Por que a luta do ecossocialismo precisa apoiar greves como a greve dos petroleiros?
Leia o fio:
Leia o fio:
1. Às vezes, porque nós ecossocialistas estamos sempre pautando a necessidade urgente de transição da matriz energética, o que inclui moratória para novas explorações e investimento pesado em alternativas, as pessoas acham que a Petrobrás não nos interessa. Mas interessa muito.
2. Embora haja bastante investimento privado em energia renovável, o investimento público é aquele com real capacidade dealterar a matriz energética (Quando digo alterar, isso implica em mais investimento em renovável que energia suja e não seguir investindo pesadamente em ambas)
3. Entendendo o papel do público nisso, sabemos que nossa possibilidade de direcionar a Petrobrás para o investimento em novas tecnologias e coordenar sua transição junto a medidas nacionais depende de uma Petrobrás brasileira, pública e no controle dos trabalhadores.
4. Os trabalhadores da Petrobrás estão em greve há 13 dias. São 20 mil petroleiros em greve. 108 unidades paralisadas. A Petrobrás tenta classificar a greve como ilegal e jogar a população contra os petroleiros. Ameaçam cortar ponto e tentam contratar temporários.
5. Enquanto isso, alguns sindicatos tem ajustado o preço do gás e da gasolina, demonstrando como a política de preços da Petrobrás atual não interessa à população nem mesmo aos trabalhadores da companhia. Das 15 refinarias da Petrobrás, 8 estão em processo de venda.
6. Os petroleiros exigem retomada de acordos coletivos, readmissão dos companheiros da Fafen, e uma nova política de produção de combustíveis de interesse nacional. Essas são demandas justas e devem ser apoiadas, mesmo que nós ecossocialistas discordemos de um ponto. (Veja o 7)
7. Os petroleiros argumentam que o pré-sal dará autonomia de 100 anos de consumo para o Brasil e que a política atual desmonta nossa indústria a favor dos interesses estrangeiro. Tudo isso é verdade. Porém, não temos o luxo de colocar mais 100 anos de CO2 assim na atmosfera.
8. O que entendemos, é que dialogando com os trabalhadores, será possível reestruturar o modelo de produção da Petrobrás rumo à transição, garantindo também a transição desses empregos do setor de óleo e gás. Já com o petróleo e gestão com interesses privados, a batalha se perde.
9. Os petroleiros pensam uma Petrobrás para 100 anos e nós uma Solarbrás ou algo assim. Mas uma coisa não se opõe a outra quando a gestão de trabalhadores e a transição energética andam de mãos dadas. É o mesmo interesse: bons empregos e soberania energética. Só muda o modelo.
10. Por isso, devemos apoiar firmemente a greve dos petroleiros que está em curso, fortalecer seu poder de decisão como trabalhadores, enquanto dialogamos sobre as alternativas tecnológicas, de treinamento e as garantias de emprego para um Acordo Verde nos moldes brasileiros.
