Primeiro dia de aula, tudo mais tranquilo e calmo porque sou iniciante...
Mesmo no nível iniciante, assumo que foi complicado: começou com um tal de corre, pula, gira; carrega, se pendura e finge de morto.
E quando terminou, olhei ao redor e vi todo mundo cansado, e também me senti cansado, mas não imaginei que pudesse estar além disso...
Ah, o dia seguinte...
Os sinais de desespero surgiram quando precisei subir as escadas da entrada do Shopping Boulevard e simplesmente minhas pernas não obedeceram.... travei.
Travei na posição lord inglês e pronto, ala a vergonha.
Talvez ela achasse que estava sofrendo um AVC, algo do gênero, pois me olhos preocupada.
Tive que aceitar o escárnio.
Ah, a rua O de Almeida...
todo dia atravesso;
já sei a exata velocidade - impulso - força motriz - necessária pra percorrer seus poucos metros;
Tudo certinho, vi um carro mais lento e distante e me preparei para cumprir o intento de cruzar a rua.
Exatamente, para morrer atropelado, pois quem disse que consegui?
Firmei o pé esquerdo, preparei o pé direito para o salto e, no ato do pulo, me vi travado no meio da rua, o carro que vinha jogando luz e buzinando, e uma velhinha gritando AAAAA
...já vi minha mãezinha pedindo a Nossa Senhora por meu pronto restabelecimento...
...já vi as crianças chorando no meu velório e minha vida passou diante de mim como um filme noir, mistura de tristeza com Rocky V, aquele em que ele apanha pacas.
Não devem ter entendido porra nenhuma e não devo explicações a ninguém, mas tratei de andar mais rápido para não precisar encarar ninguém rindo.
Pensei até que o CrossFit tivesse escangalhado bem na minha vez, me deixando quebrado, e as crianças pulando nas minhas pernas bem doloridas e rindo da minha cara de sofrimento achando que era palhaçada.
“Hihihihi, agora o papai chora quando a gente pega na orelha dele”
Sofrimento de pai que não pode parar, mesmo estando enfermo.
Apesar disso, me atrevi e fui novamente à aula, só para ver qualé.
Amanhã, se meus braços funcionaram, aviso das consequências.
Fim.