Quando eu falei do álcool, a verdade era que estava há algum tempo tentando falar sobre outros campos que precisamos melhorar enquanto esquerda. Acho que há boa gente fazendo o debate ideológico, mas e estes mais finos e espirituais, não cabem? A exposição de hj chama reflexão.+
Eu falava que era necessário que entre tantos temas em mesas redondas massantes da esquerda, era necessário debater abuso do álcool. Trata-se de um cuidado com nosso povo, com a militância. Mas não é só. Aspectos ligados à inveja e à vaidade tb precisam de espaço. +
Uma boa quantidade de alianças não existentes e de rachas existentes em organizações estão associadas ao perfil imaturo de dirigentes e pessoas que cuidam pouco de sua jornada espiritual (pode falar psico-emocional se for materialista). Ser dirigente de um grupo de 20 pessoas? +
Pq não temos resolução de reconstrução de unidades dentro do possível em nossos conflitos? Pq até hj campos quase iguais formam organizações diferentes, que competem por militância? Não parece irrazoável? Bom, muitas vezes é por causa da briga pessoal entre dirigentes.+
Qual o sentido de tantas cartas criticando posições de outras organizações e correntes, de agressões via web e etc? Isto fala sobre uma imaturidade e ausência de práticas concretas pelo povo. No trabalho, preciso de companheiros. Quando escrevo, dou ao luxo da solidão crítica. +
Veja, muito disto é fruto da vaidade, da inveja. Eu entendo guerrilheiros do século XX serem brutos, afinal estavam matando pessoas para libertar o povo. Mas como entender a brutalidade do dirigente sindicalista que fica no ar condicionado? Ou do partidário que tem assessorias? +
Muitos companheiros falam idolatrando dirigentes, influencers de esquerda, políticos e autores pq, no fundo, gostaria de estar naquela posição sendo bajulado. É um espelho. Poucos de nós estão se doando como Che ou Lenin, vivendo como Amílcar. Mas queremos seus prestígios. +
Tem treta que arrumamos com gente que é mais seguida ou com organização que tem mais trajetória de luta porque, fundamentalmente, as invejamos. O capítulo do José Ingenieros segue importantíssimo para leitura e não importa muito a posição política dele. +
consciencia.org/a-inveja-capit…
consciencia.org/a-inveja-capit…
Estas coisas atrapalham do ponto de vista prático mesmo. Agora estamos diante de um @ com 13k de seguidores exposto por assédio. Um trabalho didático de conceitos que irá se perder por pura cretinice, falta de maturidade, machismo, desequilíbrio no comportamento dele. +
Isso é coisa de internet? Não! Há dirigentes assim. Há muitas histórias de erros, vacilos e... de superação também. Com isso quero chamar atenção para algo importante: dar mais valor e atenção aos coroas, aos mais velhos da luta. Ali há idas e vindas que nos ajudam a equilibrar.+
Porque na luta há que ter muitos equilíbrio. Saúde, tempo, dinheiro, cuidado com a família e amigos, saúde novamente. E os mais velhos passaram pela turbulência e sabem como nos ajudar. Eu destacaria, sobretudo, a sabedoria indígena e preta. Eles não tem tantos seguidores. +
A vaidade é algo que corrói. É gente contando quantos likes, outros quantos votos teve, outras se é amiga de fulano conhecido. Tudo isso trava na luta. Pq vc fica mais áspera com aquele que está "disputando" espaço consigo. É a intriga banal que corre nos movimentos. +
Tudo isso precisa ser enfrentado no sentido de uma educação para o autocuidado. Saber o conceito de dialética é legal, mas mais importante é se reeducar para lidar com as companheiras ou mesmo reconhecer-se invejando, empavoando-se politicamente. Se conceito virasse jogo.. aff +
Isto é autocuidado. Serve para luta, para o dia a dia, para casa, para tudo. Só que a gente num pode ficar perdendo gente porque começa a ver vacilo comportamental na esquerda. A gente precisa construir bons exemplos. E os temos. Sobretudo no campo descolonial. +
Por fim, sigo acreditando que as coisas finas e espirituais precisam ter lugar na luta. Um terreiro ou um toré carregam sabedorias que, uma vez usadas por nós, transformariam nossa ação concreta e nos ajudariam no cuidado com nosso povo. Isso não é moralismo. É real.
