Thread by @pablo_ortellado

É bastante preocupante a matéria da Folha de hoje que mostra percentuais em torno de 30% de apoio às mais controversas posições de Bolsonaro como execuções extra-judiciais, diminuição da política ambiental e celebração da ditadura militar. (segue)
www1.folha.uol.com.br/poder/2019/08/…

Os números corroboram a tese de muitos analistas de que a estratégia de Bolsonaro (assim como a de Trump) é a de governar com uma sólida base radicalizada de 30% e ampliar esse percentual na campanha eleitoral, seduzindo e assustando os indecisos. (2)

É preciso notar, porém, que para cada uma dessas posições há 30% do eleitorado, mas não se trata sempre do mesmo 30%. Isso significa que quem quer menos política ambiental não necessariamente celebra a ditadura militar. (3)

A má notícia é que a literatura acadêmica sobre polarização política sugere que essa discrepância tende a desaparecer porque produz, no médio prazo, um alinhamento de posições. (4)

À medida que a disputa permanece no tempo e se acirra, a dinâmica do comportamento de grupo faz com que as diferenciações ficam mais marcadas e os grupos mais homogêneos. É um processo que começa no ativismo, contamina a esfera pública e chega depois no eleitorado. (5)

A máquina bolsonarista de controvérsia está acelerando esse processo ao marcar diferença com a esquerda e buscar engajamento nas suas posições. Além de alinhar posições, aprofunda a convicção que gerará energia militante para conseguir o apoio de outros 20% no processo eleitoral.