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Como as novas relações de trabalho afetam o relacionamento entre pais, filhos e professores?
As coisas mudaram muito nos últimos tempos. Corremos o tempo todo. Sempre existe uma novidade. É cada vez mais difícil estar atualizado com o que acontece ao nosso redor. Computadores, celulares, tablets, realidade aumentada, nanotecnologia.
Muitos falam que somos imigrantes neste mundo veloz. Que os nativos seriam os nossos filhos. Isto é no mínimo injusto conosco, já que fomos nós que construímos este mundo, através de novas tecnologias, novos procedimentos, novos paradigmas.
Antes da industrialização, cada parte do processo de construção das coisas e das ideias, importava. Da escolha da matéria-prima, passando pela criação de ferramentas e técnicas e chegando à excelência do produto final. Toda a trajetória da árvore à mesa contava.
Hoje é diferente. Temos mais liberdade quanto aos processos que usamos para realizar nossos trabalhos. Muitos possuem horários flexíveis de trabalho, chegando a poder trabalhar em casa em alguns dias da semana.
O local de trabalho tem uma configuração mais dinâmica. Temos amigos do trabalho. As roupas muitas vezes também são mais informais. Tudo é menos sisudo. O clima de parceria e camaradagem aparentemente é mais incentivado. Mas nossa relação com o trabalho é mais saudável?
Quantas vezes levamos trabalho para casa? Quantas vezes respondemos aquele e-mail já depois do jantar. Quantas vezes você olha o grupo do trabalho no aplicativo de mensagens?
Na Antiguidade e na Idade Média, o trabalho era quase sempre em casa e familiar. Com as manufaturas e a industrialização, o trabalho saiu de casa e foi para a fábrica, para o escritório, para longe do lar.
Hoje este trabalho volta para casa, mas de uma maneira mais intrusiva, sorrateira. Trabalhamos o tempo todo, mas cada um com o seu trabalho. O que mudou de fato?
O foco hoje, encontra-se mais nos resultados do que no processo. Importa menos o COMO você consegue atingir resultados e mais SE você atingiu resultados. Ganhamos liberdade, e perdemos tranquilidade. É a meta a ser batida no fim mês, é a entrega do projeto, é nota do boletim...
Sim. Nossos filhos e alunos vivem na mesma dinâmica, sempre preocupados com a próxima nota, com a próxima prova, com o próximo boletim. E nossas relações com eles foram espelhadas em seus próprios comportamentos.
Claro que as notas são importantes. São a FERRAMENTA para sabermos se o nosso aluno, nosso filho ou nós mesmos temos o conhecimento trabalhado na sala de aula. O problema é que todos nós trabalhamos as notas como RESULTADO a ser alcançado.
É como se nos importássemos mais com a temperatura que aparece no termômetro do que na doença que causa a febre.
Não se trata de uma proposta de mudança de paradigma das relações de trabalho, família e estudo.
Não se trata de uma proposta de mudança de paradigma das relações de trabalho, família e estudo.
Trata-se de entender como estes processos foram construídos e como podemos usar isto ao nosso favor e não sermos levá-los pelas circunstâncias. Racionalizar e domar estes processos que nos permeiam.
Começa por uma relação mais franca entre nos professores, vocês país e eles alunos/filhos. Focar no que realmente importa. Em aprender. Entender que a nota é apenas o reflexo de um processo sólido de apreensão e construção de conhecimento.
Isto passa por humanizar as relações humanas que são parte do processo de ensino e aprendizagem, possibilitando que o aluno seja preparado para o mundo profissional que o aguarda em poucos anos e possa ter acesso à uma Educação que realmente signifique algo para ele e para nós.
