Um dia, sem qualquer aviso, ela se jogou da janela.
Foi estranho vê-la daquela forma, ela que era tão vaidosa e arrumada.
O marido havia morrido anos antes deixado-a numa situação confortável. Ela ainda tinha sua aposentadoria e, por conta da folga, viajava muito, passava semanas fora em passeios sempre incríveis.
Tinha seus filhos e netos, seu apartamento e seu dinheiro, ajudava um bando de crianças e viajava sempre.
E que as constantes viagens que fazia eram, na verdade, D. Telma escapando da rotina e tentando buscar ajuda em clínicas e na casa de familiares.
Por exemplo, somente um percentual pequeno da população consegue morrer em sonho.
Assim, quando acontece de a gente sonhar com a própria morte, nosso instinto trata de acordar a gente, para evitar esse rumo.
Obviamente, nem toda a pessoa que se mata tem depressão, nem todos depresivos se matam.
Tabu porque é uma morte violenta, repentina e que confronta o sentido de instinto sobrevivência que temos.
As vezes a pessoa não quer morrer, ela só quer matar uma parte dela que está causando sofrimento, mesmo que saiba que viver sem sofrer seja uma utopia...
“O suicidologista norte-americano Edwin S. Shneidman, referência no assunto, o definiu como um ato definitivo para um problema que deveria ser temporário.”
Ela, inclusive, criou um mantra, que é: se tem vida, tem jeito.
Se tem vida, tem jeito... repete sempre.
A pessoa, na maioria das vezes, tenta comunicar em morte o que ela gostaria de comunicar em vida. Por isso é preciso falar abertamente sobre isso.
Já perguntei a um amigo:
- Você quer se matar?
E ele foi franco e disse não.
Perguntar de forma direta se alguém quer matar-se jamais concretizará um suicídio.
Porém, perguntar “como posso te ajudar” certamente é acolhedor e transformador.
Se você não dá atenção agora, vai se sentir culpado por não ter atendido ao chamado de um ente querido.
Por muito tempo nos sentimos culpados por não ter ajudado aquela mulher maravilhosa, que fazia da sua vida ajudar aos outros. Nos demos uma cobrança cruel.
Mas gostaria, naquela época, de ter perguntado a ela se poderia ajudar, e de dizer que, se tem vida, tem jeito, e talvez nosso despedir tivesse sido mais doce.
Esteja sempre disposto a ouvir.
Jamais menospreze a dor do outro.
Sugira ajuda profissional, como o @CVVoficial , que faz um trabalho lindo no país todo.
A solução não deve ser um ato definitivo para um problema que é temporário.
Não existindo vida sem dor, nunca esqueça que “se tem vida, tem jeito.”