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COMO O DIAGNÓSTICO SOBRE O ATRASO BRASILEIRO MUDOU DE 30 ANOS PRA CÁ?

Entender quais são as causas do nosso baixo crescimento faz total diferença para não sugerir políticas equivocadas. O diagnóstico de hoje é totalmente diferente do que se pensava décadas atrás. Segue a thread.
1. Até os anos 90, o diagnóstico para o baixo crescimento e atraso relativo do Brasil era quase que totalmente baseado em arcabouços teóricos que privilegiavam acumulação de capital físico.

A ênfase estava em aumentar as taxas de investimento
e poupança.
2. Essas políticas iriam corrigir uma suposta insuficiência da demanda. Políticas como, créditos subsidiados, poupança forçada, investimentos públicos, substituição de importações etc.

Em essência, buscava-se era expandir o investimento, suposto motor do crescimento
3. O jogo começou a mudar quando Mankiw, Romer e Weil publicaram um artigo "A contribution to
the empirics of growth” (QJE, 1992).

A ideia era que a contribuição dos fatores de produção (Capital) era PEQUENA, e a produtividade total dos fatores (PTF) era MAIS IMPORTANTE.
4. PRODUTIVIDADE TOTAL DOS FATORES nada mais é que a forma em que os países organizam seus processos produtivos.

Estima-se que entre 50% e 66% da variação do PIB por trabalhador entre países se explica por diferenças de PTF.

Essa mudança trouxe muitas consequências.
5. A visão dominante (INTERNACIONAL) passa a ser que pobreza relativa é um problema de eficiência produtiva, de produtividade.

Países são pobres NÃO PORQUE INVESTEM POUCO, mas
porque são muito ruins em organizar seus recursos, insumos e fatores de produção.
6. Este debate repercute no Brasil. Economistas que aderem a esta abordagem descobrem que:

- Entre 50 e 70% de nossa diferença de PIB/trabalhador em relação aos EUA é devido à PTF.
- Capital físico explica muito pouco da baixa produtividade relativa do trabalho do Brasil.
7. Além disso:

- Diferenças de capital humano são relevantes, embora bem menos que PTF.
- Crescimento da PTF explica a maior parte do crescimento acelerado até 1980
- A queda da PTF explica a estagnação e o baixo crescimento da economia brasileira entre 1980 e os anos recentes.
8. Estes resultados colocam a produtividade como protagonista da trajetória de desenvolvimento brasileira e muda o diagnóstico.

SOMOS RELATIVAMENTE POBRES PORQUE SOMOS POUCO PRODUTIVOS E EFICIENTES.

E se mudamos o diagnóstico, devemos mudar as recomendações de políticas.
9. No lugar de se buscar aumentar quase que a qualquer
custo a taxa de investimento – o que em muitos casos acaba por reduzir a produtividade – deve-se focar em políticas que diminuam distorções e aumentem a eficiência produtiva.

E como? Isso é tema pra outra thread...
Tudo isso está no belo artigo do Pedro Cavalcanti Ferreira: "Visões sobre o atraso brasileiro".

Pedro é Professor da FGV EPGE e diretor do FGV Crescimento & Desenvolvimento. Deixo o link aqui para os curiosos.

ibre.fgv.br/sites/ibre.fgv…
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