Eram histórias sobre crianças que diziam ver espíritos, que ouviam vozes e, na maior parte das vezes, eram extremamente convincentes.
Aí lembrei de uma coisa...
Por exemplo, ela sempre teve, quando criança, um sentimento preciso sobre os meus sentimentos.
Como ela não morava comigo, a gente sempre se falou muito por telefone.
Então era batata: alguma coisa me acontecia, dava uns cinco minutos alguém ligava e era ela, querendo falar.
Mas ela já sabia que nada estava bem, ela sempre sabia, e até nem parece tão assustador, mas aí a coisa começou a complicar...
Não contamos nada pra ninguém, era segredo nosso, ao menos até voltarmos, mas, na volta, já não havia bebê.
A gravidez desandou, sei lá, assim sem explicar.
Aí nasceu a Maria.
Bela noite, ela tinha uns 3 anos, fomos visitar uns amigos. No meio da brincadeira ela me abraçou do nada e pediu para dar uma volta.
Eu disse a ela que existiam muitas ideias do que acontecia depois da morte, e que cada pessoa tinha sua própria teoria.
- Eu acredito que a gente vira natureza, filha...
- Mas a minha irmã disse que não, que a gente continua crianças
Eu ➡️😳😳
- que irmã, filha?
- aquela que morreu antes deu nascer...
- filha, quem te falou isso?
- ela, minha irmã. Ela sempre vem me ver.
P.s.: nesse ponto, realmente pensamos em dar a Maria pra adoção.
Pois bem:
Um dia, Maria estava com meus pais e minha irmã, voltando de algum lugar, acho que da UFPA.
Cemitério enorme, uns dois quarteirões inteiros com vista total da rua. Da grade, se consegue ver todos os túmulos, muitos deles verdadeiras obras de arte.
- Vovó, eu conheço esse lugar.
Ela devia ter uns 4 anos na época, se muito, e bastou essa frase pra todo mundo se pelar de medo.
- Me trouxeram aqui, vovó.
- Não, Maria. Ninguém trouxe você aqui, você é muito nova pra vir aqui.
- Trouxeram sim, vovó. Me trouxeram pra ca numa caixinha, depois que eu cai do carro.
Meu pai quase bateu, do mini infarto que teve, minha mãe deu um grito e minha irmã se benzeu.
- Maria, que história é essa!? Quem te falou isso?
- Ninguém me falou. Aconteceu, eu ficava aí.
Não tinha explicação, e assim permaneceu.
Mas...
- Que foi, papai?
- Que foi o que, Maria?
- Você tava batendo na porta do meu quarto!
- Não estava.
- Tava sim, até me chamou.
- Não fui, filha. Juro. E nem te chamei.
- Égua, papai... eu jurava que... deixa, deixa pra lá.