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Super fio sobre orientações acadêmicas, como fazer uma monografia, dissertação ou tese supimpa e como lidar com orientadores ruins. Repassem, comentem e me digam o que vcs acham que falta pq eu posso escrever mais sobre o assunto. É um resumo mas adicionei algumas coisas (1/90)
Escrevi os fios, agora integrados, pq eu sei que poderia ter feito uma tese diferente e melhor. As primeiras dicas divido as dicas em 1) longo prazo; 2) autonomia; 2.1) síndrome do impostor; 3) resiliência; 4) (in)deferência; 5) metodologia; 6) gestão de processos. (2/90)
Longo prazo: o que você quer ser qd crescer? De outra forma, o q vc quer DEPOIS do stricto sensu? Dar aulas? Não dar aulas (fazer só pesquisa)? Ir pra indústria? Ser móvel? Virar bicho do mato? Dialogar com o Brasil e/ou com o mundo? As respostas são fundamentais, pois: (3/90)
Elas que vão determinar se vc deve se aprofundar numa língua estrangeira (inclusive escrevendo a tese em outra língua), buscar um doutorado-sanduíche, e até se auto-promover no twitter (em economia há o #econtwitter para networking). Exemplo: (4/90)
Eu sempre sonhei em sair do Brasil. Mas não tinha ideia de como fazer. Como já era professor da Estácio quando comecei o doutorado, me entupi de aulas para ganhar melhor, mas paguei um preço alto por isso. Não saí pra estudar fora nem por um tempo. E aí? (5/90)
Simplesmente fiquei defasado em relação ao que os alunos de ponta fora do Brasil estavam aprendendo, tanto em termos de método quanto linhas de pesquisa. O resultado é que tenho muito menos conhecimento técnico que alguém de escola de ponta. Pior! (6/90)
Tb comecei minha carreira sem networking. Até traduzi artigos da tese em inglês e publiquei em bons periódicos, mas teriam ido para os top 5 se eu tivesse melhor treinamento e networking! E isso é um problema até hoje. Pq? (7/90)
Pq o mestrado e o doutorado é onde vc mais tem capacidade de aprendizado, o misto de energia e tempo que quando começar a carreira vc não terá mais. As lacunas no treinamento não se fecham. Por isso, nunca publiquei nos top 3 de finanças e economia. Tem mais. (8/90)
Mitiguei um pouco da falta de treinamento ao longo dos anos (depois com publicações top 5), mas catching up completo é impossível. Então segue a dica: estejam antenados com a nata da sua área. E saiam do Brasil se for o caso. (9/90)
Claro que se o objetivo for um emprego tranquilo, focado em dar aulas (nada de errado com isso, pelo contrário!) e com segurança, o mais importante não é maximizar treinamento, mas otimizar chance de se graduar. Para isso, pulamos para: (10/90)
Autonomia. Vc é dono do seu processo. Orientador pode te ajudar (ou ser uma barreira, o que não deveria acontecer, mas acontece). Mas, na boa, se vc está no stricto sensu é pq ralou pra isso. Hj é muito mais fácil se manter atualizado metodologicamente. E aí? (11/90)
Por isso vc define o seu objeto de pesquisa, pega conselhos com colegas e outros professores, e seu orientador VALIDA cada etapa do processo. Não fique esperando que o orientador te dê o passo a passo. Ele não tem! (12/90)
Obs: é difícil não usar o gênero masculino para usar classe geral orientador ou professor. Saibam que o mundo seria muito melhor se houvesse maior (MUITO MAIOR) diversidade de orientadores. Assim, perdoem o uso do masculino. Seguindo. (13/90)
Eu continuo publicando sem manual de passo a passo. E ninguém me ensinou a treinar pesquisadores. Na verdade, quase ninguém sabe ensinar como fazer pesquisa! É quase tudo tentativa e erro. Pior, o processo pode vir com assédio, egos etc. Fuja disso! Como? (14/90)
Independência. Orientador não é amigo ou confidente. Não entregue lealdade (unilateralmente) e submissão. Aja profissionalmente, entregue os capítulos no prazo, documente o processo e siga em frente. Mas! (15/90)
Tem muita armadilha. Tem orientador que quer te usar pra fazer os projetos dele, que tem síndrome de poder, que não aceita sua independência. Não existe receita única para lidar com todos os problemas potenciais. Mas autonomia é fundamental para se proteger. Então? (16/90)
Maturidade intelectual não vem de graça. Todo mundo sofre de síndrome do impostor (a não ser q vc seja um gênio, coisa que não sou, nem a maioria é). Não se isole. Procure colegas e outros professores. Estamos todos no mesmo barco. Ademais, (17/90)
Resiliência é fundamental. “Tese boa é tese defendida”; “Doutorado é teste de resistência”; coloque aqui todos os clichês que queira. Problemas de família, namorados, bichos, saúde, tudo conspira contra. Não tenho maiores dicas de como manter saúde mental e pulo. (18/90)
(In)deferência. No Brasil adoramos argumento da autoridade. Fulano disse isso. Sicrano aquilo. Foucault fala sobre poder que... Esqueça isso. Foucault já defendeu pedófilo. Respeito (não por Foucault), mas não deferência. Vc tem algo a dizer. Diga. (19/90)
PS2: se ficou ofendido com a provocação sobre Foucault é pq vc tem ídolos. Está errado. Vc está se tornando um cientistx. Respeito mas não deferência. Só um relógio atômico está certo o tempo todo (24hs, 0 min e 0.0010562 segundos hj). (20/90)
Não crie sua identidade propagandeando o que disse o autor (branco famoso morto) tal. Nenhuma teoria é completa, nenhum conceito universal, nenhum modelo verificado perfeitamente. Vc vai se tornar um dos experts de uma micro-área do conhecimento. Dialogue! (21/90)
Método: uma dissertação é normalmente a intersecção de três conjuntos: perguntas bem definidas, interessantes e respondíveis. O erro mais comum é querer abraçar o mundo com uma tese muito geral. O 2º erro mais comum? (22/90)
É não entender que muitas perguntas não tem como ser respondidas. Isso é ainda pior em ciências sociais. A sociedade é por demais complexa. P.ex: vc realmente acha que vai conseguir explicar toda a origem da desigualdade? Não vai! (23/90)
Se explicar 5% (coloquei um valor cardinal para exemplificar, nem eh possível quantificar isso) está de bom tamanho. Explicar a desigualdade vinda da situação X com condições Y é possível. Explicar TUDO? Boa sorte. Por isso, método! (24/90)
Como vc vai explicar o que vc quer? Análise crítica ou cristalografia ou regressões múltiplas baseadas em modelos estruturais? É no método q vc se diferencia como pesquisador. É aí q vc convence seus pares. Se seu método é falho, sua dissertação desmorona. Por isso: (25/90)
Vc tem que desenvolver uma gestão de processos que funcione para si. Eu tinha metas de artigos lidos e, depois, de palavras digitadas por dia. Mas tinha relação informal com orientador. Pode ser que seja necessário agendar e estruturar conversas. Não existe UMA regra! (26/90)
Mas tem que ter ALGUM processo e planejamento. E se vc descobrir que os dados não existem depois de passar anos aprendendo ou desenvolvendo modelos para testar algo? E se sofrer assédio e não estiver documentando? Processos. (27/90)
Resumo até aqui: vc é dono do seu processo numa longa jornada que é bem solitária e que vem sem mapa, embora com alguma ajuda de guias. E vc vai se sentir um impostor no meio do caminho. Boa sorte. Se precisar de algo, me escreva: rz25 at nyu.edu. (28/90)
Passamos para os erros mais comuns em dissertações e teses acadêmicas. Eles são: 1) estrutura de novela; 2) No início eram trevas; 3) citações irrelevantes; 4) Intro+resumo ruins; 5) Suposições escondidas; 6) Irreproducibilidade; 7) Estilo (29/90)
Antes de começar, uma intro: uma boa tese é 60% boa escrita; 35% metódo e 5% descrição dos dados. Sim, vc é agora um(x) escritor(x)! Todo o tempo colhendo e tratando dados (quali ou quanti) NÃO aparece DIRETAMENTE na tese. Pq? (30/90)
Pq ninguém se importa se demorou 2 anos ou 2 dias para vc coletar os dados. Se vc passou 10 meses vivendo com Ianomâmis ou horas dentro duma sala com dados confidenciais da CAGED, parabéns pela diligência. Mas a descrição da coleta de dados vai ser curta. (31/90)
No caso de uma etnografia, a descrição da coleta de dados vai ser claramente mais longa, mas ainda assim, vc TEM que deixar muita coisa de fora. (32/90)
Pesquisa é difícil. Sabemos disso. Vc vai ser tentado a encher linguiça. "senão vão me criticar pq não citei fulano!". Resista! Não é difícil defender que não citou fulano se não for fundamental. Importante é: qual a sua contribuição? (33/90)
Isso vale tb para humanidades. Não importa quantos livros vc leu ou pesquisou. Se sua tese é sobre X e vc passou 4 semanas enfurnado na biblioteca para achar a info para uma nota de rodapé, parabéns pela diligência. Escreva a nota e guarde o resto para sua biografia. (34/90)
E vale tb para pesquisas em ciências médicas. Se vc testou 5000 ratos, esse número vai aparecer na tese, mas ninguém vai saber que demorou 30 meses para testar cada um. É a natureza do processo. Todo mundo sabe que é trabalhoso. Nada de colocar isso na versão final. (35/90)
Voltando à lista. Eu prefiro (mas não é obrigatório) uma estrutura de pirâmide invertida, como no jornalismo. A informação mais importante vem primeiro (a introdução contém TUDO, até resultados) Detalhes depois. (36/90)
Afinal, sua tese ou artigo não vai ser lido por pessoas que querem TODOS os detalhes. Só a banca vai acabar lendo (se ler) com todo o afinco. Seu leitor agradece se vc colocar as info mais importantes primeiro e os detalhes só depois. (37/90)
Mas no Brasil é comum a estrutura de novela. Autor que vai contando a história, com uma revisão de literatura interminável, só entregando os resultados no final do trabalho, bem depois dos leitores já terem sendo vencidos pela insônia. Pior! (38/90)
Some-se a isso autores que começam sua revisão de literatura há 7.000 anos: “o primeiro sistema monetário começou com os sumérios...” Pelo amor do Ronnie J. Dio, não façam isso. Só coloquem a literatura que esteja FORTEMENTE ligada com o seu trabalho. (39/90)
Não me interessa como leitor que vc leu 5000 artigos antes de começar a escrever. Vc não precisa colocar todos eles. E quando o fizer, NÃO FAÇA como lista de supermercado. “Fulano disse isso, aí sicrano disse aquilo”. Pq não? (40/90)
Pq vc está contando uma história da evolução da sua macromicro área e os artigos devem estar conectados: “A mudança na área veio na incorporação do conceito X (Fulano, 1978 e Sicrano, 1985). Mas ficou faltando mexer em Y (Beltrano, 1988), para chegar em Z...” (41/90)
E eu exagerei colocando referência dos anos 70. Para 90% das teses, não se vai tão lá atrás, especialmente se seu trabalho é empírico estendendo uma aplicação recente. Se seu trabalho não é história do pensamento, referências recentes! (42/90)
É por isso que muitas vezes a primeira coisa que faço é olhar a lista de referências. Não tem nada de 2016 pra frente e não se refere a working papers não publicados mas desse ou do ano passado? Tem alguma coisa errada. Pior! (43/90)
Isso se dá pq normalmente temos muita deferência aos clássicos. Já falei sobre isso na parte 19 desse fio e não vou me repetir. Assim, passamos a: (44/90)
Suposições escondidas. Vc leu toda a literatura sobre a área que está escrevendo, mas seu leitor não. Assim, seu argumento não pode ter suposições escondidas! Se vc assume que Marx era um gênio mas Keynes um idiota, tem que dizer com todas as letras. (45/90)
Isso vale para modelos formais ou estratégias empíricas. Se assume que pessoas se comportam racionalmente ou que a sua população estudada é representativa do país como todo, tem que dizer e justificar! (46/90)
E sua tese, se empírica, deve ser reproduzível. Sem caixa preta! O leitor precisa saber exatamente quais os dados e o passo a passo para reproduzir seu estudo. Ganhe um bônus se colocar o código da sua estimação no seu site. Vc tem site, certo? (47/90)
Se não tem, construa seu site! É o lugar onde as pessoas vão para pegar seus artigos, no mínimo. Ninguém vai fazer propaganda por vc. Se vc é um escritor, tem que se promover, mesmo que vá só fazer um concurso público no Brasil. O meu é rzeidan.com. (48/90)
Lembrando que NÃO VALE academia .edu ou researchgate. São empresas com fins lucrativos que querem monetizar suas informações. No seu site vc vai ter total controle sobre as info, incluindo ppts de aulas e palestras etc. Não terceirize. (49/90)
Termino com dicas para resumo e introdução. Vc pode escrevê-los no final, mas deve colocar TUDO, inclusive os resultados e a metodologia, neles. É isso mesmo, vc vai de certa forma repetir os seus resultados principais 4 vezes! 4? (50/90)
4! No resumo, introdução, na apresentação dos resultados e nas considerações finais. E a parte mais bem escrita da sua dissertação TEM que ser o resumo mais introdução. Não importa quão cansadx vc esteja. 99% dos seus leitores vão ler só resumo+intro. (51/90)
Essa dica é a única na qual repetição é aceitável. E escrever mais de uma vez vai te forçar a saber comunicar a SUA contribuição. De preferência, vc tem que resumir toda ela em uma frase muito bem construída. (52/90)
Por último, usando o sistema triangular ou não, estilo importa. Vc é um escritor! Seu leitor só vai ser convencido se sua escrita for direta e ao ponto. Nada de enrolação ou vocabulário rebuscado. Nada de termos inúteis. Não crie conceitos ou palavras a não ser que! (53/90)
A não ser que vc esteja criando teoria e o novo conceito seja extremamente necessário. Não use jargão se puder evitar. Ninguém vai se impressionar se vc sabe escrever palavras longas. Escreva de forma clara (até hoje rio de ter escrito “faz-se mister” no meu mestrado). (54/90)
E limite ao máximo frases longas. Sujeito, verbo, objeto. Sem frases de 3 linhas. Se vc for um gênio vai conseguir construir parágrafos com uma só sentença. Mas normalmente não dá! Vc acaba só confundindo o leitor. (55/90)
Em economia usamos muito a voz ativa (eu fiz isso, eu analisei os dados da forma X). Mesmo que vc use voz passiva, não abuse! Se o leitor não conseguir entender se o sujeito da frase com voz passiva é vc, o autorX, o governo, ou o sujeito é indeterminado mesmo, vc falhou. (56/90)
Escrever é prova de resistência. Mas ser pesquisador É ser escritor! Vc só aprende com a prática. É a parte mais importante da sua dissertação depois de encontrar os resultados.

Por último nessa parte, dicas sobre revisão de literatura. (57/90)
Eu não gosto (mas é só preferência) da revisão logo após a introdução. Vc mal disse a que veio e vai escrever 5000 palavras sobre artigos velhos? Prefiro primeiro uma seção sobre o que EU vou fazer e ainda reviso a literatura. Para? (58/90)
Para contextualizar o leitor no que importa e se relaciona ao que vai ser pesquisado. Outra coisa: sei q vc está preocupado com o tamanho do seu trabalho. ESQUEÇA LIMITE DE PALAVRAS! Te garanto que sua dissertação vai ser aprovada, SE! (59/90)
Se estiver abaixo do limite mas bem escrita e fundamentada. Tamanho não é documento! Sem encheção de linguiça, por favor. Sei que dói não colocar a referência do artigo chato de 1938 q vc teve que ler e resumir. Paciência. É um favor ao seu leitor. (60/90)
Resumindo essa parte: vc agora é um escritor, que não deve esconder seus resultados. E deve demonstrar claramente como repetí-los, usando o mínimo de jargão possível, sem enrolação e sem frases longas. E INTEGRANDO referências numa narrativa coerente. (61/90)
Agora, a parte sobre como lidar com orientadores ruins. Os divido em: Gasparzinhos; ultrapassados; narcisistas; gerentes de laboratório; assediadores; e perfeccionistas. Claro que eles podem ser mais de um ao mesmo tempo. Mas antes, observações bem importantes. (62/90)
Depois de ver como acontece fora do Brasil, eu passei a acreditar que seria ótimo tornar mais comum, no Brasil, algo que existe lá fora: o papel de mentor. Hoje, colocamos no orientador (uso masculino mas me refiro a orientador de qualquer gênero) os dois papéis. Ou seja, (63/90)
No Brasil, é comum que um orientador faça orientação E seja mentor ao mesmo tempo. Mas são duas habilidades diferentes! Um mentor é quem nos ajuda a nos planejar no longo prazo e a pesar custos e benefícios de cada decisão de estudos ou carreiras. O orientador não! (64/90)
O papel do orientador é simplesmente auxiliar no processo de construção de pesquisa acadêmica. Só isso. Nada mais. Às vezes, um bom orientador é tb um bom mentor. Muitas vezes não! Um bom mentor, mesmo acadêmico, pode não conhecer nosso tema ou ser bom pesquisador. (65/90)
E um bom orientador pode não ser um bom mentor (ou simplesmente não querer fazer isso – imaginem um orientador que tem 10 orientandos; não é todo mundo que vai querer saber da vida de cada um deles). E olha que pra isso nem preciso entrar na questão da projeção. Ou seja, (66/90)
Entrar na relação pessoal entre orientador e orientando no qual o orientador acaba tendo papel de mãe ou pai. Procure ter um mentor, que nem precisa ser acadêmico! É seu mentor que vai discutir contigo seu futuro, se vc deve aplicar pra universidade X ou Y etc. (67/90)
Ah, mentor não é coach. Não rola dinheiro. Fora do Brasil é parte do trabalho de professor ser mentor de alunos de pós. Vc é mentor de uns e orientador de outros. Às vezes há intersecção. Nem sempre. Mentoria pode ser pra vida inteira (oxalá vc termina a tese algum dia!) (68/90)
Se vc tiver um mentor, tb pode ser que elx vá lhe auxiliar no processo de aprendizado acadêmico (como pescar um problema de pesquisa, qual a diferença entre monografia, dissertação e tese, que matérias vc deve pegar na grade etc). Vc vai poder lidar melhor com orientador (69/90)
Um dos grandes problemas na orientação é equilibrar validação com autonomia. Ou seja, um bom orientador valida cada etapa do processo de pesquisa mas não precisa validar cada página escrita. O alunx, maduro, vai pegar as dicas do orientador e seguir seu trabalho. (70/90)
NÃO é papel do orientador fazer pesquisa bibliográfica para o aluno, entregar a hipótese de pesquisa pronta, ficar checando cada equação ou estimação, te dar feedback o tempo inteiro e ficar te cobrando prazo, etc. Mas tb NÃO é papel do orientador: (71/90)
Forçar vc a fazer pesquisa na área que ele quer, implicar com seu estilo de escrita e reclamar que vc não faz exatamente o que ele “manda”. Claro que vc deve procurar um orientador na sua subárea do conhecimento, mas às vezes isso não é possível. Dito isso: (72/90)
O ideal é uma relação profissional. Mas isso não é a norma. Infelizmente a maior parte das relações entre orientadores e orientados é disfuncional. Não tenho resposta pra tudo, mas pelo menos posso tentar esclarecer o que se fazer nos seguintes casos: (73/90)
Orientador Gasparzinho: vc não consegue marcar reunião, ele não responde email ou não te dá feedback. Esse caso é bastante comum. Como lidar com isso? Buscar ajuda específica com outros professores, continuar entregando os capítulos no prazo e registrar tudo. (74/90)
Na verdade orientador omisso não é tão problemático assim. Antes alguém que te dê liberdade que alguém que te atrapalhe. O q vc não deve fazer é entregar o trabalho completo no final. Nada disso. Entregue o capítulo 1 e registre (via email, por exemplo). Sem feedback? (75/90)
Bola pra frente. Entregue o segundo capítulo e registre. Com feedback de outros professores, quando o trabalho tiver pronto, o Gasparzinho não vai poder te impedir de ir à banca. Vc tem como se proteger. E vc pode até forçar a defesa, mas normalmente nem vai precisar. (76/90)
Mais complicado é o orientador ultrapassado. Aquele que não escreve mais ou não está atualizado. Se vc deixar, vai te atrapalhar pq ele vai insistir q vc use métodos ruins, responda a perguntas triviais ou amplas demais e cite trabalhos velhos. Vc tem que resistir! Como? (77/90)
De novo, vai precisar buscar feedback com outros professores (inclusive fora do programa). Ou então, leia working papers e trabalhos de 2020 da sua área. Se for o caso, replica e estenda para o contexto brasileiro trabalhos recentes. Não cite Foucault ou Keynes. (78/90)
Pior é o orientador narcisista (não somos todos?). Ele vai querer que vc trabalhe somente na área dele, siga a ideologia dele e não cite seus “inimigos”. Não tenha ídolos. Não seja parte de tribo. Vc é cientista. Mas fazer uma tese com esse tipo é difícil. (79/90)
E realmente frustrante é o narcisista ultrapassado. Hj rejeitei um artigo de um deles. Escreve com toda autoridade sobre o mercado de crédito brasileiro citando Keynes e teóricos da década de 60. Não era artigo de história econômica. Tá cheio desse tipo no Brasil. Argh! (80/90)
Não tenho maiores dicas de como lidar com egocêntricos e narcisistas que querem q vc seja uma extensão deles. Nesse caso, o mais importante é o diagnóstico, ou seja, saber q vc tá entrando numa furada. Mude de orientador ou entregue quase tudo pronto. (81/90)
O gerente de laboratório lhe trata como assistente de pesquisa. Dá ordens e espere q vc as siga. Isso até é agradável para alguns. Afinal, vc não precisa pensar. Basta fazer tudo que o orientador mandar. Mas tem uma armadilha: ele vai esperar q vc saiba executar. Pior. (82/90)
Não vai ter paciência de te explicar o q ele quer (vc vai ter que aprender a ler mentes), vai te culpar se os resultados não forem o que ele espera e pode chegar a gritar contigo pq vc não entregou os resultados (DELE!) no prazo que ele quer. Ele pode ser um ditador. (83/90)
O perfeccionista é variante do gerente. Não quer necessariamente q vc faça o q ele quer, mas NADA q vc faça vai estar bom o suficiente. Sempre vai ter um teste a mais de robustez a fazer, uma referência a citar, um livro a ler. Vc nunca vai conseguir acabar o trabalho. (84/90)
Infelizmente, vc vai ter que forçar para defender seu trabalho e vai ter que (mais uma vez) perguntar para colegas ou outros professores se o trabalho atende os requisitos. Tem um lado bom: seu trabalho vai ser muito melhor do que a média. Se vc conseguir defender. (85/90)
Por último, o pior tipo. O sexista, homofóbico ou assediador. Abaixo um comentário que recebi. Infelizmente, não sei o que fazer a não ser trocar de orientador, já que algumas coisas são crime, outras falhas éticas, e muitas falhas morais. Denunciar? (86/90)
Se possível, sim. A rádio corredor tb funciona. Não é espalhar boato, mas avisar colegas acaba espalhando que aquele orientador não é confiável. Não passe pano pra canalha se vc puder passar a informação adiante sem se prejudicar. (87/90)
Desconsiderando casos de polícia, a grande lição é que o processo de aprendizado só tem um dono: você. No fundo, vc vai precisar de autonomia para poder gerenciar o processo sem que o orientador atrapalhe. E pode ser q vc tenha um excelente orientador. (88/90)
E às vezes um orientador muda! Já fui chamado a atenção pq um aluno estava reclamando que eu tinha sumido. Fiquei mais proativo no processo. O aluno precisava de um pouco mais de atenção no início e deslanchou! Orientadores tb são gente (eu acho)! De qqer forma: (89/90)
Sucesso! O Brasil precisa de pesquisadores. E mesmo que vc esteja fazendo uma monografia e não vá virar um, tente usar o tempo para aprender um pouco a fazer pesquisa. Vai que lá na frente vc decide vir pra academia? Habilidades, quanto mais melhor. Bom trabalho. Fin. (90/90)
PS: Divulguem, por favor! Pq peço para divulgar? Pq preciso separar tempo para escrever esses fios, deixando de escrever artigos e livros. Faço com prazer se vcs lerem e compartilharem. Pra escrever para 5 pessoas, volto para artigos técnicos. (Finx2).
@_pinheira @tatiroque @bollemdb @lauraabcarvalho @scharlab @pfnery coloquei um SUPERfio com dicas de orientação que podem interessar à rede de vocês. Falta a parte de manter a saúde mental mas acho que a Rosana já escreveu muito melhor sobre isso. @_pinheira, tem link p te citar?
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