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Qual é a relação entre formigas e trolls nas redes sociais? Como lidar com pessoas que só estão em busca de um clic, um view, um a interação, por mais negativa que seja?
Segue a #AulaFio ...
Segue a #AulaFio ...
Quando eu era garoto, lá pelos 5 anos, estava ajudando minha avó a cuidar do jardinzinho que ela mantinha atrás da casa. Tinha várias plantas e eu gostava de ficar lá. Neste dia eu vi que tinha um monte de formigas atacando uma das plantas.
Resolvi matar as formigas, e fui fazendo isto. Matava uma por uma, na tentativa inútil de livrar a planta delas. Obviamente, tudo o que eu consegui foi ser picado algumas vezes e falhei na minha missão. Derrotado fui pedir ajuda para a vovó.
Ela foi ver a planta, viu as formigas e seguiu a trilha que elas faziam. E no final da trilha, encontrou o formigueiro. Ela foi até a cozinha, pegou pimenta do reino e botou metade do pote no formigueiro.
No outro dia, não havia nenhuma formiga na planta, e as poucas formigas que vi pierrô do formigueiro, estavam mortas. Fim do problema. E aprendi uma lição. Se apenas atacar as formigas(consequências), só ganhará picadas. Ache o formigueiro (causa) e resolva o problema.
Em algumas Aulas-fio, que tenho publicado aqui, aparecem alguns perfis que não desejam tirar dúvidas, criticar ou acrescentar conteúdo. Desejam apenas atacar de forma rasteira o que eles discordam. Todo mundo que já publicou algo aqui, tem uma história para contar.
Costumo responder a todos que interagem com o que escrevo. E enquanto puder, sempre farei isto. Mas costumo ignorar o ataque gratuito. Usando mais uma pitada do que aprendi, agora com o meu avô, “Que bate palmas para doido dançar, é tão doido quanto ele”.
Agora tem outro ponto. Todo dia tem alguém que escreve um absurdo nas redes sociais. Todo dia tem uma nova “mamadeira de piroca”, um “nazismo de esquerda” ou “vacina causa autismo”. O problema é que a maioria se trata de formigas alegoria que escolhi.
Vejo professores universitários, doutores em história, pessoas com uma formação sólida tentando debater com adolescentes que usam imagens de anime na foto de perfil (nada contra os animes em si).
Mas nunca vi um caso sequer de alguma das formigas que disse “realmente você está correto, e a visão que eu tinha até o momento do assunto estava equivocada. Irei mudar o meu comportamento e não espalharei mais informações sem base na realidade.”
No máximo, o que eles fazem é abandonar a conversa, e continuar repetindo a prática de lançar petardos de preconceitos e simples e mais cristalizado ódio. Por que isto acontece?
Porque eles não estão dispostos nem ao diálogo e nem a serem convencidos de algo. Se encastelaram nas certezas em que foram acorrentados pelos influenciadores que seguem.
E por outro lado, quando alguém que realmente entende do assunto lhe aborda tentando corrigi-los, eles têm uma das três atitudes a seguir.
1) sentem-se legitimados em suas opniões por alguém que entende do assunto começa a interagir com os impropérios que digitam. Acham que o diálogo significa validação de equivalência entre suas opniões e os fatos que ele mesmo nega;
2) acusam o interlocutor de doutrinador ou doutrinado, que é ignorante demais para entender, por exemplo, como nos manipularam para não vermos a verdade que não interessa que saibamos;
3) não importa o que digamos. Não importa os dados, as fontes que apresentemos, eles irão continuar a repetir os mesmos argumentos que usam todo o tempo que são confrontados.
São argumentos facilmente achados em buscas como “argumentos para refutar o seu professor de xxx quando ele der aula sobre xxx...” Raramente são argumentos realmente bons, apenas entram em um modo cíclico de discurso (“ o fato A causa o fato B, que ocorre devido ao fato A”).
É um esforço inútil insistir neste tipo de diálogo. E ir no perfil e tirar sarro ou puxar uma discussão com a pessoa não vai adiantar de nada. Eles têm orgulho de suas opniões e não vão abrir mão delas por coisas tão “pequenas” quanto fatos, bons argumentos ou mesmo vergonha.
É preciso ir no “formigueiro”. É preciso trazê-los ao debate e aí sim, demonstrar a fragilidade de suas ideias. Este é o combate que vale o esforço. Demonstrar como figuras como Olavo de Carvalho, Nando Moura, ou Diogo Mainardi são frágeis quando confrontados pelos fatos.
E também é importante fazermos algo que paute as discussões. Não sermos tão reativos às mistificações que todos os dias são produzidas. É hora de ignorar muito do que eles dizem e passar a produzir conteúdo que os confronte, que os obrigue a responder.
Assim, o jogo muda. Ao invés de tentarmos sem sucesso, lidar racionalmente com um comportamento irracional, eles serão obrigados a lidar irracionalmente com a racionalidade. É certo de que fracassarão.
Portanto, deixe de tentar matar formiga por formiga. Vá até a cozinha da racionalidade, pegue a pimenta do reino do conhecimento e da atitude adulta e os jogue no formigueiro da desinformação. Garanto que, com o tempo, as formigas pelo menos diminuirão.
