Thread by @aassibarreto

Scruton trabalhava com uma definição interessante de conservadorismo: lutar para preservar o que se ama em vez de destruir o que se odeia. Parece uma definição mais poética que científica, mas faz muito sentido.

Explico:

isso diz muito sobre cosmovisões diferentes.

Você acorda de manhã disposto a destruir o que odeia ou preservar o que ama?

Conservadores dispostos a preservar o que amam, revolucionários a destruírem o que odeiam.

a divergência é quase ontológica e nem toca inicialmente no conteúdo (uns querem preservar a família, outros destruir etc.). A discussão sobre se o "sistema" deve ou não ser destruído é posterior à discussão sobre se você quer destruir ou preservar coisas.

é ÓBVIO que eu quero preservar as coisas boas (o que nós chamamos de tradição) porque são boas (e não porque são tradicionais), seria uma ARROGÂNCIA colossal acreditar que depois de 2.000 anos de civilização não há nada a ser preservado.

Só malucos iluministas para acreditar nisso.

Como dizia Chesterton, vivemos na "democracia dos mortos". A tradição é o gigante no qual nos escoramos nos ombros.

Amo isso a ponto de querer lutar pela sua preservação.

o que não significa, é claro, querer preservar tudo. Esse é um espantalho do conservadorismo.

Como dizia Mahler, conservadorismo não é preservação das cinzas, mas manutenção da chama.

Complementando: conservadores preferem preservar o fogo titubeante em vez de (+)

querer abolir o conceito de fogo.

That's it. São concepções METAFÍSICAS que determinam nosso posicionamento DE mundo e PERANTE o mundo.