A dinâmica de um gabinete de deputado/a resulta em discursos distantes da realidade do grande número de eleitores. No dia em que Bolsonaro falou o absurdo sobre a jornalista da Folha, a principal notícia do mundo real foi a fila de 3,5 milhões de pessoas do bolsa-família.
Os discursos dos deputados de esquerda na Câmara foram mais sobre o episódio da Patrícia Campos Mello do que sobre o bolsa-família. Motivo: o deputado entre no gabinete e pergunta para seus assessores de classe média: "o que está acontecendo". Aí eles relatam a grosseria de
Bolsonaro. Não há nenhum assessor que tenha vindo de um bolsão de pobreza do interior do Nordeste ou das periferias das grandes cidades. Esse elitismo no discurso de deputados/as é resultado de nossa imensa desigualdade social. São undos muito separados e distantes.
