Thread by @cryptolobopt

Vamos desmontar uma das figuras mais nefastas da história portuguesa e o responsável pelo centralismo que perdura até hoje.

O Marquês do Pombal foi ministro dos negócios estrangeiros de D. José I (1750-1777) e tornou-se mais conhecido que o próprio rei.

O rei deu-lhe plenos poderes para promover as grandes reformas pelas quais ficou conhecido. Soube lidar com os desafios com o conhecimento que obteve enquanto foi embaixador em Londres e sabia que havia um fosso entre Portugal e o resto da Europa.

Estava convencido que o motivo desse fosso era que o mundo civilizado florescia graças às ideias iluministas francesas.

Primeira medida que toma é retirar o ensino da alçada dos jesuítas que usavam a Biblia e as obras de S.Tomás de Aquino e Aristóteles. Pombal justificou que estes métodos estavam distantes dos desenvolvidos em países como Inglaterra.

Na altura os jesuítas eram bastante respeitados em toda a Europa pelo trabalho desenvolvido na academia portuguesa.

Com esta medida acabou por estatizar a educação em Portugal e acabou por expulsar os jesuítas de todo o império, seguindo as orientações dos iluministas franceses que eram anti-cristãos.

Apressou-se em mandar traduzir as obras de Diderot, Voltaire e Rousseau e modificou o currículo das academias para formar homens capazes de identificar as riquezas do reino.

Com isto Pombal conseguiu que fosse eliminada a liberdade de pensamento. As novas diretrizes eram impostas por meio de "medidas intimidatorias como o reparo, demissão e a prisão."

O objectivo do ensino era basicamente servir o Estado.

Não é preciso dizer que o projecto científico fracassou porque Pombal tentou impor o seu sistema desconhecendo a realidade do país. Em vez duma reforma à inglesa, agiu como um iluminista a cortar cabeças.

Nas colónias, Pombal centralizou o poder. Acabou com as capitanias hereditárias e planificou a economia, colocando a iniciativa privada ao serviço do governo.

Criou a Real Mesa Censória em 1768, com o objectivo de transferir, na totalidade, para o Estado a fiscalização das obras que se pretendessem publicar ou divulgar no Reino, o que até então estava a cargo do Tribunal do Santo Ofício.

Expropriou os Távora, expulsou os judeus e não hesitou em criar monopólios para esmagar a concorrência. Fundou o Banco Real (CGD da altura) e criou uma estrutura para administrar os impostos (gerida por ele).

A simpatia pela pobreza presente na nossa tradição cultural até hoje “fomenta a crença da responsabilidade do Estado por tal fenómeno, quando os países que a eliminaram não o fizeram graças à intervenção estatal mas pela prática de uma economia livre

baseada na valorização do trabalho, no apreço aos bem-sucedidos, no reconhecimento da legitimidade do lucro, enfim, valores todos contrários ao que nos foi legado pela Contrarreforma e inculcado à força pela Inquisição”

António Paim

“O pombalismo foi o casamento do iluminismo francês com o mercantilismo e o patrimonialismo, que passaram a coabitar e a retroalimentar-se em benefício das elites políticas e empresariais ligadas ao governo.”
Basicamente Portugal 250 anos depois...