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Estou no nono dia de cobertura do #SinodoAmazonico e é impressionante o preconceito de alguns jornalistas estrangeiros (sobretudo europeus e norte-americanos) com os povos indígenas. Todo dia há demonstrações de ignorância e racismo ao tratar do tema, um dos principais do evento.
As perguntas e comentários são reveladores: muitos ainda consideram os indígenas selvagens de segunda classe. Visão, aliás, de muitos brasileiros.
Na primeira semana do sínodo, durante uma coletiva, um jornalista norte-americano quis saber sobre o infanticídio entre os indígenas - como o espírito cristão poderia reinar em tribos que adotam a prática?
Um bispo amazônico explicou: algumas tribos adotavam a prática de eliminar crianças nascidas com alguma deficiência física ou mental e até um dos gêmeos. Mas que muitos indígenas abandonaram a prática após contato com religiosos e médicos.
Um bispo colombiano completou: o verdadeiro responsável pelo infanticídio era o Estado, que abandonava completamente os indígenas de sua região. E contou uma história de sua diocese: uma mãe fez o parto sozinha. Ela própria abriu a barriga numa cesárea. Mãe e filho sobreviveram.
Mas a fascinação dos gringos com os "bárbaros amazônicos que recebem a palavra de Deus" continua. Antes do sínodo, o Vaticano levou alguns jornalistas para conheceram a Amazônia e suas comunidades. Pelo jeito, não serviu para muita coisa.
No fim de semana, um bispo italiano que vive em São Félix do Araguaia comentava sobre o costume de certas tribos de pedir a "libertação do espírito dos índios idosos". Disse que eles consideram uma maldade o costume dos brancos de manterem idosos em cadeira de rodas ou numa cama.
O comentário gerou revolta num jornalista franco-alemão, que hoje (diante de outros entrevistados) pediu a palavra para dizer que aquilo era indigno. E, mais uma vez, trouxe o infanticídio ao debate: era verdade que os índios praticavam infanticídio?
Um norte-americano então quis saber se as práticas de certas tribos não configuram uma violação aos direitos humanos...
Por sorte, há notáveis exceções. Dias atrás, o repórter inglês @ctrlamb pediu a palavra para, como jornalista católico, pedir desculpas aos indígenas da Amazônia por "comentários racistas e humilhantes por parte da mídia católica".
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