O que este surto de coronavírus tem de parecido ou diferente com outros? Por que é mais preocupante? Por que um isolamento tão agressivo? Segue outro fio. (1/13)
O primeiro surto que sabemos foi a Síndrome Respiratória Aguda (SARS) em 2002-03, na China. Um surto de casos de pneumonia de origem desconhecida que demoraram meses para reconhecer e notificar o mundo que estava acontecendo. (2/13)
No caso desse coronavírus, a maioria das pessoas passava o vírus para 1 ou 2, mais fácil de conter. E algumas passavam para muitos (8 ou mais), principalmente em hospitais. Os superespalhadores. (3/13)
Superespalhadores foram terríveis pros profissionais de saúde, muitos morreram. Mas ao mesmo tempo tornavam os casos mais notáveis, mais fáceis de rastrear e isolar. Por isso é complicado falar em quantas pessoas o vírus infecta, pode variar muito. (4/13)
Apesar da China ter negado por 3 meses o problema, ainda deu tempo de conter a SARS. Como a maioria dos casos de transmissão eram limitados, as pessoas tinham sintomas claros e a ação foi rápida, o surto foi contido. (5/13)
Descobrimos o provável vírus de origem em morcegos, de lá deve ter saltado para civetas, delas para humanos. A China baniu/suprimiu a criação e a venda de carne de civeta e nunca mais tiveram um caso conhecido do Coronavírus SARS. (6/13)
O segundo surto de coronavírus de certa forma ainda acontece. É a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS). Um vírus de morcegos, mas que circula em dromedários. Passa de dromedários para quem cuida e até quem consome leite deles não pasteurizado. (7/13)
Foi identificado pela primeira vez em 2012 na Arábia Saudita (80% dos casos acontecem lá) e causa pneumonia e diarréia. Circula bem pouco entre as pessoas, a maioria dos casos são de tratadores e para os profissionais de saúde que cuidam deles. Por isso é menos conhecido. (8/13)
Parar com a criação de dromedários é bem mais difícil, dada a cultura desse animal como mão de obra, corrida e fonte de alimento. A Arábia Saudita continua tendo casos, até dezembro de 2019 foram quase 2500. (9/13) who.int/emergencies/me…
O surto atual é mais preocupante. Vamos atingir o número de caso do surto todo da SARS em 1 mês. Registramos transmissão entre humanos e pessoas sem sintomas (são mais difíceis de rastrear). E superespalhadores não parecem ser tão importantes. (10/13) thelancet.com/journals/lance…
Quanto mais o vírus circula entre pessoas, mais chances ele tem de variantes que espalham melhor surgirem. Com a densidade de pessoas e a facilidade de transporte, a China está apostando agressivamente na contenção agora, enquanto é BEM mais fácil. (11/13)
Aprenderam com a SARS, comunicaram os casos cedo e estão agindo bem mais rápido. Chegar no ponto onde muitos não desenvolvem sintomas, seria bem mais difícil. Coronavírus matam principalmente idosos. Jovens infectados sem sintomas e idosos vulneráveis seria um pesadelo. (12/13)
Falo bem mais da transmissão do que sintomas e saúde porque me especializei em evolução viral e estudei bem mais a circulação deles (HIV, Hepatite C, Ebola, etc.) do que o que causam nas pessoas. (13/13)
