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@lmegale Boa noite.

Em famoso pensamento de Peirce, temos o entendimento de que o pensamento não está em nós, nós é que estamos em pensamento.
Não reagimos mecanicamente às situações, de forma sempre igual.
Estamos sempre em movimento, criando novos signos, aprendendo.
O importantíssimo é ter em mente: há comunicação, há aprendizado. Se há ação do signo, mentes elaborando conteúdos, há aprendizado, há diálogo.
Um grande desafio contemporâneo a quem trabalha com educação é o formato multimeios da comunicação. O código hegemônico não é apenas verbal, tampouco apenas imagem.
É sim o cruzamento, a junção de diversas linguagens, presente na rede de computadores, nos vídeos, na publicidade, na linguagem do shopping center.
Estamos vivendo tempos sombrios em matéria de qualidade do ensino, em nosso país, especialmente se considerarmos a educação pública.
Os resultados são catastróficos. Houve queda no desempenho em matemática. Na redação foi pior ainda.
Vamos caminhando para o fundo do poço.
Ou seja, são estudantes que concluíram o ensino médio, sabe-se lá Deus como, mas padecem dos males do analfabetismo funcional. São incapazes de raciocínios elementares.
O que se pode esperar dessa geração?
Como se vê, há problemas em todas as frentes. A educação básica cresceu em números, é certo, mas não corresponde às expectativas no que tange qualidade.
Enquanto se discute o sexo dos anjos, os resultados concretos estão aí, diante de todos, mostrando que há um longo caminho a ser percorrido.
O curioso é que pouco se fala na formação e no aperfeiçoamento dos professores, em todo esse processo. Temos quase 3 milhões deles, no Brasil inteiro, mas é sabido que a qualidade do que se ministra nos cursos de magistério deixa muita a desejar.
Temos que melhorar os cursos de preparação dos professores, na dupla condição de conteúdos mais adequados e uma presente interatividade, palavra que pode enriquecer, e muito, o que se passa hoje em sala de aula.
Para acabar com essa vergonha, só uma ampla reforma.
Toda vez que se aborda um plano de governo, em que nível, surge a expressão qualidade do ensino. Uma tristeza! Verifica-se que tudo é de uma lentidão irritante.
Enquanto isso, o analfabetismo cresce, em vez de decrescer, seja pelos milhões acumulados de seres humanos que nunca pisaram numa sala de aula, seja por outros milhões que deixam a escola sem nada aprender, como é o caso dos analfabetos funcionais, ...
...essa nova praga que ameaça comprometer o futuro da nação.
Isso significa que a maioria desses jovens chega ao final do curso sem saber ler e escrever ou fazer as quatro operações aritméticas, o que é tão mais grave quanto se sabe que ler, escrever e calcular são os pré-requisitos básicos da vida cultural e da sobrevivência competitiva.
Todo aprendizado ocorre por meio de signos. O processo comunicativo é fundamental à cognição.
Aprendemos comunicando, e comunicamos aprendendo.
Mesmo sem querer, comunicamos (por meio da linguagem corporal, por exemplo).
Mesmo sem querer, aprendemos, todas as vezes que participamos de uma cadeia sígnica.
Estamos no mundo nos comunicando e aprendendo.
Os objetos à nossa volta e dentro de nós produzem diálogo constante, constante processamento, constante produção de signos.
Quando vamos ao cinema, aprendemos alguma coisa em nossa leitura do filme. Se o conteúdo apreendido é eticamente interessante, é outra questão.
Se assistirmos um acidente, um fato trágico, ao conversarmos nos bares, na Igreja, no olhar vitrines.

Estamos sempre aprendendo.
A diferença com o conhecimento proposto pela instituição escola, ou pela universidade, é que a universidade procura conduzir o caminho de aprendizado, com objetivos claramente pedagógicos.
Ir ao cinema pode parecer mais agradável, pois vamos quando queremos, o que é importantíssimo: o afeto inicia qualquer relação de aprendizado – o que não me afeta, não atinge minha mente, não formará signo.
Ir à universidade pode parecer obrigação, mas ali o sujeito é exposto a conteúdos de uma área que escolheu para estudar e para agir profissionalmente.

É fundamental que haja algum afeto.
Entenda-se, contudo, que para a semiótica, onde ocorrer comunicação há aprendizado. Há aprendizado onde houver ação do signo.
Com esse entendimento, podemos ampliar a noção de processo educativo, e talvez mudar alguns de nossos parâmetros.
Na sala de aula convencional, toda vez que ocorrer comunicação, ocorre aprendizado, sempre de acordo com o capital disponível de cada um e também de acordo com o afeto dado e recebido no processo.
Com isso, nota-se que há tantos ritmos de aprendizado quantos forem os posicionados como alunos – professor inclusive.
Por que insistir na importância do afeto? Porque o afeto conecta-se à primeiridade, categoria fundamental de todo processo semiótico. Sem esse sentimento de algo que nos toca não se efetua o processo sígnico completo.
O que ocorre, se não nos afeta de alguma forma, não produzirá signos. Toda relação com afeto, criativa, constitui-se em troca interpessoal, mesmo que de mim com meus pensamentos. Se estivermos dispostos, há muitos lugares para praticar o diálogo
Não se discute o ensino superior no Brasil, discute-se o acesso ao ensino superior, por isso, não existe uma política universitária, uma política educacional do ensino superior.
Mas, as universidades devem ensinar o quê?
É para continuar formando quais profissionais na graduação?
Nós queremos universidades de qualificação mundial no Brasil?
Queremos universidades de ponta comparadas às de outros países?
O que devemos ensinar aos estudantes universitários?
Não se discute o ensino superior no Brasil, discute-se o acesso ao ensino superior, por isso, não existe uma política universitária, uma política educacional do ensino superior.
A educação brasileira é um dos tristes marcos do período republicano e nos três últimos governos. E talvez venha a repetir o mesmo ciclo de frustrações no atual governo.
Por que o governo brasileiro não briga pela educação como faz pela Copa do Mundo de Futebol ou Copa América?
Por que futebol e educação sempre jogaram em campos opostos?
O Japão, a Coreia, a China, a Alemanha questiona, pois, o seu modelo educacional. Enquanto isso, no Brasil, os Ministros da Educação saem felizes do Governo porque deram merenda às crianças carentes.
A educação é o caminho, antes que o país afunde de vez na ignorância, miséria e violência.
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