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1/8 Há uma falsa dicotomia no debate econômico no Brasil: De um lado, defensores da austeridade pregam cortes de gastos e estariam comprometidos com o equilíbrio fiscal; de outro, críticos da austeridade querem aumento de gastos e não teriam compromisso com o equilíbrio fiscal.
2/8 A falsidade dessa dicotomia é evidente: austeridade não é igual a equilíbrio fiscal, nem criticar a austeridade é igual a defender o "desequilíbrio fiscal". Países que adotaram a austeridade muitas vezes passam longos períodos sem equilíbrio fiscal e sem crescimento.
3/8 Talvez a confusão sobre esse tema venha do conceito de "austeridade", que em resumo é a crença de que cortes de gastos (ou mais impostos) trarão a sustentabilidade fiscal, criando condições para o crescimento no longo prazo. É a irmã siamesa da contração fiscal expansionista.
4/8 Os críticos da austeridade não negam a necessidade de sustentabilidade fiscal (entendi como uma trajetória não explosiva da relação dívida/PIB), mas propõe outros caminhos para alcançar esse cenário, em particular em momento de recessão e estagnação.
5/8 No debate internacional, a tese da contração fiscal expansionista está praticamente superada. O papel da política fiscal ganhou muita força, em particular a partir da revisão de literatura sobre os multiplicadores e dos limites da política monetária. kansascityfed.org/~/media/files/…
6/8 A revisão da literatura sobre política fiscal fez com que antigos defensores da austeridade expansionista voltassem atrás em suas hipóteses e defendessem expansão fiscal em determinadas circunstancias. nber.org/papers/w25531
7/8 O caso brasileiro, com alta capacidade ociosa, baixa inflação, elevado desemprego, estagnação e juros reais baixos, torna os multiplicadores elevados, como mostram as pesquisas recentes usando dados nacionais e as mais modernas metodologias. scielo.br/pdf/ecos/v27n3…
8/8 Defender a retomada do investimento público em momentos de crise e taxas reais de juros baixas não significa defender o desequilíbrio fiscal. Ao contrário, é hoje considerada a forma mais eficiente de se obter equilíbrio fiscal sem gerar queda de produto e efeito histerese.
