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Fio importante! Existe uma grande diferença salarial entre homens e mulheres. Não há só uma razão para isso. Mas uma variável importante é o fato de que empresas levam em conta a licença-maternidade na probabilidade de contratação e promoção. (1/n)
www1.folha.uol.com.br/colunas/rodrig…
Mulheres não somente têm que lidar com a dupla jornada mas também veem suas carreiras prejudicadas. Embora o Estado pague pela licença, as empresas têm dois custos indiretos: (2/n)
Contratar alguém temporariamente, que provavelmente será menos produtivo, e o capital de giro, pois a empresa primeiro paga o salário e só depois é reembolsada pelo INSS. Nosso modelo de licença-maternidade é excelente em termos de garantia de emprego e salário integral. (3/n)
Na Dinamarca, o período de licença é de até um ano, no qual os quatro primeiros meses são exclusivos das mulheres e os oito meses seguintes são divididos pelo casal como lhes convier. Mas isso gera problemas. (4/n)
Na maior parte dos casos as mulheres ficam em casa quase o ano inteiro de licença. É grande a discriminação no mercado de trabalho, a ponto de uma aluna me dizer que estava ponderando dizer explicitamente que não quer ter filhos em entrevistas de emprego. (5/n)
O modelo sueco é melhor. Lá, mães e pais têm direito a 480 dias de licença e são encorajados a dividi-los igualmente (para uma mãe solteira, toda a licença vai para ela). Os pais podem tirar a licença em qualquer período até os filhos completarem sete anos. (6/n)
Mas o Estado paga somente 80% do salário dos pais no período de licença. Desenhar um sistema ideal significa combinar os objetivos de cinco entidades: governo, empresas, pais, mães e filhos. Não é fácil, mas dá para fazer. (7/n)
Uma das vantagens de estar numa universidade internacional é ter acesso a uma rede de colegas que vai de Prêmios Nobel até estrelas em ascensão no mundo acadêmico. Uma dessas novas estrelas é Christina Jenq, (8/n)
Ela é doutora pela Universidade de Chicago e especialista em mercado de trabalho e dinâmicas de gênero. Em várias conversas e com base em vários artigos, concluímos que: (9/n)
O melhor sistema para o Brasil seria o de manter a licença-maternidade como é hoje e criar uma licença obrigatória para os pais, de cerca de três ou quatro meses, após o período a que a mãe tem direito acabar. (10/n)
Claro que essa proposta traz custos e riscos. Aumenta o custo direto do governo e o indireto para as empresas. Isso também só funcionaria se os pais realmente aprendessem a cuidar dos seus filhos, dando a atenção necessária para eles. (11/n)
E ainda precisaríamos levar em conta a situação das mães soleiras. Mas não há mudança social sem custos. No fim das contas, essa proposta traria benefícios como a diminuição da discriminação salarial entre homens e mulheres. (12/n)
Isso igualaria os custos indiretos para as empresas, e o aumento da renda permanente de longo prazo das mulheres, mães ou não. (13/n)
Além, disso, ajudaria a mudar as normas sociais, tornando homens solidários na criação dos seus filhos. (14/n)
Isso melhoraria o desenvolvimento das crianças, pois todos os estudos sobre educação mostram que, para o desenvolvimento infantil, nada é melhor que a atenção dos pais, especialmente no início da vida. (15/n)
As mães poderiam voltar ao mercado de trabalho mais tranquilas, sem precisar recorrer a creches e ao resto da família, pelo menos pelos três meses seguintes ao final das suas licenças. (16/n)
Gostamos de olhar a Escandinávia como modelo de sociedade. Nesse caso, podemos fazer até melhor. Fin.
@julianarosa_ aqui o fio sobre uma coluna que escrevi com uma economista de primeira, Christina Jenq (infelizmente, ela não está no twitter). Tb deve interessar à @_pinheira @tatiroque @lauraabcarvalho @goescarlos @dannielduque. É uma proposta que se baseia em melhores práticas.
@julianarosa_ @_pinheira @tatiroque @lauraabcarvalho @goescarlos @dannielduque E, como sempre, sou chato em pedir que me sigam pq meu objetivo é disseminar informação e análise de boa qualidade com fontes de primeira. E mesmo que o leitor discorde, meus fios servem para que todos parem para pensar. Discordar ok, mas faltam argumentos sólidos no nosso debate
@julianarosa_ @_pinheira @tatiroque @lauraabcarvalho @goescarlos @dannielduque @rosana, @bollemdb e @MonicaWaldvogel, não sei se vcs se interessam por políticas ótimas de licenças maternidade e paternidade para diminuir o gap salarial entre homens e mulheres, mas esse fio resume as melhores práticas.
@julianarosa_ @_pinheira @tatiroque @lauraabcarvalho @goescarlos @dannielduque @rosana @bollemdb @MonicaWaldvogel PS: Uma anedota: ex-aluno minha finge ser lésbica em entrevistas de emprego na Dinamarca. Ela faz isso pq não há realmente muita discriminação contra homossexuais no mercado de trabalho dinamarquês. Mas há muita discriminação contra mulheres que podem engravidar. Pq ela faz isso?
@julianarosa_ @_pinheira @tatiroque @lauraabcarvalho @goescarlos @dannielduque @rosana @bollemdb @MonicaWaldvogel Pq empregadores associam, mesmo que inconscientemente, ela "ser" lésbica com menor probabilidade de engravidar. Assim, esse fingimento é simplesmente uma tentativa dela de ser tão competitiva quanto um homem com as mesmas qualificações. Surreal, não?
@julianarosa_ @_pinheira @tatiroque @lauraabcarvalho @goescarlos @dannielduque @rosana @bollemdb @MonicaWaldvogel PS2: se discordar da proposta e quiser debater, venha com argumentos, por favor, e não c/ ideologia rasteira. Explico com prazer como desenhamos redução de custos para a sociedade p/ atingir os seus imensos benefícios potenciais. Claro que tem riscos! Mas dá p/ minimizá-los.
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