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Vamos falar sobre dragões em garagens? Como lidar com a irracionalidade de maneira irracional?

Segue a #AulaFio
“O dragão na minha garagem” é o 10º capitulo de “O Mundo Assombrado pelos Demônios: A Ciência Vista Como Uma Vela No Escuro” de 1996 (ano de sua morte).
Lembro de ter comprado o livro influenciadopelo impacto que Contato me causou. Tinha gostado muito do filme, tinha lido o livro e busquei mais informações sobre o autor (sou jovem demais para ter visto a série Cosmos original).
Vamos ao que interessa, o tal dragão... Com a palavra, Carl Sagan...
“Um dragão que cospe fogo pelas ventas vive na minha garagem. Suponhamos (...) que eu lhe faça seriamente essa afirmação.
Com certeza você iria querer verificá-la, ver por si mesmo. São inumeráveis as histórias de dragões no decorrer dos séculos, mas não há evidências reais.
Que oportunidade! Mostre-me você diz. Eu o levo até a minha garagem. Você olha para dentro e vê uma escada de mão, latas de tinta vazias, um velho triciclo, mas nada de dragão. Onde está o dragão? você pergunta.
Oh, está ali respondo, acenando vagamente. Esqueci de lhe dizer que é um dragão invisível. Você propõe espalhar farinha no chão da garagem para tornar visíveis as pegadas do dragão. Boa ideia digo eu, mas esse dragão flutua no ar.
Então você quer usar um sensor infravermelho para detectar o fogo invisível. Boa ideia, mas o fogo invisível é também desprovido de calor. Você quer borrifar o dragão com tinta para tomá-lo visível.
Boa ideia, só que é um dragão incorpóreo e a tinta não vai aderir. E assim por diante. Eu me oponho a todo teste físico que você propõe com uma explicação especial de por que não vai funcionar.
Ora, qual é a diferença entre um dragão invisível, incorpóreo, flutuante, que cospe fogo atérmico, e um dragão inexistente? Se não há como refutar a minha afirmação, se nenhum experimento concebível vale contra ela, o que significa dizer que o meu dragão existe?
A sua incapacidade de invalidar a minha hipótese não é absolutamente a mesma coisa que provar a veracidade dela.
Alegações que não podem ser testadas, afirmações imunes a refutações não possuem caráter verídico, seja qual for o valor que possam ter por nos inspirar ou estimular nosso sentimento de admiração.
O que estou pedindo a você é tão-somente que, em face da ausência de evidências, acredite na minha palavra.”
Hoje, o que mais encontramos, são donos deste tipo de dragão. Autoritarismo que liberta, Monarquia que é a forma mais democrática de governo, Terraplanismo, Globalismo, conspirações comunistas aliadas ao capital financeiro, e por aí vai...
E toda vez que tentamos o diálogo, que tentamos buscar entender como a pessoa chegou nesta concepção equivocada, vem uma chuva de contra-argumentos estapafúrdios.
E quanto mais tentamos trazer algum sentido, mais o interlocutor se encastela em suas fantasias, mais se torna raivoso.
Aliás, é evidente que a raiva se manifesta na medida que seus argumentos não surtem efeito. Primeiro vem a fantasia educada, depois a tentativa de afirmação desesperada, por fim o ataque raivoso.
E como lidar com isto? É possível, algum diálogo dentro desta (falta) de lógica? Bem...A resposta não é fácil...
Com os bem-intencionados, acredito que sim. São os que realmente buscam entender o mundo em que vivem. Apenas encontraram uma resposta fantasiosa, disfarçada de fato científico é comprovado.
Com os preconceituosos, com o ignorante que tem orgulho desta condição, já fica mais difícil. Ele teme um mundo em constante mudança, onde sua incapacidade de aceitar o que lhe é estranho, o conduz ao apego às pseudo-ciências, ao pseudo-racionalismo, ao pseudo-tudo.
E quem cria estes modelos de manipulação de incautos e raivosos, não tem como dialogar, pois são justamente eles que desejam o fim da conversa, o fim do entendimento, é o isolamento de todos. Desejam ser os reis dos idiotas, a serem mais um dos cidadãos pensantes.
São tempos de fúria. São tempos sombrios. Temos de ser cuidadosos, para não cairmos em provocações, é nós incendiar os, queimando tudo e todos ao nosso redor. Melhor que sejamos velas, que mesmo com suas pequenas chamas, desafiam a escuridão e trazem a luz.
Agora que vi o erro... Leiam "Como lidar com a irracionalidade de maneira racional?"
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