O crash da Bolsa de hoje: ele iria acontecer, mais cedo ou mais tarde, uma vez que os preços das ações brasileiras subiu muito baseado na expectativa da Bolsonomics vingar. É claro, isso não tinha vínculo com a realidade, mas agora vai atingir o nosso bolso (1/10).
Nos útlimos anos, Meirelles, sob Temer, e Guedes, sob Bolsonaro, *foram obrigados a baixar a taxa de juros*, pois o endividamento de famílias, empresas e pessoas estava muito alto e a política de juros e câmbio de Trump permitia isso: Trump desvalorizou o dólar (2/10).
Para os iniciantes, um aviso: desde que Nixon substituiu o ouro pelo petróleo como referencial do preço do dólar nos anos 1970, existe uma gangorra na qual petróleo barato é sinônimo de dólar alto e, por conseguinte, petróleo caro é dólar mais baixo (3/10).
Trump desvalorizou a própria moeda (com juros baixos) e valorizou o petróleo com sua política contra o Irã e pela paz na Síria, cujo objetivo era menos oferta no mundo. Além de ajudar exportações, mirava a China, prejudicando seu comércio e encarecendo sua energia (4/10).
Isso ajudou o Brasil, pois valorizou as nossas commodities (seja produtos agropecuários ou minérios, que sobem junto do petróleo) sem pressão inflacionária. Mas Temer e Bolso são governos para fazer a alta finança ganhar mais dinheiro não "para fazer a economia bombar" (5/10).
A questão é que eles só desarmaram a bomba relógio do endividamento e direcionaram os fundos não para a produção, mas para o rentismo da Bolsa. De concreto, só os cortes em direitos trabalhistas, sociais e ambientais como forma de reduzir custos do capital (6/10).
Esses cortes, é óbvio, só geram um efeito perverso de melhoria por queda de custos, pois eles comprimem o mercado interno de variadas formas. No plano externo, o Brasil foi acertado por uma guerra comercial travada por Trump (7/10).
Trump até criou um cenário economicamente possível, mas politicamente a guerra comercial acertou o eixo da estabilidade mundial. E para colaborar, Ernesto Araújo nas relações exteriores só fala besteira e fechou portas pro Brasil (8/10).
A bomba de ontem foram sauditas mantendo a produção de petróleo, mesmo diante da queda da demanda chinesa pelo coronavírus, para pressionar os russos, que dobraram a aposta e mantiveram sua produção. Ainda não sabemos a real causa disso, mas isso acerta o Brasil (9/10).
O real vai perder valor pelos nossos problemas e porque o dólar, em si, ganhou. E a fantasia da bolsa vai vir à tona. Num primeiro momento, teremos mais inflação e depois darão um choque amargo de juros, que é a medida mais simples e rentável de responder a isso (10/10).
P.S. (ou 11/10): Não dá para saber a extensão da quebradeira ainda. Mas muita gente relativamente graúda vai perder dinheiro e ficar brava. É claro: os custos gerais serão, como sempre, jogados sobre os mais pobres, que vão arcar com carestia, desemprego e menos salários ainda.
P.S. do B. (ou 12/10): Se as chances de Trump eram politicamente ruins para se reeleger (desaprovação acima dos 50%), agora com a Trumponomics fazendo água, elas pioram. Mas o establishment democrata só tem a oferecer mais distopia.
P.S. do B. 2 (ou 13/10): é óbvio que a saída para o Brasil não seria essa. Mas agora qualquer governo sério teria dificuldades para lidar com a pontada inflacionária de um lado e a necessidade de cobrir perdas e estimular a economia do outro. O governo Bolsonaro não é sério.
