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Complicado achar que o modelo alemão se aplica automaticamente. Ainda mais para os policiais. A polícia alemã matou só 14 pessoas em 2017. 11 em 2016. O país europeu também não tem um histórico de forças policiais brutais e infiltradas pelo crime
As estatísticas na Alemanha mostram que a maioria dos policiais passa décadas na função sem jamais disparar contra outra pessoa.
Em 2016, toda a força policial do país reportou apenas 52 situações em que policiais tiveram que disparar contra suspeitos – em vários casos, os tiros foram de advertência ou contra pneus de veículos em fuga.
É verdade que os policiais alemães morrem menos. Em 2016, apenas um agente morreu em serviço em toda a Alemanha (isso mesmo: apenas um). O país tem 300 mil policiais. Já no Brasil... foram mais de 110 mortos só no Rio de Janeiro em 2016.
Esse caso de 2016 na Alemanha envolveu um policial de 32 anos que foi baleado por um militante de extrema direita do movimento Reichsbürger nos arredores de Nuremberg.
Há também outra atitude em relação aos excessos da polícia.Em 2015, um policial foi acusado de torturar dois imigrantes em Hanôver. O chefe da Polícia Federal foi ao parlamento falar sobre o caso e disse que policiais que ficassem em silêncio eram tão culpados quanto o torturador
E a Alemanha tem uma taxa de esclarecimento de homicídios bem alta. 95.5% em 2017. A do Brasil mal chega a 4% em algumas estimativas. Se os investigadores não conseguem fazer o mínimo, como a Justiça vai avaliar se era caso de legítima defesa?
Outra diferença: 80% dos alemães confiam na polícia, segundo pesquisa de 2017. No mesmo ano, levantamento da FGV apontou que o índice é de apenas 26% no Brasil.
Toda hora aparece alguém defendendo alguma "solução alemã" isolada para resolver magicamente as coisas. Mesma coisa com modelo do voto distrital misto. Só vai piorar se aplicado isoladamente. Tem que levar junto mecanismos de fiscalização de partidos e contas
No caso da legítima defesa, querem ampliar o entendimento para uma polícia que não investiga homicídios, mal treinada, com cultura de impunidade, que tem deficiência de programas de acompanhamento psicológico para policiais, com problemas de corrupção etc.
