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"Agora que os juros estão na mínima histórica de 4,25%, inflação ~3,50% e a dívida está se estabilizando, o BRASIL vai decolar".

Quem acha isso SUFICIENTE talvez não saiba que, em 2002, o México passou pelo mesmo processo que o Brasil está passando. E NÃO DECOLOU...

Por que?
Por volta de 2002, o México daquela época era muito parecido com o Brasil de hoje.

O país diminuiu sua dívida externa, reduziu a inflação de 130% ao ano para para 4% e a taxa de juros, que estava em mais de 25% em 1997, caiu para 3%.

Com isso o risco-país despencou.
Muita gente achou que isso era o suficiente: "nem Deus para a economia mexicana".

O problema era que o México era um país confuso e atrapalhado, sem consenso sobre as prioridades e entregue a diversos grupos de interesse.

Isso refletia em um congresso extremamente dividido.
Resultado: deixou-se de lado todas as reformas para aumentar a produtividade do país.

- A reforma tributária não avançou.
- O regime da PEMEX (Petrobrás mexicana), para atrair investimentos, não passou.
- As distorções setoriais não diminuíram.
O resultado é, ASSIM COMO O BRASIL, um crescimento medíocre: De 2002 a 2017, o México cresceu aproximadamente 2,0%.

Sendo que - ASSIM COMO O BRASIL - parte desse crescimento é simplesmente mais gente entrando no mercado de trabalho.
Desde 1980, ASSIM COMO O BRASIL, a produtividade do México não aumenta. Hoje, é a mesma de 4 décadas atrás.

E se em 1980, um mexicano tinha 45% da renda americana, em 2019, esse valor caiu para 35%. O México que já era mais pobre que os Estados Unidos, ficou mais pobre ainda.
Isso nos ensina algumas lições.

Assim como no México, o Brasil tem tido avanços significativos e dificuldades nas reformas.

Juros de ~4%. Inflação abaixo da meta (4,25%), menor a dívida externa e menor risco país. Mas faltam as reformas da produtividade.
Sem falar que essa ideia de que basta reduzir os juros e controlar inflação pro país decolar era exatamente a mesma ideia da Nova Matriz Macroeconômica de Dilma.

A diferença é que eles fizeram aquilo na marra e de maneira não-sustentável. Mas a concepção não é muito diferente.
Dito isso. Precisamos de:

- Abertura comercial para dar produtividade.
- Reforma tributária para simplificar esse sistema complexo.
- Melhorar ambiente de negócios para facilitar abertura de empresas.
- Reduzir distorções setoriais que protegem setores ineficientes.
Hoje em dia, essa agenda de reformas nem é mais tão novidades assim. Todo mundo meio que sabe o que precisa ser feito.

E por que demora para avançar?

Porque falta consenso sobre as prioridades dos gastos públicos no país. Onde se gasta em tudo, nada é racionado...
Apesar desse "Novo Brasil", se não fizer as reformas necessárias, a economia brasileira vai sofrer a Mexicanização da Economia.

O Termo foi criado por Ilan Goldfajn em 2006, quando era Diretor do Banco Central.
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