, 9 tweets, 4 min read Read on Twitter
A ditadura militar foi uma das épocas mais sombrias da história brasileira. Essa thread vai lembrar como o governo da época trabalhou para oprimir o nascimento e desenvolvimento de uma consciência negra no país. Por @savagefiction para o @theinterceptbr 👇🏾
Desde 1930, já vigorava por aqui a ideia, descrita em Casa Grande & Senzala de Gilberto Freyre, que a mestiçagem criara uma harmonia entre raças. Mas, na prática, os negros continuavam à margem, e o governo temia que o nacionalismo negro dos EUA chegasse no Brasil.
Durante a ditadura, a tese da democracia racial norteava o governo. Ela defendia que a miscigenação resolvera as diferenças entre brancos e negros no país. Mas a Comissão da Verdade concluiu, em 2014, que isso atrasou a criação de instrumentos jurídicos para denunciar o racismo.
No final da década de 60, com a explosão da cultura black americana, o medo era de que as manifestações culturais influenciassem o surgimento de uma identidade cultural negra brasileira.
Os militares aterrorizavam manifestações da cultura negra, impedindo bailes blacks e levando seus integrantes para a delegacia em SP. Na Bahia, o primeiro bloco de carnaval negro, o Ilê Aiyê, tinha seus ensaios monitorados e eram classificados como desordeiros.
Em 1968, o governo militar ratificou sua participação na Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, divulgando a imagem de paraíso racial. Mas recusou-se a ser fiscalizado e não dava a chance de grupos fazerem denúncias.
O tema era sensível aos militares e considerado uma subversão do país. Documentos de 1978 revelam a preocupação dos militares com a exploração do tema racismo, citando “Os grupos do Movimento Negro de Salvador são: Ialê, Malê, Zumbi, Ilialê”
Naquele ano, Robson Silveira da Luz, um feirante, foi acusado de roubar frutas. Levado por policiais, o jovem negro de 27 anos acabou torturado e morto. Foi um dos estopins para que nomes como Lélia Gonzalez e Abdias Nascimento reunissem o Movimento Negro Unificado o MNU.
Até hoje, militares e líderes ligados ao militarismo brasileiro negam o racismo da nossa sociedade, utilizando a tese (falsa) da democracia racial, desmentida por vários estudos após a obra de Freyre.
Missing some Tweet in this thread?
You can try to force a refresh.

Like this thread? Get email updates or save it to PDF!

Subscribe to The Intercept Brasil
Profile picture

Get real-time email alerts when new unrolls are available from this author!

This content may be removed anytime!

Twitter may remove this content at anytime, convert it as a PDF, save and print for later use!

Try unrolling a thread yourself!

how to unroll video

1) Follow Thread Reader App on Twitter so you can easily mention us!

2) Go to a Twitter thread (series of Tweets by the same owner) and mention us with a keyword "unroll" @threadreaderapp unroll

You can practice here first or read more on our help page!

Follow Us on Twitter!

Did Thread Reader help you today?

Support us! We are indie developers!


This site is made by just three indie developers on a laptop doing marketing, support and development! Read more about the story.

Become a Premium Member ($3.00/month or $30.00/year) and get exclusive features!

Become Premium

Too expensive? Make a small donation by buying us coffee ($5) or help with server cost ($10)

Donate via Paypal Become our Patreon

Thank you for your support!