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Em viagem de estudos nos EUA, muitos no meu grupo (asiáticos, australianos e árabes) perguntam sobre Lula. Quase ninguém ouviu falar de Dilma ou Temer. Poucos sabem quem é Bolsonaro. Eu achei que estava abafando com minha descrição da política brasileira. Até que o Omar falou 👇
1) O Omar tem 36 anos e é assessor especial do ministro da Economia do Afeganistão. Super qualificado, elegante, sem traços fortes de um afegão, passaria facilmente por brasileiro (pelo rosto). Nos anos 90, Omar e sua família escaparam do regime talibã e fugiram para o Paquistão.
2) Omar descreveu a situação atual do Afeganistão: os talebãs já dominam novamente 50% do país (incluindo a cidade do pai dele) e estão a menos de 100 km da capital. As tropas americanas diminuíram muito (são só 1.500 soldados hoje) e o país gasta US$ 6 bi/ano com o Exército.
3) O grosso do orçamento militar vem de doações internacionais, que terminam em 2020. O governo afegão implora por mais cinco anos de transição; EUA resistem. Acredita-se que Trump retire de vez as tropas. Há eleições por aí e os americanos não veem bem a presença no Afeganistão.
4) Omar teme por seu futuro. Os talebãs obrigam os homens a mudar o tipo de roupa e deixar barbas longas. Mulheres mal podem sair de casa. Nesse caso, ele cogita ir para o Paquistão. A maioria dos afegãos no país vizinho trabalha em subemprego. É outro idioma, inclusive.
5) Segundo ele, o Paquistão dá apoio aos talebãs. Querem ter mais influência no Afeganistão, algo que o governo atual não permite, para usar o vizinho como aliado e "escudo" em caso de guerra com a Índia.

Os EUA não dão mais bola.

A Europa não tem $$$ para financiar sozinha.
6) Resta a China, que tem investido pesadamente na extração de minério de ferro e na construção de uma ferrovia para escoá-lo.

O plano dos economistas afegãos é explorar mais os recursos naturais (gás natural também) para ter autonomia orçamentária até 2025.
7) Na média, Cabul tem um atentado terrorista por semana, contou Omar. Os últimos foram com caminhões carregados com explosivos.

Ele conta que os talebãs controlam o mercado negro de ópio e estão com dinheiro. Países como Catar e Emirados Árabes têm estreitas relações.
8) Diante de tudo isso, achei o Brasil (e nossos problemas) felizmente sem graça. Ficamos indignados na política, enfrentamos recessões, a corrupção parece sistêmica. Mas não temos que lutar pela própria existência. Pela primeira vez em tempos, me senti num país abençoado. 🇧🇷🇦🇫
Na foto abaixo, almoço com parte do grupo (e com o Omar, óbvio).
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