha. E daí? Está desperdiçando esse ativo.
8 - Se ele só usou esse alcance para atacar adversários no governo e defender certos valores, o resultado foi só de aumentar o rol de inimigos. Até agora, a guerra cultural se restringiu a isso e ao compartilhamento de postagens da família Bolsonaro.
9 - Nesse sentido, o grupo parece padecer exatamente daquilo que é acusado comumente. Não é uma seita, não é um grupo organizado, não tem uma hierarquia própria, nem canais de articulação. Mas depende totalmente de uma figura central que não parece disposta a atuar como líder.
E o acesso a ela, por sua vez, permanece restrito a uma meia dúzia de intermediários que acabam atuando, conscientemente ou não, como gatekeepers. Aceitaram o ônus de compor governo, mas não perceberam que a briga exige organização, método, ousadia, institucionalização.
11 - Existem soluções de curto a longo prazo para esse impasse. A mais simples é aceitar a derrota e o silêncio. A mais difícil: criar logo um partido político. No meio do caminho há outras, mas que igualmente exigiriam menos bateção de cabeça, menos disputas de ego.
12- Enquanto isso,o Moro e o Guedes correm no páreo da disputa, o Tarcísio (um militar) se aproxima rapidamente pela infraestrutura. Quem se posiciona, recebe. Quem trabalha, prospera. Quem busca, encontra. E quem ousa, ganha a guerra.
