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Toda vez que falo de racismo aqui recebo inúmeros xingamentos nos replies e nas DMs. Alguns, muitas vezes, vindos de pessoas negras.

Resolvi contar aqui situações em que o racismo se fez presente na minha vida como homem negro.
Quando eu era criança (uns 7 anos) o segurança do mercado achou que eu estava tentando roubar a bolsa de uma senhora. A senhora era a minha avó (branca) que havia pedido para que eu segurasse a bolsa dela. Foi o meu primeiro contato com o racismo.
Quando eu era adolescente, tinha um amigo que sempre entrava em uma Americanas e roubava chocolate. Pedi a ele que nunca fizesse isso se estivesse comigo. Mas ele fez e sem eu saber. O segurança da Americanas achou que os chocolates eram meus, mesmo estando na mochila dele.
Uma vez (ano passado) entrei em um restaurante metido a besta para almoçar. O garçom me interpelou antes mesmo de sentar à mesa informando que ali não aceitavam cartão de crédito. Eu nem uso cartão de credito, mas acho que vocês entenderam né!?
Quando me mudei para a zona sul do RJ, em meu primeiro dia no apartamento, o porteiro abriu o portão de serviço e não o social pra mim. Informei que eu era o novo morador do 1102 e ele não acreditou. Depois descobri que era o único negro em um prédio com mais de 30 apartamentos.
Desde o ensino médio sempre fui o único negro da turma. Quando meus amigos brancos me apresentavam aos pais eles, os pais, diziam que eu era um preto “diferente”.
Uma vez em um antigo trabalho eu tinha uma reunião importante com uma da maiores agências do RJ, na época. O cara da agência chegou e precisei que quatro outras pessoas da empresa confirmassem a ele que a reunião era comigo mesmo. Pra ele eu tinha idade e aparência de estagiário.
Em SP, certa vez, na hora do check in do hotel perguntaram a minha profissão. Quando eu disse que era jornalista o recepcionista riu e perguntou: “qual a sua profissão de verdade?”
Em março, voltando de um chope em Ipanema com uma amiga, a polícia parou o uber em que eu estava e me e descer. O motorista avisou que era uma corrida via app, mas o policial não acreditou e revirou minha mochila dizendo que eu não tenho cara de quem tem dinheiro para uber.
Duas semanas depois, eu voltava de uber de uma festa com um amigo (branco) e havia uma blitz. Passamos e ninguém parou a gente. Horas depois meu amigo me disse que eu parecia desesperado quando vi a blitz. Contei pra ele o que havia acontecido semanas atrás e ele ficou chocado.
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