,
15 tweets,
5 min read
Read on Twitter
As perseguições que Pedro Mara vem sofrendo não são de agora e a história dele lança uma luz sobre as profundas relações entre três atores importantes da extrema-direita brasileira hoje: Escola Sem Partido, milícias e família Bolsonaro+ meiahora.ig.com.br/geral/2019/03/…
+ Em 2017, Bolsonaro denunciou Mara, um professor da rede pública estadual do Rio de Janeiro e diretor de escola democraticamente eleito por apologia ao uso de drogas. O motivo? Mara tem uma ilustração de uma folha de canabis tatuada no braço. Pois é... + odia.ig.com.br/_conteudo/rio-…
+ Apesar de esdrúxula, a atitude de Bolsonaro pode ser facilmente interpretada como uma tentativa de assassinato de reputação, prática amplamente empregada pelos entusiastas do bolsonarismo. E há um motivo pelo qual Mara se tornou um alvo dos assédios de Bolsonaro +
+ Mara é conhecido pela sua militância em favor da descriminalização da maconha, mas o que realmente parece estar por trás da atenção especial que ele recebeu de Flávio Bolsonaro é a sua atuação como diretor do Ciep 210, em Belford Roxo. + extra.globo.com/noticias/educa…
+ Enquanto diretor eleito pela comunidade escolar, Mara sempre fez questão de denunciar os problemas que afetavam o Ciep 210 e muitas dessas críticas se dirigiam à própria secretaria de educação e ao governo do estado do Rio. Ou seja, ele incomodava + 
+ Não parece por acaso que, das duas denúncias feitas por Flávio Bolsonaro contra Mara, uma junto ao Ministério Público e outra junto à secretaria de educação, só essa última foi levada adiante com a abertura de uma sindicância +
+ Vale um adendo aqui: o direito das comunidades escolares elegerem seus próprios diretores foi uma conquista do movimento de ocupações de escolas por estudantes. Até então, os cargos de direção eram ocupados por indicações da própria SEDUC + g1.globo.com/rio-de-janeiro…
+ Diretores eleitos por fora da alçada da SEDUC são comumente vistos como disruptivos e problemáticos, basicamente porque eles estão mais preocupados em fazer valer os interesses das suas próprias comunidades escolares do que os do governo do estado +
+ Pode soar bizarro, mas o fato de Mara denunciar casos de estudantes atingidos por bala perdida dentro da escola q ele próprio dirigia ñ era algo bem visto pela SEDUC. Essas denúncias queimavam a imagem do governo. Então, qualquer oportunidade para silenciar Mara era bem vinda +
+ A relação de Flávio Bolsonaro (da família toda, na verdade) com milícias não é novidade, mas a perseguição sofrida por Mara deixa tudo ainda mais explícito: uma pessoa que se torna alvo de ataques da família Bolsonaro também pode vir a se tornar alvo de ações das milícias +
+É importante destacar isso especialmente para os profissionais da educação. Desde que o Escola Sem Partido se consolidou como pauta da extrema-direita, o discurso de ódio contra professorxs tornou-se o principal combustível do movimento+ profscontraoesp.org/2016/06/03/o-o…
+O ódio aos professorxs não é um discurso vazio sem consequências práticas, uma cortina de fumaça. Ele se tornou política de Estado, tendo no Escola Sem Partido sua representação ideológica. É um discurso e uma prática de silenciamento e apologia da violência contra o dissenso+
+É provável que muita gente aprove a perseguição que Mara está sofrendo. Afinal, o que ele é além de um doutrinador comunista maconheiro não é mesmo? O discurso que naturaliza absurdos como esses é o discurso do Escola Sem Partido+
+Para concluir essa exposição (já excessivamente longa), vale pontuar que o autor do primeiro projeto de lei Escola Sem Partido, lá de 2014, é Flávio Bolsonaro. É assim que o ciclo se fecha. O Escola Sem Partido naturaliza a violência. As milícias terminam o trabalho
Desenvolvemos as ideias e referências dessa thread em um texto pro nosso site profscontraoesp.org/2019/03/18/a-f…
