1. Seguindo a sugestão do @CaioAlmendra, repito algo que já disse no livro e em outros lugares: a tese que REDUZ junho de 2013 a uma atuação da CIA, misturando conjunturas e negando PESQUISAS, é conveniente para quem sabia que havia interesse trabalhador em junho mas o negou.
2. É conveniente apagar o trabalho de base e de articulação dos movimentos de tarifa zero diante de governos federal e locais de esquerda que não atendiam a pauta. É conveniente tratar movimentos sociais e oposição de esquerda como fantoches e não atores políticos com projeto.
3. Então fica a reflexão: por que interessa apagar as origens de base, de movimentos, de classe de Junho e criar uma narrativa linear até o golpe? Serve ao interesse da justificativa da inabilidade, negligência ou até mesmo desprezo de certa esquerda pela mobilização no momento.
4. Serve ao interesse de esconder que conciliação de classes não funciona: reforça a hegemonia da burguesia e permite penetração da sua ideologia em setores médios já propícios ao conservadorismo. Esconde que a esquerda moderada perdeu por não querer disputar via classismo.
5. Ver a esquerda moderada ceder e promover uma narrativa simplista sobre o evento não indica um mero balanço histórico, mas, mais uma vez, uma tentativa de não assumir responsabilidade.
É grave, pois uma esquerda que não assume responsabilidade é uma esquerda mais frágil.
É grave, pois uma esquerda que não assume responsabilidade é uma esquerda mais frágil.
6. E tem responsabilidade pra esquerda radical nisso também - esse é o foco da minha pesquisa sobre Melancolia da esquerda e sua lógica de cisão. Mas, felizmente, pelo menos há maior tendência de assumir responsabilidade nesse campo.
