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Hoje abriu para a consulta pública o arquivo de Ramiro Saraiva Guerreiro, chanceler do último governo militar. São 15 mil páginas de documentos sobre a política externa brasileira entre 1979 e 1985. Fio para os nerds da timeline sobre o que tem lá. 
A documentação secreta sobre as relações do regime com o governo Reagan, num dos momentos mais tensos da relação bilateral (Malvinas, crise da dívida externa, programa nuclear e Lei da Informática).
A série telegráfica sobre as manobras para apoiar a demanda Argentina por soberania sobre as ilhas sem apoiar a guerra e sem quebrar as relações com o governo Thatcher. É um dos episódios mais importantes e menos conhecidos da política externa das últimas décadas.
A história da chegada das empreiteiras brasileiras no Iraque, o drama da guerra daquele país com o Irã e a cooperação nuclear do governo brasileiro com Saddam Hussein, com quem o Brasil montou um esquema de troca de yellow cake de urânio por petróleo.
Os bastidores da primeira visita de um presidente brasileiro à China, com Deng Xiaoping. As análises feitas pelo Itamaraty à época estão no arquivo e valem ouro para quem se interessa pelo aumento do poder chinês na América Latina.
Detalhes sobre como o regime militar identificou na Igreja Católica o maior risco externo à reputação do governo e à própria viabilidade da abertura. O que mais me surpreendeu lendo tudo isso foi quão frágil era a decisão de entregar o poder aos civis.
A documentação secreta de como o Brasil fez para demover o governo Reagan de intervir no Suriname e, assim, estacionar tropas americanas na Amazônia (resposta: oferecendo incentivos ao ditador Bouterse). Essa é outra história que nunca recebeu a atenção que merece.
A história detalhada de como Figueiredo fez para encerrar a disputa geopolítica com a Argentina a respeito de Itaipu e colocar as duas ditaduras para cooperar contra pressões internacionais em direitos humanos e não-proliferação nuclear.
