Para 2018, a estratégia da campanha de Bolsonaro consistia em primeiro fazer com que ele fosse o único candidato viável à direita, o que, de cara, o catapultava ao segundo turno.
Por isso os seus influenciadores —vários deles já pagos pelos gabinetes dos filhos— promoviam o linchamento virtual de qualquer pré-candidato mais à direita.
É nítido que Bolsonaro repete a estratégia para 2022. E já teve êxito contra João Doria (que não se distancia do zero na margem de erro das pesquisas) e Wilson Witzel (que já até desistiu).
Nesse sentido, Sergio Moro é uma pedra no sapato. A popularidade do ministro é maior, a intenção de voto em Moro empata na margem de erro.
Com Moro na disputa, Bolsonaro deixa de ser o único candidato viável à direita. E até um segundo turno fica sob risco — afinal, na etapa final, há o histórico da disputa entre dois polos, e não a disputa entre dois membros de um mesmo polo.
Com o combate à corrupção bombardeado pelo Congresso com apoio do próprio Bolsonaro, tem restado a Moro festejar os bons números da segurança pública.
Se o MJSP perde o SP, Moro perderia o principal discurso até aqui.
Se o MJSP perde o SP, Moro perderia o principal discurso até aqui.
Mais do que o aparelhamento da Polícia Federal (que corre o risco de ser comandada por uma indicação de Carlos Bolsonaro que hoje já comanda a ABIN), está em jogo um cálculo eleitoral mirando a reeleição.
Afinal, o gatilho da crise recente não foi o avanço das investigações contra Flávio, mas o bom desempenho de Moro na entrevista ao Roda Viva.
