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Chegou a hora! Vem chegando aí o guia Corneta das etapas do Tour de France 2019
Este ano a competição começa na Bélgica numa homenagem a Eddy Merckx. E comprovando a incompetência da ASO em montar rotas, já temos o Muur van Geraardsbergen aparecendo a 150km da chegada, tendo efeito nenhum na corrida, fora imagens e curiosidade.
Deve ser uma etapa em que a fuga deveria receber o prêmio “eu não desisto nunca” já que ela não vai chegar nem a pau. Dia perfeito para algum acidente em massa como vem sendo a tradição do Tour em primeiras etapas que não são TT, já comprometendo a vida de um favorito.
2ª etapa: um contra-relógio por equipes, novamente em Bruxelas. Aquela prova que existe porque as imagens dos trens das equipes são legais e porque sempre detonam a vida de alguém cuja esquadra é horrível nessa especialidade (leia-se: os franceses – sorte que são só 27km...).
Aqui, a Ineos deve começar a consolidar o título do Tour, já encaminhando a disputa para ficar entre Thomas e Bernal.

Teremos imagens do Atomium, o ponto turístico de Bruxelas, até todo mundo enjoar de ver aquela estrutura metálica.
3ª etapa: A Volta da França volta pra França. Como a edição desse ano é meio contra sprinters puros, tem 4 subidas nos últimos 42km e chegada numa ladeirinha. Dia perfeito para o primeiro segundo lugar de Peter Sagan neste ano.
Como o Tour chega a região do Champagne aqui, se prepare para ouvir piadas sobre a bebida de fim de ano.
4ª etapa: Mais uma passagem pelo Champagne, desta vez numa etapa plana de raiz. Apesar de subida categorizada a 15km do fim, deve ser daquelas etapas que todo mundo curte reclamar sobre a chatice da primeira semana do Tour (213,5km, plano, sprint…)
Por outro lado, vai ser o primeiro sprint realmente plano deste ano (a primeira etapa vai ter uma rampinha de 500m a 4% no final). Lembrem-se, não é um Tour muito amigável para sprinters puros.

Dia bom para um boliche.
5ª etapa: Dia para a fuga na região da Alsácia. Você certamente verá Alessandro de Marchi ou Thomas de Gendt na ponta da prova (esperamos que De Gendt apareça, porque no Giro…). E não, Fausto Masnada não aparecerá do nada na fuga. Mais provável ver o Voeckler nela.
Se fosse no Giro ou na Vuelta, seria dia pras equipes maiores vacilarem e deixarem uma fuga perigosa escapar demais. Mas, no Tour as coisas são controladas no laço. Outro dia cheio de piadas, dessa vez com vinhos.
6ª etapa: Trajeto duro pra uma primeira semana de Tour de France. Muitas montanhas, um dia subestimado, que ou vai trazer a melhor prova desta edição, ou a mais decepcionante.
Etapa em que provavelmente a Ineos deve deixar o Tour definido pra ela, como já aconteceu nas outras passagens pela Planche des Belles Filles – nome que, inclusive, significa, “Prancha das Belas Garotas”.
Nesse ano, o muro vai ter mais 1km na terra com trechos de 24% pra tornar a coisa mais masoquista e mais próxima de todo mundo deixar o ataque só pro fim.
7ª etapa: 230km, plano, depois de etapa pesada de montanha. Tudo encaixado para um belo soninho na França. Em tempos antigos, uma fuga podia vingar pelo cansaço, mas com aquele controle no laço e poucas etapas realmente planas, a tirania dos sprints vai acontecer.
Resumo: muito sono, muita conversa para boi dormir na TV, muita reclamação sobre essa distância nos tempos atuais e a segunda decepção de Mark Cavendish nesse Tour (alguém ainda espera algo dele?)
8ª etapa: Sete montanhas categorizadas. Dia para Julian Alaphillippe, Warren Barguil, ou outro francês aleatório. Como no dia seguinte é 14 de julho, pode ser dia para De Gendt, De Marchi e aquelas fugas que mais parecem uma quebra no pelotão.
É o típico dia que algum francês superestimado gostava de se complicar nos anos 2000 também.
9ª etapa: Queda da Bastilha! Francesada louca para ganhar uma etapa. Todos aqueles que curtem uma fuga (e são superestimados) lutando pela vitória.
Além de tudo, aquela papagaiada clássica com um ciclista local. No caso, Romain Bardet, nascido em Brioude, sede da chegada. Provavelmente a vitória nesse dia parará em algum ciclista não-francês.
Dia também é perfeito para os coletes amarelos se inspirarem e fazerem um protesto que atrapalha o itinerário do Tour, até porque todo ano rola uma dessas. Imagina agora em que existem os coletes amarelos!
10ª etapa: Etapa para sprinters e longa (objetivo: gastar as pernas da galera, parem de reclamar!). Provavelmente um dia em que todo mundo pensará: pq mais alguns malucos que não tem chance em sprint ou em montanha não se arriscam? Como é dos poucos sprints puros, não vai rolar.
Albi foi onde Alexandre Vinokourov renasceu no Tour de 2007 sob transfusões ilícitas. Como é etapa após dia de descanso, prevejo alguns tentando homenagear o Vino e essa efeméride aqui.
11ª etapa: Segunda semana começando com tudo, com a segunda etapa em que a tirania dos sprints e a chegada massiva deve acontecer (incrivelmente, o Giro se superou no começo da segunda semana nisso, com etapas mais planas ainda).
Chegada em Toulouse, onde Cavendish ganhou lá em 2008. A imprensa vai botar aquela pilha, mas não… não vai rolar.
Aconselho resolver os seus afazeres, aparecer no trabalho nesse dia, porque a partir do dia seguinte vai valer a pena gastar aquele atestado médico (talvez nem tanto porque os Pirineus costumam ser burocráticos…)
12ª etapa: Outra etapa que nos remete ao Tour de 2008, já que naquele ano também teve um dia com início em Toulouse e chegada em Bagneres-de-Bigorre. Dia vencido por Riccardo Riccó, com um sangue que já não lembrava em nada aquele com o qual ele nasceu.
Dia que tem tudo para receber muita expectativa, e tem tudo para decepcionar com duas subidas cat. 1 só nos 60km finais da prova e chegada em descida.
Nesse dia ouviremos a famosa frase: ninguém ganhará o Tour aqui, mas alguém vai perder. Com certeza, esse alguém que perderá será um francês. E o Tour já estará entre Thomas e Bernal há mais de uma semana, mas ninguém se deu conta.
13ª etapa: Contra-relógio daqueles bem modernos. Ou seja: curto e com um quebra-pernas (tem até um trecho nada a ver de 17% no meio). Tom Dumoulin ficou #chatiado quando viu isso.
É a prova de que o Tour tá bem satisfeito com o domínio da Ineos e usa a desculpa de favorecer os franceses para unir o útil ao agradável.

Egan Bernal é quem agradece, porque pode não perder tanto tempo e forjar aquela intriga com o Thomas na Ineos.
14ª etapa: Chegada no Tourmalet, onde Contador e (ele!) Andy Schleck cruzaram quase de mãos dadas em 2010. Vamos esperar que isso não se repita, e também, que a Ineos não fique controlando o pelotão, ou pior, o destruindo.
Dia perfeito para a intriga se instalar na Movistar. Valverde deve perder rendimento acima dos 2000m do Tourmalet, Landa atacar e fazer o #FreeLanda chegar a França em 2019, e Quintana… bem, nunca decepciona, né?
15ª etapa: Seria um bom dia para faltar no trabalho, se não fosse num domingo… Dia perfeito para a Astana se destacar, seja mandando um gregário na fuga, que vai vencer a etapa, seja com Jakob Fuglsang no pelotão. Ou ambas as coisas. Ou até com Fuglsang ganhando a etapa.
Etapa que passa pela parte dos Pirineus que mais fizeram efeito no Tour nos últimos anos. Porque pros Pirineus serem decisivos demora…
16ª etapa: Etapa largando e chegando na mesma cidade. Vai parecer até o Giro pros desinformados. Única graça aqui vai ser se a onda de calor da Europa ainda estiver em vigor e as temperaturas tiverem pra lá do Deus me livre. Sprint.
Pra tornar a leitura mais fácil para os preguiçosos, iconoclastas e energúmenos, coloquei tudo num texto só neste link medium.com/@CornetaCiclis…
Agora com umas edições, graças a não escalação de Mark Cavendish para o Tour
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